‘Multiversus’ traz um jogo sólido e divertido para todos os jogadores
Felipe de Andrade
Não há como negar que a franquia Super Smash Bros. da gigante japonesa Nintendo é um tremendo sucesso. Todo jogo lançado para seus consoles rapidamente pairam entre os títulos mais vendidos do ano. Além disso, vários jogadores disputam partidas oficiais em torneios mundo afora.
Outros jogos no mesmo molde
Como “nesse mundo nada se cria, tudo se copia”, vários clones apareceram ao longo dos anos. Para citar os mais conhecidos, temos os fracos ou medianos: Digimon Rumble Arena; Battle Stadium D.O.N. (que mistura Dragon Ball Z, One Piece e Naruto); Nickelodeon All-Star Brawl (com Bob Esponja, Tartarugas Ninja, Aang de Avatar); Kung Fu Panda: Confronto de Lendas. Até mesmo a Sony ganhou um clone para chamar de seu com PlayStation All-Star Battle Royale. Neste último é possível sair na mão com protagonistas de jogos exclusivos como Kratos, Nathan Drake, Sackboy e mais uma galera. Este jogo elevou um pouco o nível de qualidade, mas não chegou a gerar um hype muito grande e caiu no lembro de esquecimento.
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Podemos dizer que o clone lançado pela Ubisoft, chamado Brawlhalla, é o único que se manteve vivo até hoje. Inicialmente composto por guerreiros inspirados na Mitologia Nórdica, sua Galeria de personagens é constantemente atualizada com participações especiais e crossovers, onde podemos citar Assassin’s Creed, Street Fighter, G. I. Joe, The Walking Dead, e por aí vai.
E agora vamos ao que interessa, depois de um pouco de história contextualização. A WB games acaba de lançar (ainda em versão beta) a sua versão de jogo de luta “tipo Smash Bros”. Desenvolvido pela Player First Games, Multiversus é o primeiro jogo do estúdio e mistura personagens de vários universos e mídias pertencentes a gigante do entretenimento Warner Bros.
Os personagens do Multiversus
O elenco é composto por personagens queridos do grande público e ,não importando a sua idade, será fácil reconhecer a maioria dos lutadores. Salsicha e Velma de Scooby-Doo; Batman, Superman, Mulher-Maravilha e Arlequina da DC Comics; Taz e Pernalonga de Looney Toons; Finn e Jake de Hora de Aventura; Arya Stark de Game of Thrones; Garnet e Steven Universe do seu próprio desenho; assim como Tom e Jerry e O Gigante de Ferro saídos das clássicas animações mesmo nome.
A personagem original estreante é a Cachorrena, que o próprio nome já entrega, é uma mistura de cachorro com rena e ela é dotada de poderes místicos. E por último e não menos importante, temos LeBron James direto do filme Space Jam: Um Novo Legado. Lançado no dia 26 de julho juntamente com a estreia do beta aberto e mesmo dia de criação deste review, LeBron ostenta duas jogabilidades distintas. A primeira com a bola de basquete em posse e a segunda com as mãos nuas. Isso permiet o uso de estratégias de batalha diferentes em cada situação, assim ele demanda mais treino do que com os outros personagens.
Disputas acirradas
O gameplay é relativamente simples, contendo botões de comandos básicos como ataque, especial, pulo e esquiva. Estes comandos são os mesmos para todos os personagens, mas o diferencial está em como cada um reage ao toque dos botões, e se estão sendo usados juntamente com o direcional esquerdo, aumentando o leque de ataques, combos e habilidades únicas de cada personagem.
Aqui o objetivo é descer o braço nos lutadores adversários até que eles caírem do cenário. Independente se forem bots da máquina; jogadores reais jogando offline do nosso lado ou através da internet fazendo uso de cross-plataform. Isso garante partidas que misturam usuários de PC, PlayStation e Xbox em batalhas incríveis através da rede. Apesar de parecer fácil vencer uma partida as coisas não são bem assim. Até porque conforme adquirimos a experiência após cada batalha novas estratégias acabam surgindo e mais difícil se torna vencer e ser vencido. Isso gera revanches eternas em disputas acirradíssimas contra os adversários.
O controle dos personagens em Multiversus é igual ao de um jogo padrão de plataforma em segunda pessoa. É possível andar, pular e até voar para qualquer lado durante a luta. Não existe a necessidade de ficar cara a cara com o oponente durante a partida inteira, como acontece em jogos de luta tradicionais. Como se não bastasse o medo de cair da plataforma, ainda existe um segundo ponto de atenção. Ele é um tipo de campo de força ao redor da fase que diminui gradativamente durante a partida reduzindo o espaço aéreo disponível, e caso encoste nesse limite o lutador perde uma vida.
Diversas opções
No menu principal é possível partir para uma luta com um toque de um botão, mas também há mais opções disponíveis. O Laboratório, onde podemos realizar treinamentos livres; Jogo Personalizado, onde nós definimos os aspectos da luta antecipadamente; Tutoriais para aperfeiçoar comandos básicos e avançados, ficando por dentro do que o jogo oferece no quesito jogabilidade.
Ao clicar na opção Lutar, somos direcionados para uma tela com quatro modos de jogo: 1 VS 1, Equipes, Cooperativo VS I.A., e TCT. Em 1 VS 1, como o nome já diz, coloca dois lutadores em embate direto até restar apenas um deles na arena. Equipes é o principal modo de Multiversus, com lutas entre duplas que podem criar estratégias de batalha ao combinar habilidades cooperativas para derrotar seus oponentes; em Coop VS I.A., jogamos partidas amistosas contra bots da máquina com um amigo; e temos o TCT, famoso todos contra todos, onde a pancadaria come solta e somente o mais forte, ou mais esperto, sobrevive no final. Este último, em suma, tende a ser o modo mais divertido ou o mais estressante, tudo depende das suas habilidades no jogo.
O netcode utilizado funciona muito bem ao gerar partidas online, para um teste beta. Posso contar em uma mão as vezes que tive problemas com delay, queda de partida, assim como demora para encontrar jogadores e coisas do tipo. Durante a grande maioria do tempo consegui jogar sem perder a imersão, e pude me concentrar apenas na diversão com o jogo garante.
Poucos bugs
Observei poucos bugs que me atrapalhassem a jogatina. O primeiro é um dos mais comentados da internet, a queda na taxa de quadros na tela inicial. Rolou esse efeito uma ou duas vezes apenas e só tive que esperar alguns minutos e tudo voltou ao normal. Outro está na seção Tutoriais Avançados, na penúltima opção, onde o comando que é solicitado pelo jogo não é aceito para concluir o tutorial, e uma terceira observação é que alguns personagens de outros jogadores bugavam e morriam instantaneamente sem que os mesmos tivessem desconectado do jogo, me garantindo a vitória da partida.
Tanto para sanar esses erros, quanto para manter o título vivo pelo maior tempo possível, será essencial o suporte constante da desenvolvedora, incluindo mais conteúdo ao jogo para que seu hype se mantenha por mais tempo. Um modo história cairia muito bem aqui, devido ao carisma dos personagens atrelado à grande nostalgia. É necessário inserir novas fases (existem apenas seis atualmente, com poucas variações), assim como novos personagens, porque somam somente 17, já incluindo o novato LeBron James. Além da chegada de Rick e Morty, possivelmente em agosto, rumores apontam para diversos personagens que chegarão em um futuro próximo, como o Coringa, Marvin – o Marciano, Scooby-Doo, Godzilla, Daenerys e Sandor Clegane de Game of Thrones, dentre vários outros.
Moeda premium
A compra de itens, personagens e recompensas podem ser feitas e através de ouro, moeda in game que pode ser ganha apenas jogando. Há três formas de acumular ouro. Após as lutas; ao completar missões ou desafios e ao realizar um brinde; que nada mais é do que uma forma de comemorar com outros jogadores dando ouro para eles e também recebendo de volta da mesma forma. E temos segunda e mais rápida forma de economia é comprando Gleamiuns. Esta é a moeda premium de Multiversus; adquirida com o dinheiro real na loja online do jogo e principal forma de renda para o estúdio.
O visual cartunesco consegue combinar com todos os lutadores garantindo um visual agradável a todos eles. Nem mesmo Arya Stark, personagem de uma mídia original em live action, fica deslocada do restante do elenco, e é retratada de forma fiel, mesmo que animada. Os cenários são OK, mas nada que chame muita atenção, com os destaques ficando com a Batcaverna, que toca uma versão modificada do tema da série animada do Batman dos anos 90, e o recém lançado cenário Crômulon, de Rick e Morty, onde os personagens cantam o Hit “Fica Tranquileba” na segunda temporada da animação, mas que aqui também toca uma versão da música de abertura dos episódios.
Dublagem em português
O jogo é completamente localizado para o nosso idioma, o que torna mais acessível para os jogadores de todas as idades, com as frases de efeito ditas pelos personagens (exceto a Cachorrena e a dupla Tom e Jerry, que não falam) podendo ser ouvida a todo momento. Outra forma de apreciar a dublagem é através dos pacotes de Narrador, onde quem passa a narrar as partidas é um dos lutadores. Algumas vozes conhecidas estão presentes, como Guilherme Briggs novamente no papel de Superman por exemplo. As músicas e efeitos sonoros também remetem às suas produções de origem, trazendo ainda mais familiaridade para seus fãs de longa data.
Este game não pode agradar a todos os fãs de jogos de luta. No entanto, vai encontrar seu nicho em nerds, nostálgicos e apreciadores da cultura pop, mesmo restritos ao universos da Warner Bros. E podemos dizer que os apreciadores de Super Smash Bros. encontraram um oponente a altura.
Multiversus – Veredito
Multiversus tem a missão de trazer um jogo sólido e divertido para todos os jogadores, sejam eles esporádicos ou profissionais, e cumpre seu papel com folga. Ainda assim, carece de atualizações com balanceamento entre os personagens e liberação de mais conteúdo constantemente para manter o interesse no título, não podendo se apoiar apenas no fato de ser free-to-play e no carisma dos personagens serem garantia de sucesso.
Por fim, não deixe de acompanhar o UltraCast, o podcast do Ultraverso:
Prós
- Diversão garantida
- Alto fator replay
- Netcode competente
- Personagens carismáticos
- Atualização constante
Contras
- Pouco conteúdo
- Falta um modo história
- Repetitivo com o tempo