‘Need for Speed: Unbound’ é um dos melhores títulos da franquia
Felipe de Andrade
A série “Need for Speed” é uma das mais clássicas existentes no mundo dos games. Muito antes de “God of War”, “Assassin’s Creed” e “Call of Duty” caírem no gosto da galera gamer, eu lembro que já jogava “Need for Speed” no PC e PS One, e achava que era muito bom para a época, há mais de 20 anos.
De lá para cá a franquia não viveu somente de sucessos, é verdade, mas nunca perdeu a importância dentro da indústria como uma das maiores franquias de corridas de carros arcade de todos os tempos. Agora, após alguns tropeços, e uma recepção morna para “Heat”, o jogo anterior, a EA tenta sua redenção com Need for Speed: Ubound (em jogo testado para PS5), com a pretensão de que este seja seu melhor jogo da série, ou, pelo menos, conseguir marcar uma nova geração da mesma forma que “Need for Speed Underground” 1 e 2 fizeram anos atrás.
Ao fazer uso de “Heat” como base a Criterion (o famoso estúdio responsável pelos incríveis jogos da franquia “Burnout”) expande tudo o que foi criado antes para construir um produto inovador e ao mesmo tempo familiar, o que pode vai agradar jogadores de gerações diferentes.
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História
Assim como acontece com diversos jogos de corrida dentro ou fora da franquia, a história não é o ponto forte aqui. Ela é relativamente curta, cheia de clichês e está ali para amarrar os eventos da campanha principal. Entretanto, não posso dizer que é ruim, já que consegue divertir com bons diálogos, diversas referências, personagens carismáticos, boas atuações e até instiga aquela vontade de disputar mais corridas para ver quem ganha no final.
Need for Speed: Unbound começa com uma dupla de amigos formada pelo nosso personagem e sua parceira corrida que querem correr e ganhar dinheiro com isso. Para tal buscam suporte na oficina do Rydell, o irmão mais velho dela, onde restauram e preparam um carro antigo para participar de corridas ilegais e tentar fazer carreira nas ruas da cidade de Lakeshore. Tudo parecia bem até que alguns acontecimentos nos levam a perder nosso carro, assim como todos os outros que estavam na oficina.
Trailer de Need for Speed: Unbound, de PS5
Dois anos depois, com o nosso personagem ainda trabalhando na quase falida oficina do Rydell, uma coincidência traz a chance de que precisávamos parar recuperar o carro, o nosso nome no circuito das corridas e, de quebra, participar de um grande evento organizado por uma antiga amizade.
Este grande evento é a campanha em si e tem duração de um mês dentro do jogo, com quatro semanas contendo corridas menores nos dias úteis e uma classificatória rolando ao sábado, com o último final de semana trazendo a final onde o campeão será definido.
Problema de balanceamento
Desde o início, é possível perceber que existe um problema de balanceamento aqui, pois não importa com qual carro estamos correndo, ou se estamos a 150 ou 200 km por hora. A máquina fará de tudo para que não consigamos ganhar as corridas. É provável que alguma atualização venha acertar essa IA, mas como o próprio estúdio já falou que este jogo foi feito visando mais dificuldade, gerando disputas de alto nível no processo, acho mais fácil acostumar chegar menos vezes em primeiro lugar.
Todos os dias são divididos em duas partes, com corridas e eventos possuindo dificuldades diferentes. De manhã, as corridas são mais tranquilas e geram menos visibilidade para a polícia, e, por consequência, os prêmios também são menores. Já a noite é quando o jogo mostra a que veio, com corridas mais difíceis, mais grana e com a polícia aparecendo de surpresa tentando acabar com a festa perseguindo e prendendo os participantes.
Níveis diferentes de alerta para a polícia
No melhor estilo “GTA”, existem cinco níveis diferentes de alerta para a polícia, com o primeiro gerando um comunicado e perseguições leves com uma ou duas viaturas no nosso encalço. Conforme o nível aumenta, a dificuldade da perseguição também piora e, caso chegue a cinco, teremos carros de alta performance, helicópteros e até bloqueios podem aparecer para tentar nos parar. Se formos pegos, todo o dinheiro que não foi transferido para o banco é perdido. Então, já fica a dica não andar com grana demais em mãos sem necessidade.
Todo cuidado para não perder sua verba é justificável com a necessidade de pagar uma taxa para participar de ocorridas durante a campanha. Essas são corridas que podem gerar bons ganhos, dependendo da posição que terminamos. Quanto mais alta a colocação, maiores serão os lucros. E temos também os eventos de alto risco, onde participamos de corridas mais difíceis visando apenas o topo do pódio, mas que garantem grandes recompensas.
Categorias específicas
Muitas das corridas podem ser acessadas com qualquer carro, mas várias delas exigem uma categoria específica. Elas se dividem em B, A, A+ S e S+, e fazem com que seja necessário possuir um carro de cada, nos obrigando a investir mais e mais grana em veículos diferentes para personalizar e elevar o nível de desempenho de cada um, comprando peças mais eficazes a todo momento possível.
Nosso piloto não fica de fora e também pode ter seu visual personalizado. É possível comprar casacos e jaquetas, camisas e camisetas, calças e bermudas, calçados chapéus e bonés de marcas conhecidas como Puma, Vans, Fila, Versace entre outros. Lembrando que são apenas itens cosméticos, e que o dinheiro pode ser mais bem aproveitado nos carros devido à dificuldade de conseguir a grana.
Pensando nisso – e no fato de que os jogadores pudessem participar de uma mesma corrida por diversas vezes até conseguir o melhor resultado possível, e, consequentemente, o maior volume de dinheiro -, os desenvolvedores colocaram um limitador de vezes que podemos repetir os eventos, o que varia de acordo com o nível de dificuldade escolhida. Cada dia possui uma quantidade de repetições limitada disponível, então é bom deixar para usá-los apenas em último caso.
Jogabilidade de Need for Speed: Unbound (PS5)
Diferenças entre os carros
A sensação de velocidade que Need for Speed: Unbound passa é muito bem trabalhada e mostra a boa diferença entre os carros com características mais básicas e bólidos preparados para corridas ilegais de jogo. É incrível ver o cenário ficar para trás tão rápido na tela grande. A necessidade de velocidade, como o próprio nome diz, nunca foi tão bem explorada como aqui.
Infelizmente, esse ponto vem de encontro a duas situações presentes no jogo. A primeira, que percebemos logo no início do gameplay, é o desbalanceamento da corrida entre os nossos carros e os controlados pela máquina. Não importa se o nosso veículo é um fusca que corre a 100 km por hora ou um Mazda que chega a mais de 300 por hora: sempre será difícil demais ganhar uma corrida. O jogo foi feito para ser roubado nesse aspecto, só que incomoda muito continuar gastando tempo e dinheiro melhorando um ou mais carros sabendo que o resultado mais provável será entre terceiro e quinto lugar nas corridas.
Problemas com as corridas em Lakeshore
O segundo ponto é participar das corridas em Lakeshore buscando atingir o máximo de velocidade possível. Isso acaba se tornando um problema real por dois motivos: é uma cidade e não uma pista de corrida, que possui curvas e acessos difíceis de acertar quando estamos em alta velocidade disputando liderança ou fugindo da polícia. O segundo é bem simples: estou falando do trânsito que existe na rua, que, ao mesmo tempo que faz com que ela pareça mais viva, dá a impressão que foi programada para nos atrapalhar.
A cidade de Lakeshore possui um território vasto com muitas e muitas ruas espaçosas que serão exploradas durante os eventos do jogo, que vão de colecionar grafite de arte de rua, encontrar postos gasolina (que recupera os danos do carro durante a exploração), a destruir outdoors espalhados pela cidade, além de algumas provas de velocidade para quebrar recordes de corredores rivais.
Modo multiplayer
O jogo também traz um modo multiplayer, uma espécie de campanha só que mais descompromissada, sem o rigor imposto pelo tempo e grana do modo normal. Nessa opção é possível se divertir com amigos e desconhecidos jogando online em provas de diversos tipos explorando tanto as ruas da cidade, quanto trechos em off road de diversas áreas. Aqui é mais tranquilo de investir em peças e carros mais potentes para conseguir evoluir, mesmo que o progresso seja separado da campanha principal.
Gráficos
O estilo visual escolhido pela Criterion chama atenção logo de cara com a cidade e toda a sua grandeza, assim como todos os veículos mostrando ótimos gráficos fotorrealistas muito competentes, mesmo não chegando no capricho visto em “Gran Turismo 7”. Em contraste temos o uso do estilo Cel Shading usados nos personagens e nas partículas, bem como efeitos visuais e especiais gerados pelo carro com acionamento de nitros, impactos, fumaça gerada pelos pneus, asas que aparecem durante os saltos etc. Após alguns minutos de jogo a estranheza de Need for Speed: Unbound passa e dá lugar a um visual lindo que acaba combinando em um dos jogos de corrida mais bonitos dos últimos anos, que ainda consegue rodar a suaves 60 quadros por segundo travados no PS5.
Som
A trilha sonora focada em hip-hop pode não agradar a todos, mas combina tanto com Unbound que, após algumas corridas, essa diferença cai por terra, e o que passa a valer é a vontade de avançar, juntar grana para investir nos carros e ganhar algumas corridas, enquanto avançamos na boa história.
Os efeitos sonoros, como o som dos motores, do trânsito, das batidas e do vento quando estamos correndo, ajudam com a imersão e a sensação de estarmos em alta velocidade.
Pequenos problemas
Infelizmente nem tudo são flores no novo Need for Speed, e temos alguns pontos que não posso deixar de mencionar. O jogo é muito bom e tenho multiplayer que diverte por algumas horas e é só isso. Temos um problema grave de falta de conteúdo aqui. Por sorte, a EA já anunciou que trará algumas DLCs que vão expandir o game como um todo. Então vamos esperar.
Observei também que, durante as corridas, quando batemos em pedras, os postes, árvores e guard rails se quebram feito papel, além de passarmos em cima de poças de água ou lama a toda a velocidade sem que espirrar uma gota. Essas ocorrências não influenciam tanto na jogabilidade, mas acabam com a emissão a todo momento.
Para finalizar, temos um problema antigo de jogos de corrida que é o surgimento de parte do cenário aparecendo a todo momento no horizonte. É incrível que, mesmo com o poder do PS5 e da nova geração de consoles, isto ainda continua a acontecer em Need for Speed: Unbound.
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Veredito
Need for Speed: Unbound (PS5) consegue se consagrar como um dos melhores títulos da franquia com facilidade, apesar da campanha não ser tão longa e do pouco conteúdo. Suas mecânicas funcionam bem durante a campanha e o uso do escasso dinheiro deve ser certeiro, assim como fazemos quando upamos um personagem com pontos de experiência em um jogo de RPG, pois Unbound dá pouca margem para erros.
Prós
Visual diferenciado
Boa história
Personagens carismáticos
Alta sensação de velocidade
Contras
Pouco conteúdo
Dificuldade alta
Jogabilidade desbalanceada
Campanha curta