‘No Gods No Masters’, do Garbage, é necessário, vital e didático
Cadu Costa
Se No Gods No Masters é o álbum mais político do Garbage, isso está em debate. Ele certamente sente mais o momento atual e exibe sua plumagem com mais nitidez do que o excelente Strange Little Birds, de 2016; ou os clássicos Garbage, de 1995; e Garbage 2.0, de 1998. Mas o que No Gods No Masters tem em comum com trabalhos anteriores é a destreza com que captura uma experiência de banda de rock com peso e elegância. Aliás, o Garbage, há muito tempo, adotou uma linha sofisticada de pop industrial, nivelando a dinâmica silenciosa-ruidosa-silenciosa em favor de algo mais cinematográfico.
Decência humana, compaixão e empatia
Em entrevista ao site The Line of Best Fit, publicada na quinta-feira (10), a vocalista Shirley Manson comentou sobre o novo disco, bem como a violência na internet, sexualidade, a diferença entre Los Angeles e a Escócia, seu país natal, sua visão do mundo e mais. Apesar das críticas políticas nas novas canções e nos clipes, a cantora disse que não se importa tanto com o assunto, mas sim com a natureza humana.
“É uma questão de decência humana, ter compaixão, empatia. Tipo, eu não dou a mínima para nenhum partido político. Eu realmente não quero. Suspeito de todos eles. Eu apenas tenho um interesse humano em buscar respeito pelos outros e pelos animais da terra. E eu não acho que isso seja político. Mas bem, eu sei que sou uma artista muito irrealista e idealista.“
E acrescentou: “eu acho que conforme você envelhece, você tem que ter esperança, caso contrário, você desiste. Você apenas vai e se senta no sofá e desiste de si mesmo e desiste do mundo. E eu não quero fazer isso. Eu quero continuar engajada.”
[youtube v=”PXZB-YiYIak”]
‘No Gods No Masters’ é bom?
Aliás, três singles de No God No Masters já haviam sido lançados com videoclipes do Garbage: a faixa-título “No Gods No Masters“; assim como “The Men Who Rules the World”; e a mais recente “Wolves”. A sensação é de que Shirley Manson e Garbage transmitem uma raiva justificada e um grito de guerra como se precisassem ser ouvidos.
Enfim, sobre o álbum em si, é claro que as melhores coisas continuam boas. Afinal, a habilidade de Shirley de criar uma variedade de ganchos vocais agudos no decorrer da mesma música, sem recorrer ao óbvio, continua sendo um presente atemporal. Isso é mais bem ilustrado na música “Godhead”, algo como um ‘Depeche Mode-encontra-Nine Inch Nails’, no qual ela é confrontadora e vulnerável no curso de um sussurro. Derrama emoção, uma injeção de boas-vindas de raiva principal entre eles, em arranjos aparentemente projetados para serem frios, o que dá à perspectiva das letras ainda mais vigor.
Em suma, No Gods No Masters, do Garbage, é um dos lançamentos mais diferenciados de 2021. Necessário, vital e didático. Ouça e aprenda.
Por fim, vai comprar algo na Amazon? Então, apoie o ULTRAVERSO comprando pelo nosso link: https://amzn.to/3mj4gJa.
[youtube v=”t0IaRnEgzIA”]
Ouça ‘No Gods No Masters’ – Garbage
Tracklist de ‘No Gods No Masters’ – Garbage
1. “The Men Who Rule the World”
2. “The Creeps”
3. “Uncomfortably Me”
4. “Wolves”
5. “Waiting for God”
6. “Godhead”
7. “Anonymous XXX”
8. “A Woman Destroyed”
9. “Flipping the Bird”
10. “No Gods No Masters”
11. “This City Will Kill You”
12. “No Horses”
13. “Starman”
14. “Girls Talk”
15. “Because the Night”
16. “On Fire”
17. “The Chemicals”
18. “Destroying Angels”
19. “Time Will Destroy Everything”