Leia a crítica do O Assassino, da Netflix - Ultraverso

Protagonizado por Michael Fassbender - Foto: Divulgação

O Assassino: masculinidades (ironicamente) em jogo

Giovanna Ribeiro

Entramos no universo de O Assassino, de David Fincher (Clube da Luta, Seven), a partir do monólogo inicial do personagem-título, vivido por Michael Fassbender. Sob a trilha irônica de The Smiths (que persiste ao longo de todo filme), enquanto apresenta ao espectador sua rotina comicamente metódica, o Assassino discorre sobre o quanto seu trabalho – nada convencional – na realidade, não gera o menor impacto sobre as bilhões de pessoas ao redor do mundo, que nascem e morrem todos os dias.

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Nesse sentido, Fincher  subverte – todavia, sem muita originalidade – a narrativa masculina de ‘homem comum que se acha extraordinário’, para o homem que vive uma vida extraordinária de fato, mas se considera comum. O Assassino começa bem quando flerta com a comédia. Mas a chave vira justamente quando a personagem de Sophie Charlotte entra na história, dando um tom clichê que relembra, afinal das contas, se tratar de um filme de ação da Netflix.

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Protagonizado por Michael Fassbender – Foto: Divulgação

Contradições

Movido agora por atitudes passionais e um sentimento de vingança insensata, o Assassino contradiz toda a construção prévia do personagem, que executa seu trabalho de forma precisa, sem ‘tomar partido’ ou se envolver em nada além daquilo para o qual foi pago. Mas tal reviravolta também pode ser vista como a beleza que existe na individualidade, mesmo entre bilhões de outros seres humanos (o que acaba retornando ao monólogo inicial).

Para o Assassino, a maldade é inerente ao ser humano. Mas ele mesmo, só age com maldade pura e simples, desinteressada de fatores práticos de seu ofício, quando confrontado com a possibilidade de perder alguém querido. Coerente mesmo em suas incoerências, o prazer de assistir este longa de David Fincher é perceber que nenhum elemento está ali por acaso. Quer você concorde, ou não.

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Protagonizado por Michael Fassbender – Foto: Divulgação

Estereótipos

Fassbinder está triunfal em seu retorno às telas, mas há de destacar, infelizmente, a representação de uma América Latina estereotipada (e amarelada), em que todos falam inglês perfeitamente, de forma muito conveniente. E o quanto o filme vai perdendo seu ritmo, sobretudo nas cenas de luta – o que se tratando de um filme de ação, é pecado grave – além da participação subaproveitada de Tilda Swinton.

Definitivamente, o Assassino tem muitos méritos, mas não se sustenta enquanto aspirante a possível franquia de ação – ainda mais considerando seu desfecho frágil e equivocado. Pensando na filmografia de Fincher, o Assassino só pode ser considerado eficiente. (Infelizmente) nada além disso.

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Trailer do filme O Assassino

Ficha Técnica do filme O Assassino

Título original: The Killer

Diretor: David Fincher

Roteiro: Alexis Nolent, Luc Jacamon, Andrew Kevin Walker

Elenco: Michael Fassbender, Tilda Swinton, Arliss Howard, Charles Parnell, Sophie Charlotte, Gabriel Polanco, Kerry O’Malley, Emiliano Pernía, Sala Baker

Onde assistir: Netflix

Data de estreia: 10 de novembro de 2023

Duração: 118 minutos

País: Estados Unidos da América

Gênero: Ação, Aventura, Policial

Ano: 2023

Classificação: 16 Anos

Giovanna Ribeiro

Jornalista pela Universidade Federal Fluminense (UFF), cursando especialização em Jornalismo Cultural na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Crítica de Cinema pela Academia Internacional de Cinema (AIC). Acredita na comunicação a partir dos afetos.
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