CCXP24 | O Auto da Compadecida 2 não é o primeiro, mas tudo bem
Pedro Marco
Foram 25 anos de espera desde que a Rede Globo exibiu em quatro episódios uma minissérie que deixou todo mundo querendo mais. Vinte e quatro anos desde que essa série, baseada na montagem mais encenada do Brasil, foi transformada no filme mais assistido do mesmo país.
Mas nessas mais de duas décadas, uma pergunta acalentava qualquer discussão sobre. “E precisa?”
Auto da Compadecida 2 estreia nos cinemas na manhã de natal de 2024, mas até lá, uma onda de exibições exclusivas rodaram o Brasil por todo o mês de dezembro. A primeira parada: o palco Thunder by ClaroTV da CCXP24.
Presenças ilustres
Com presença de parte do elenco, dos diretores Guel Arraes e Flávia Lacerda, e de João Suassuna representando o espólio do criador, o filme foi exibido em uma emocionante sessão de sala lotada neste sábado de manhã. E sem mais delongas, vamos ao filme.
O filme
De fato não precisava de um dois. E tão pouco ele seria capaz de superar a convenção de eventos e presenças do primeiro filme. Mas trago boas novas. O filme sabe disso. E em cima disso, entrega uma linda homenagem, que funciona como sequência singela e como um bom filme.
Acompanhamos Chicó e João Grilo 25 anos depois, também na história. O retorno de João para uma Taperoá ainda mais assolada pela seca e miséria, irá de encontro com a era política mais competitiva e a chegada de novas tecnologias.
Equilíbrio entre o cru e o real
Neste cenário, Flávia e Guel optaram por trazer uma Taperoá que se equilibra com maestria entre o cru e real e o fantasioso lúdico de cordel. E este cenário revisitado que se torna quase um personagem novo, puxa também uma roupagem ainda mais teatral, que faz de O Auto da Compadecida 2 um filme abaixo do primeiro, mas tão brasileiro quanto.
Os temas de fé e miséria continuam atrelados à mitologia, e abrem espaço para quatro personagens novos. Diga-se de passagem, muito baseado em personagens criados pelo próprio Ariano Suassuna em outras obras, como Guel já havia feito no primeiro filme.
Nem tudo são flores
Infelizmente, como era de se esperar, nem tudo são flores. Alguns personagens parecem estranhamente destacados da história, e a falta do elenco de peso que sustentava cada cena do primeiro, aqui se torna gritante. A escolha de alguns efeitos especiais também acabam atingindo o vale da estranheza. E mesmo com apenas duas horas, o filme parece mais cansativo do que a série original, que é consideravelmente mais longa.
Conclusão
Mas mesmo nessas intempéries, o saldo é positivo. Dificilmente se torne um clássico como o primeiro, mas foi um reencontro caloroso e emocionante. E o mais importante de tudo, feito com carinho e cuidado. Com respeito e amor pelo nordeste. Com consciência nos temas delicados. E, claro, sem deixar de lado o alto astral tão gostoso que nos faz pensar de novo se cabe ou não mais um filme no futuro.
Onde assistir ao filme O Auto da Compadecida 2?
O filme O Auto da Compadecida 2 estreia nos cinemas no dia 25 de dezembro.