O Cavaleiro do Rei crítica do filme Netflix 2022

Foto: Netflix / Divulgação

‘O Cavaleiro do Rei’ ainda não é bom, mas eleva o patamar do cinema nigeriano

Bruno Oliveira

Ah Nigéria! Será que o meu sentimento de amor e ódio irá se encerrar por aqui? A resposta é não, mas certamente posso dar um tempo para um pouco de paz entre nós. Não sou fã de Nollywood (cinema nigeriano), já reclamei demais por aqui disso, mas uma trégua pode ser formada. Falo mal, mas posso ser justo. O Cavaleiro do Rei (Elesin Oba: The King’s Horseman) ainda não é o filme que trará paz ao meu coração, mas um adendo pode ser aberto devido a um tema cheio de dilemas que permeia a obra.

Sinopse

O longa é retirado de uma peça chamada “A Morte e o Cavaleiro do Rei” e se passa baseado em acontecimentos em Oyo, na Nigéria, em 1943, durante o auge da Segunda Guerra Mundial. O Rei morreu há 30 dias e, agora, Elesin Oba (Odunlade Adekola), Cavaleiro do Rei, deve cometer um ritual de suicídio.

Essa tradição é realizada para que o espírito do cavaleiro acompanhe o espírito do rei na jornada para o além, e evite que alma do rei caia na escuridão. O problema disso tudo é que os ingleses, que tomavam Nigéria como colônia na época, veem o ritual como uma barbárie e tentarão impedir tal crime contra o próprio Elesin Oba.

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Nollywood sendo Nollywood

Vou falar mal primeiro para depois tecer elogios. A minha reclamação principal fica pelas coisas que não gosto de Nollywood. Uma produção sempre fraca, junto com atuações duvidosas e uma ingenuidade de diálogos que me tira do que estou vendo. O Cavaleiro do Rei era pra ser um épico com uma proporção histórica grande, mas seu escopo acaba sendo pequeno. Entendo que, por ser retirado de uma peça de teatro, talvez as locações e ambientações acabaram sendo menores do que o esperado mesmo.

Além disso, o nosso protagonista, em seu derradeiro dia vivo, resolve tomar uma mulher como sua esposa, que já está prometida para outra pessoa. Ele pede o último desejo para a chefe da tribo local e diz que, antes de partir, precisa deixar sua semente no mundo. Seu último desejo foi concebido e está tudo ótimo. Cá entre nós: é bizarro. Tudo bem, outro país, outra cultura, outra época, mas me soa esquisito demais.

A cereja do bolo

A cereja do bolo que O Cavaleiro do Rei nos reserva é a discussão moral. De um lado, um povo que acredita nesse suicídio para proteger a alma do rei. Do outro, os ingleses que representam a civilização moderna onde vê esse ato como uma barbárie inconcebível. Nesse ponto, é possível entender as duas posições, instigando a dúvida no espectador sobre quem ‘apoiar’.

A vergonha de ter sido impedido de tal ato altruísta é maior ou menor do que é o certo e errado para nós? Até que ponto forasteiros podem ditar como você deve ou não se portar? Isso fica tudo em nossa cabeça em seus momentos finais e isso dá um valor a mais a essa obra.

Conclusão

Esse dilema final realmente eleva o valor de O Cavaleiro do Rei. O grande problema é o restante que mencionei. Algumas coisas destoantes e um pouco fora da realidade chegam a atrapalhar o todo. Para os fãs do cinema nigeriano, acredito que seja uma das melhores obras do país. Então, para esses, vale a pena assisti-lo. Se for como eu, que trava uma luta de amor e ódio contra Nollywood, acredito que tenha opções melhores por aí.

Onde assistir ao filme O Cavaleiro do Rei?

A saber, O Cavaleiro do Rei já se encontra disponível para os assinantes da Netflix.

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Trailer do filme O Cavaleiro do Rei (2022)

O Cavaleiro do Rei (2022): elenco do filme

Odunlade Adekola

Shaffy Bello

Deyemi Okanlawon

Olawale-Brymo Olofooro

Omowunmi Dada

Jide Kosokp

Mark Elderkin

Ficha Técnica do filme O Cavaleiro do Rei (Netflix)

Título original do filme: Elesin Oba: The King’s Horseman

Direção: Biyi Bandele

Roteiro: Biyi Bandele

Duração: 96 minutos

País: Nigéria

Gênero: Drama, História

Ano: 2022

Classificação: 14 anos

Bruno Oliveira

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