‘O Direito de Viver’ é uma propaganda patética contra o aborto
Fábio
Se alguém dissesse que ‘O Direito de Viver’ era uma obra produzida por alguma organização religiosa, ninguém duvidaria. Afinal de contas, o filme é de um amadorismo embaraçoso, com atuações canhestras, roteiro infantil e uma narração em off explicando passo a passo o que acontece durante as duas horas de projeção para facilitar a vida de quem menos de dois neurônios na cabeça. Sem contar que utiliza um fato verídico para deturpar a própria história. Transformando, assim, a vitória pela legalização do aborto como uma afronta ao direito à vida.
Os diálogos de O Direito de Viver são inacreditáveis de tão pobres, repleto dos clichês mais vagabundos e frases de efeito batidas. Os estereótipos dos personagens são deploráveis. Os pró aborto são frios, calculistas, descrevem os fetos “como uma massa de carne e sangue” e se orgulham das máquinas capazes de fazer x abortos por hora. E, claro, que os “cérebros” da luta são os homens. Afinal de contas, na cabeça conversadora dos autores da “obra”, mulheres são incapazes de agir sem a ajuda masculina. No entanto, os anti-aborto têm coração, sentimentos e incapazes de ferir uma alma humana.
- ‘Meu Irmão, Minha Irmã’ e a importância do perdão
- Suspense ‘Dano Colateral’ exagera no drama e em tramas paralelas
- ‘The Seven Deadly Sins: Cursed by Light’ vale a pena, mesmo sem ter visto o anime
Sinopse
Em suma, O Direito de Viver é “baseado em eventos reais”. De uma maneira extremamente distorcida, o filme conta a história da legalização do aborto nos Estados Unidos, que tem como peça-chave o principal provedor de aborto da década de 60, o ginecologista e obstetra Dr. Bernard Nathanson (Nick Loeb). Após vivenciar uma tragédia pessoal, torna-se um fervoroso defensor do aborto e contará com a ajuda do jornalista Larry Lader (Jamie Kennedy) na empreitada. Lutando contra a legalização, estão os defensores pró-vida liderados pela médica Dra. Mildred Jefferson (Stacey Dash) e pelo professor de direito Robert Byrn (Joey Lawrence). Eles procuram uma forma de barrar o assunto nos tribunais e a questão acaba decidida na Suprema Corte.
A distorção dos fatos no filme é estarrecedora. A impressão que se tem a assistir O Direito de Viver é que se trata de um mockumentary estilo Borat. Por fim, se fosse uma produção nacional, é bem provável que retrataria o Brasil como um país maravilhoso, sem desigualdades, sem corrupção, governado por um ótimo presidente que conseguiu acabar com a pandemia da Covid-19 com o uso da cloroquina e ivermectina.
Aliás, vai comprar algo na Amazon? Então apoie o ULTRAVERSO comprando através do nosso link: https://amzn.to/3mj4gJa.
Ficha técnica – O Direito de Viver
Título original: Roe V. Wade
Direção: Cathy Allyn, Nick Loeb
Roteiro: Cathy Allyn, Nick Loeb, Ken Kushner
Elenco: Jon Voight, Nick Loeb, Stacey Dash, Jamie Kennedy, Joey Lawrence, Corbin Bernsen, Greer Grammer, John Schneider, Robert Davi, Steve Guttenberg, William Forsythe, James DuMont, Summer Joy Campbell, Justine Wachsberger
Distribuição: A2 Filmes
Data de estreia: qui, 07/10/2021
Onde assistir: nos cinemas
País: Estados Unidos
Gênero: drama
Duração: 112 minutos
Ano de produção: 2019
Classificação: 14 anos