ENTREVISTA | “O Doutrinador é uma espécie de niilista”, diz criador do personagem sobre adaptação para cinema e TV
Alex Rodrigues
Um policial altamente treinado e dedicado, ao passar por um grande trauma de família, parte para uma cruzada insana e secreta contra políticos corruptos e seus asseclas. A história parece ter saído de uma HQ da Marvel ou da DC Comics, mas na verdade, todo o universo de O Doutrinador é genuinamente brasileiro. Durante o último Geek & Game Rio Festival, aconteceu um bate-papo com o criador da obra, Luciano Cunha, e o elenco da história adaptada para o cinema sob a batuta do diretor Gustavo Bonafé. Inclusive, o filme produzido pela Downtown Filmes, será feito a partir de uma série, já em fase de gravação.
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O encontro serviu para revelar as adaptações do filme em relação à trama original. O Doutrinador foi escrito por Luciano Cunha em um contexto atual brasileiro, no qual a corrupção alcançou números alarmantes. A HQ fez muito sucesso, iniciando a produção em 2013 e conquistando mais de 20 mil visualizações nas redes sociais, principal canal de divulgação e distribuição. Além disso, a obra foi lançada em vários países como Argentina, Chile, Hong Kong, China, sempre bem-sucedida.
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Para as mídias, foram necessárias mudanças, como a criação da cidade fictícia de Santa Cruz e os nomes de políticos verdadeiros, por motivos óbvios. O desenhista Luciano Cunha, que já trabalhou com Ziraldo, falou na sua inspiração em artistas famosos do ramo, como Frank Miller – que dispensa qualquer apresentação – e o lendário ilustrador John Buscema. O autor destacou um pouco da personalidade do seu herói (ou seria anti-herói?) e como todo o sistema político corrompido brasileiro serviu de base para a construção do personagem e seu drama pessoal e moral.
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O Doutrinador é uma espécie de niilista. Ele quando parte para sua missão, sabe que é algo sem volta. Ele não tem ideologia. Pode ser corrupto de direita, esquerda ou do centro. Ele quer, na verdade, dar um grande basta nisso tudo.
Gustavo Bonafé é o diretor tanto do filme como da série. O cineasta contou que o conteúdo para o cinema é uma redução do seriado e servirá de espinha dorsal para a história da temporada. Nitidamente empolgado com o projeto, Bonafé revelou que é um entusiasta dos quadrinhos e a história que mais o impressionou foi “Akira”, escrita por Katsuhiro Otomo, considerada o grande clássico do mangá e da animação japonesa.
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– Eu li de tudo, mas o que mais me deixou maluco foi o Akira. Como é que o pessoal tirou aquilo da cabeça? Uau!, destacou Gustavo.
O papel do policial Miguel e seu alter ego Doutrinador, fica por conta do ator Kiko Pissolato. O elenco é formado por uma equipe de peso: Marília Gabriela, Natália Lage, Tuca Andrada, Edu Moscovis e Helena Ranaldi. Quem apareceu para falar sobre o filme com o público foi a atriz Tainá Medina, a Nina, ajudante de Miguel, afinal, todo herói precisa de auxílio. A atriz contou sobre a construção do seu personagem e a importância de um gênero como O Doutrinador para o cinema brasileiro. Tainá também mostrou conhecimento sobre o mundo dos heróis.
No Brasil, a gente não está acostumada a ver esse tipo de gênero. Lá fora a gente tem o Batman, o Justiceiro…
Quem ajudou Luciano Cunha na transformação do enredo para o cinema foram os roteiristas Rodrigo Lages e LG Bayão. Lages já está acostumado a fazer roteiro para TV e cinema, logo, a adaptação para ambos os casos não foi difícil. De qualquer forma, ele falou que transcrever um personagem da literatura para as grandes telas, geralmente, é um processo mais complexo, e comparou as diferenças entre cinema e televisão.
– Em casa, tem todos os plots alternativos, mas a gente sabe como é em casa. Você para, come alguma coisa…. No cinema, não. Você tem que comprar a ideia do personagem.
Para LG Bayão, contando com mais de 20 trabalhos para o cinema, o roteiro do filme não foi nenhum mistério. Bayão é um leitor de HQ e conhece todo o desenvolvimento e transformações deste canal ao longo do tempo. Para o roteirista, a forma como as graphic novels passaram a contar as histórias agradou ao público em geral.
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– Teve uma época no Brasil, em meados dos anos 80, que saíram um monte de graphic novels, e foi um tempo que transformou os quadrinhos num período inacreditável. Frank Miller, com Cavaleiro das Trevas e Demolidor, por exemplo, foi um marco.
A galera d’O Doutrinador revelou vários detalhes sobre a trama e curiosidades das gravações para o público na Geek Station, no Geek & Game Rio Festival. O filme tem estreia marcada para 20 de setembro nos cinemas brasileiros.