‘O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio’ | CRÍTICA
Paulo Cardoso Jr.
Panela velha é que faz comida boa.
Mais um exterminador chegando aos cinemas em pleno Dia das Bruxas… coincidência? Talvez. Para começar, engana-se quem pensa que O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio (Terminator: Dark Fate), é continuação direta do seu antecessor “Gênesis” (2015). Ele não é. O novo filme do T-800 é sequência direta do segundo filme da franquia lá de 1991 (O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final). James Cameron e sua turma simplesmente jogaram no lixo as outras três continuações e resolveram tomar as rédeas novamente dos personagens, bem como da história que construíram lá em 1984 com o primeiro Exterminador.
As tentativas fracassadas
O terceiro longa da franquia (A Rebelião das Máquinas, 2003) chegou meio que para fechar a trilogia, mas foi bem abaixo do esperado. Não deixou de ser um sucesso. Isso porque, apesar de ter custado aproximadamente US$ 187 milhões, rendeu mais de US$ 430 milhões. O problema é que foram 12 anos de espera para a continuação e a expectativa estava lá em cima. Como ficou essa grande frustração no ar, resolveram começar um reboot da história. Contudo, a trama estava voltada agora para o ponto de vista do líder da resistência, John Connor. Ideia aparentemente boa, mas arriscada. Tudo teria que ser muito bem pensado e o papel principal teria que ser alguém famoso e com carisma para mais dois filmes pelo menos, o que fizeram?!
Chamaram, então, Christian Bale que estava surfando na onda do sucesso do anunciado “Batman Begins” (confirmado no papel principal). Resultado? Ficou tosco e com um John Connor com a voz forçada e rouca do Batman! Era só fechar os olhos que se imaginava o homem-morcego na sua frente. Para piorar, o próprio Arnold Schwarzenegger declarou que não gostou da figura dele digitalizada no filme. Aí a coisa desandou e o lucro obtido foi menor ainda que o anterior gerando “apenas” US$ 170 milhões.
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Numa tentativa desesperada de colocar o filme nos eixos, Schwarzenegger entrou novamente em cena para o “O Exterminador do Futuro: Gênesis”, que teve de lucro US$ 285 milhões, mas nada comparado ao segundo filme da franquia que obteve mais de US$ 400 milhões de renda e entrou para história como o primeiro longa a bater a marca dos US$ 100 milhões de produção! A contribuição mais significativa que este filme de 2015 deu foi mostrar que a parte humana do T-800 envelhece. Então, não foi difícil para James Cameron querer retornar e juntar tudo o que deu certo nos dois primeiros. Não é a toa que a repercussão do Exterminador do Futuro: Destino Sombrio tem sido tão boa nas primeiras exibições para a imprensa. E a grande responsável dessa retomada talvez seja a presença de quem não participou das outras três continuações: Linda Hamilton, ou seja, Sarah Connor.
A trama
Então vamos à sinopse oficial: 28 anos após os eventos de “Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final”, um novo e modificado Exterminador de metal líquido (Gabriel Luna) é enviado do futuro pela Skynet para exterminar Dani Ramos (Natalia Reyes), uma híbrida de ciborgue com humana (Mackenzie Davis) e seus amigos. Sarah Connor (Linda Hamilton) vai a seu auxílio, assim como o Exterminador original (Arnold Schwarzenegger), em uma luta pelo futuro. Sarah Connor, por sinal, leva quase todo o filme nas costas. Depois que vemos esse novo Exterminador é que percebemos o quanto a personagem fazia falta nas outras sequências. As mulheres, por sinal, são responsáveis por quase toda ação e o personagem T-800 vira um “alívio cômico” entre uma cena de ação e outra.
A ciborgue Grace (Mackenzie Davis) chega a lembrar um pouco do soldado Luc Deveraux, personagem interpretado por Jean-Claude Van Damme em “Soldado Universal” (1992), pois ela não é totalmente máquina, não dá para ficar no combate dia e noite e precisa “descansar”. Existe também uma surpresa por trás da personagem Dani Ramos (Natalia Reyes), que surpreende até mesmo Sarah Connor. Além disso, de todos, foi a que mais demorou a entrar no clima da trama, mas não prejudicou o ritmo do filme. O vilão da vez, o Exterminador Rev-9 de metal líquido (Gabriel Luna), convence e também guarda uma surpresa diferente dos outros. Afinal, ser de metal líquido não é necessariamente uma novidade, não é mesmo?
Enfim, o fechamento da história (?)
Entre mortos e feridos (e pode ter certeza que serão muitos), fica uma impressão boa de fechamento da história (será?), coisa que queríamos lá em 2003, em “O Exterminador do Futuro: A Rebelião das Máquinas”, mas que não conseguimos ver. O longa tem a dose certa ação, explicações de teorias da conspiração e toque certo de humor. Com um pouco mais de 2 horas de duração, que passam voando, fica aquele gostinho de “quero mais”. Não tem cenas pós-créditos e saímos da sala do cinema com a sensação de que o fechamento da trilogia aconteceu somente agora, 28 anos depois. Até a próxima.
::: TRAILER
::: FICHA TÉCNICA
Título original: Terminator: Dark Fate
Direção: Tim Miller
Elenco: Arnold Schwarzenegger, Mackenzie Davis, Linda Hamilton
Distribuição: Disney
Data de estreia: qui, 31/10/19
País: Estados Unidos
Gênero: ação
Ano de produção: 2018
Classificação: 14 anos