‘O Legado de Júpiter’: diferenças entre os quadrinhos e a série da Netflix
Pedro Marco
A onda crescente de adaptações para os cinemas e TVs segue ininterrupta. Histórias reais, assim como livros, jogos e até mesmo outros filmes servem como um vasto material base para a gama de roteiros que recheia a cultura pop mundial. Neste meio, tendo como origem as páginas das histórias em quadrinhos, um fato curioso torna-se constante.
Obras épicas e consideradas inadaptáveis, como Watchmen, 300 e Cavaleiro das Trevas, por exemplo, ganham versões com fidelidade. Quase quadro a quadro no audiovisual. Da mesma forma, graphic novels feitas já com o pensamento de um dia serem adaptadas, acabam sendo tão alteradas que quase não se vê o material de origem. É o caso de obras de Mark Millar. O autor é conhecido por produzir já com o pensamento de transportar para as telas, como O Procurado, Kick-Ass, Kingsman e o recente O Legado de Júpiter.
A recente série lançada pela Netflix em oito episódios na primeira temporada se baseia em um quadrinhos de 2013. As HQs foram lançadas em dois livros com cinco edições cada. Portanto, vamos listar aqui algumas das principais diferenças entre os quadrinhos quadrinhos a série O Legado de Júpiter.
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Plot
Durante os quadrinhos acompanhamos a trajetória do Utópico. Trata-se de um centenário herói, pai de família, que tenta compensar os anos de ausência com seu filho. Enquanto isso, ele mantém com seu irmão um código de não interferência governamental com o mundo.
Apesar de tocar de certa forma nessas questões, a série decide estender geometricamente a trama. Afinal, são oito episódios com menos de três edições de 20 páginas. Assim gera diversos arcos extras, como a do Estrela Negra falso e a busca pelo moinho dos Miller.
Os personagens
Quando se trata de adaptações de HQs, principalmente de heróis de capa, é normal alterar a história de fundo e manter somente a essência dos personagens. No caso dos quadrinhos de O Legado de Júpiter, nem mesmo isso acontece na série.
Visualmente, é claro, a série é um espetáculo. Além disso, tem belos uniformes, escalações que parecem ter soltado das páginas e representatividade latina, negra e LGBT em personagens novos.
Mas quando falamos da família central da história, deixamos para trás a versão autoritária e nariz em pé do Utópico nas HQs. Ele se transforma em um herói bem mais humano e fraterno na série. Já seu filho Brandon tem uma alteração tão drástica que sequer seria reconhecido se não tivessem mantido o nome.
O Paradigma, retratado na série como um garoto bondoso que quer impressionar o pai para se tornar o novo Utópico, nos quadrinhos se assemelha bastante à sua irmã. É um boêmio festeiro e irresponsável (chegando ao ponto de, bêbado, tentar levar um navio cargueiro nas costas com seus amigos e derrubar a carga em uma cidade).
E, por fim, temos o jovem Hutch. Apesar de ter sua etnia alterada, mantém uma personalidade bastante similar. Neste caso, vemos um grande aprofundamento de seu personagem com um passado, um núcleo próprio de personagens e uma melhor abordagem de sua relação com Chloe.
A luta contra o Estrela Negra
Curiosamente, esta não é a primeira vez que os papéis se invertem e a versão adaptada em audiovisual é mais extensa e complexa que a versão literária original. No caso de O Legado de Júpiter, isto acontece de tamanha forma que são cerca de 35 minutos até ter nas telas uma cena dos quadrinhos pela primeira vez. E, ainda assim, é completamente diferente.
A luta contra o Estrela Negra não só é bem mais longa e com a participação de vários heróis inéditos, como também possui um desfecho completamente inesperado para os leitores. Se na versão da Netflix temos o drama de Brandon em matar o super vilão para salvar seu pai, e isto causar uma grande discussão moral sobre o código do Utópico, nos quadrinhos o personagem sequer aparece. Isso porque estava bebendo com alguns amigos. Dessa forma, a luta acaba com o próprio Utópico matando o vilão com suas mãos. Ao fim, sem a trama de um falso Estrela Negra.
Os Flashbacks
O que no material original são menos de 10 páginas, aqui se torna mais da metade da temporada. Uma rápida explicação de que o grupo de Sheldon velejou até uma ilha misteriosa que lhes deu poderes torna-se quase um seriado à parte. Com viagens, aventuras, busca por moinhos no velho oeste, travessias por um ilha viva, além de uma grande trama do passado dos irmãos Sampson, a loucura de Sheldon e a origem de George.
Com um final bastante aberto para as próximas edições da HQ, O Legado de Júpiter deve, em breve, ter sua segunda temporada confirmada.
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