O Mal Que Nos Habita: Polêmico filme de terror que estreou em 2023

Filme estreia em 1º de fevereiro - Foto: Divulgação

O Mal Que Nos Habita nos mostra algo novo e em contraste ao que existe no gênero

Bruno Oliveira

Não sei se alguém lembra quando falei que janeiro e fevereiro são meses muito ruins para os filmes de terror. Esqueça! Eu não sei de nada, sou uma farsa. O Mal Que Nos Habita foi lançado lá fora ainda em 2023 e causou um burburinho bem alto à sua volta. Por alguns, foi considerado o terror do ano e logicamente entrou na minha mira. Neste momento, não consigo opinar com 100% de certeza de que ele é o melhor, mas certamente é o mais impactante. Foi o que mais tirou emoções de mim e a maioria delas de choque e de descrença para o que eu estava vendo na minha frente.

Leia mais:

A trama se passa em um pequeno vilarejo afastado da cidade no interior da Argentina. Nesse lugar, acompanhamos dois irmãos, Pedro (Ezequiel Rodríguez) e Jimi (Demián Salomón), que descobrem que um dos seus vizinhos, um rapaz, está infectado/possuído por um demônio. Visando tirar esse mal do lugar de onde moram, eles levam o corpo do rapaz para o lugar mais longe possível e o deixam à própria sorte. O que não esperavam é que essa ação causaria uma grande infestação de demônios pelo vilarejo.

O Mal Que Nos Habita: Polêmico filme de terror que estreou em 2023

Filme estreia em 1º de fevereiro – Foto: Divulgação

Contextualizando o mundo

Essa sinopse é apenas a ponta do iceberg dessa história intrincada. É preciso contextualizar um pouco mais esse mundo. Por duas frases ditas no longa, pude observar que igrejas não fazem parte do cenário. Não explica exatamente o porquê, mas elas não existem mais. Religião está fora de cena. Apesar de não ser algo comum, sempre há relatos de pessoas possuídas e também existem regras bem claras de como deve se portar nesse tipo de situação. Inclusive, pessoas profissionais para matar demônios existem e são enviadas por algum Ministério do país para que deem um fim a esse mal. O possuído é tratado como um doente, e se não seguir as regras, essa “doença” pode simplesmente se alastrar de forma alarmante.

As coisas saem errado

Para a existência desse filme fazer sentido é preciso que tudo dê errado, e dá. É impressionante como ele vai de 0 a 100 muito rápido. No início, temos um pouco de ojeriza e estranheza e logo ficamos chocados com a sucessão de mortes fortes e impactantes que começam a se suceder. Nada estava me preparando para isso, e ele não perdoa ninguém. A ideia é te deixar mal e completamente desesperançoso sobre o que virá em seguida. Fiquei atônito em vários momentos tentando entender se o que eu estava vendo na tela era verdade. Se a dúvida vier, saiba que é isso mesmo que você está vendo. Cruel e sem perdão para o público. Já fica o aviso de que pessoas sensíveis não vão conseguir ver. A classificação é para maiores de 18 e eu diria que essa faixa etária é baixa.

Por mais sádico que isso tudo possa parecer, são nesses momentos que ele ganha o público. Nós temos o que temer e não sabemos de onde esse mal vai surgir. Como ponto negativo, coloco só que eu queria ter visto o rebuliço real dentro do vilarejo, e não só acompanhar nossos protagonistas. Além de que, algumas pontas foram deixadas soltas e sem explicação. Um dos irmãos tem um confronto com um dos demônios e simplesmente não mostra o seu desfecho, corta apenas para uma cena em que ele está bem. Podem até dizer que ele foi possuído também, mas suas atitudes em seguida não demonstram nem um pouco isso.

O Mal Que Nos Habita: Polêmico filme de terror que estreou em 2023

Filme estreia em 1º de fevereiro – Foto: Divulgação

Polêmica

Uma polêmica pode ser levantada junto a esse filme. Sem querer entrar em muitos detalhes ou dar algum tipo de spoiler, o transtorno do espectro autista é usado em certo ponto de uma forma inadequada. Quem possui entes queridos com tal condição pode se sentir ofendido, pois usaram a neurodivergência para demonizar pessoas neuroatípicas, que, infelizmente, são excluídas socialmente com frequência. Embora não tenha sido o que entendi, isso poderá afetar a percepção de pessoas preconceituosas em relação a pessoas com características neuroatípicas. Assim, aumentando o preconceito já existente.

Conclusão

O Mal Que Nos Habita definitivamente não é para todo mundo. Até a pessoa que é muito fã de terror pode ter uma aversão a ele, e não julgo. Porém, o filme nos mostra algo novo e em contraste ao que já vimos por aí. A direção de Demiám Rugna (Aterrorizados), que também assina o roteiro, é boa e rapidamente nos coloca na ponta do pé pelo nervosismo. O longa quase ganha uma nota máxima, mas alguns pequenos problemas e uma possível polêmica a pessoas com transtorno do espectro autista diminuem um pouco essa nota. Esses detalhes não tiram o mérito final da obra, mas prejudicam o que poderia ser simplesmente perfeito.

Por fim, não deixe de acompanhar o UltraCast, o podcast do Ultraverso que fala sobre Cultura Pop:

https://app.orelo.cc/uA26

https://spoti.fi/3t8giu7

Aliás, vai comprar algo na Amazon? Apoie, então, o ULTRAVERSO comprando pelo nosso link:

https://amzn.to/3mj4gJa

Trailer do filme O Mal Que Nos Habita 

Ficha Técnica do filme O Mal Que Nos Habita 

Título original: Cuando Acecha La Maldad

Direção: Demián Rugna

Roteiro: Demián Rugna

Elenco: Ezequiel Rodríguez, Demián Salomón, Silvina Sabater, Luiz Ziembrowski, Marcelo Michinaux, Emilio Vodanovich, Virginia Garófalo, Paula Rubinsztein, Federico Liss

Onde assistir: Cinemas

Data de estreia: 1º de fevereiro de 2024

Duração: 99 minutos

País: Argentina, Estados Unidos da América

Gênero: Terror

Ano: 2023

Classificação: 18 anos 

Bruno Oliveira

0

Créditos Galáticos: