Novo ‘Massacre da Serra Elétrica’ até diverte e impressiona, mas precisa se reinventar
Pedro Marco
A onda de reviver os clássicos do terror slasher segue a todo vapor. Depois uma nova série do brinquedo assassino Chucky, de uma inesperada sequência de Pânico e do segundo capítulo da nova trilogia de Halloween, chegou a vez do assassino original do gênero voltar a dar as caras: O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface (Texas Chainsaw Massacre).
Em seu nono filme, temos o retorno do grande serial killer inspirado no assassino real Ed Gein, em seus excêntricos costumes de retirar o rosto de suas vítimas e colocar sobre o seu. Ignorando as três sequências, dois remakes e até mesmo os recentes longas lançados, a nova produção segue o exemplo de Michael Myers em ser uma continuação direta do original de 1974. Por mais que isso já tivesse sido tentado, e falhado.
O projeto, lançado pelo serviço de streaming da Netflix, tem as mãos do até então diretor independente David Blue Garcia, que, desde o início, já abre o filme com uma metalinguagem muito bem aplicada, em um mundo digital que vangloria tragédias em prol das vendas de produto. Boa intenção essa, que viria acompanhada de discursos bastante equivocados mais pra frente.
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Pecados e deslizes
O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface segue a premissa básica de um grupo feliz de jovens bem intencionados que acabam viajando ao Texas na esperança de mudar de vida e acabam acordando a fúria adormecida do grande assassino que usa uma motosserra como principal arma (sim, ela nunca foi uma serra elétrica. Isso é loucura da tradução brasileira). Neste ponto o longa acaba repetindo o pecado dos filmes anteriores ao apresentar personagens rasos, sem tempo de desenvolvimento e sem o menor senso de empatia gerado para que as mortes sejam sentidas.
Por outro lado, a atualização da história para os tempos atuais é a mais clara dentre as novas produções do gênero, trazendo temas como cancelamento, lives, movimento armamentista e movimentos racistas em cidades do interior americano. No entanto, o filme desliza de forma preocupante ao desenvolver sua final girl, Lila (Elsie Fisher), como alguém que sofreu um trauma de tiroteio em sua escola (com alusões ao caso de Columbine), mas que vai contra seus preceitos anti-armamentistas ao se ver encantada por armas e, claro, usar uma espingarda para enfrentar o vilão.
Esta quebra parece um claro comercial pró armas, onde ela estaria indefesa caso não tivesse em posse do objeto para sua defesa, criado a partir de um trauma real com base em uma das maiores tragédias do país. Apesar de velada, a mensagem acaba parecendo destacada em um filme de entretenimento com base em humor ácido, levantando bandeiras perigosas no cenário atual.
Terror funcional
Como um filme de terror, pode-se dizer que O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface funciona. Há bons sustos, ótimos momentos de tensão e uma grande chacina dentro de um ônibus que, certamente, ficará para a história do cinema slasher. Além disso, pela primeira vez, fez jus ao título de Massacre da Serra (NÃO) Elétrica.
De forma quase esquecida, tem-se ainda a presença superficial de Owen Fuéré no papel de Sally Hadersty, substituindo a saudosa Marilyn Burns, que faleceu em 2014. Por mais que seu conceito inicial pareça uma cópia da persona de Laurie Strode (Jamie Lee Curtis) nos novos filmes da franquia Halloween, o final de Sally acaba sendo bastante decepcionante.
Divertido e criativo, mas…
A morte prematura da Sally, apesar de ser positivamente surpreendente em sua intenção, ocorre antes de ser criado qualquer empatia com a personagem. O que traz um sentimento diferente de revolta com o filme durante a cena. Sua construção ao longo da trama se encerra com uma cena de atuação que causa vergonha alheia, seguida de um sentimento de “eu devo ter perdido alguma cena”.
Por fim, os 83 minutos de O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface terminam com um grande gancho para reviver a franquia. Com direito a uma interessante cena pós-crédito. De fato, o filme diverte e impressiona na criatividade das mortes e nas maquiagens. Mas precisará de uma longa revisada de conceito para uma vindoura sequência.
Onde assistir ao filme O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface?
A saber, o filme O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface está disponível para assinantes da Netflix. Aliás, vai comprar algo na Amazon? Então apoie o ULTRAVERSO comprando pelo nosso link: https://amzn.to/3mj4gJa.
Trailer do filme O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface, da Netflix
O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface (Netflix): elenco do filme
Sarah Yarkin
Elsie Fisher
Mark Burnham
Ficha Técnica
Título original do filme: Texas Chainsaw Massacre
Direção: David Blue Garcia
Roteiro: Chris Thomas Devlin
Duração: 83 minutos
País: Estados Unidos
Gênero: terror
Classificação: 18 anos