O Mecanismo | Para José Padilha, série da Netflix sobre a Lava Jato conta história da operação que ‘mudou o país’
Juliana Góes
O elenco principal de O Mecanismo conversou com a imprensa durante a coletiva para promover a série da Netflix, que aconteceu na última quinta-feira, dia 15 de março, no Copacabana Palace, um dia depois da festa de lançamento. Também estavam presentes os diretor José Padilha, Marcos Prado e a roteirista Elena Soares.
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Antes dos atores entrarem, José Padilha foi entrevistado no palco pela jornalista Malu Gaspar, com toda a imprensa presente. O diretor e criador da série falou sobre política, corrupção e a Lava Jato. Depois, o influenciador Hugo Gloss mediou a coletiva com o elenco. Padilha começou explicando sobre o que, para ele, significava o título da série:
“‘O Mecanismo’ é algo generalizado no Brasil, a corrupção faz parte da lógica da política. Nos EUA e na Europa também existem casos de corrupção, mas aqui a corrupção estrutura a política brasileira”
“Os partidos são financiados por empresas que prestam serviços ao Estado, e quando esses partidos são eleitos, colocam pessoas em cargos chaves para administração pública, e a colocação de pessoas nesses cargos é o que movimenta os acordos políticos nas formações de novos partidários no legislativo e também a indicação de ministros no executivo, tudo isso é corrupção. Quando esses cargos são distribuídos e essa base de governo está montada no Congresso, então o ‘mecanismo’ começa a ser operado”, explicou o diretor.
Para José Padilha, a Operação Lava Jato, na qual a série se baseia, que a Polícia Federal realizada desde 2014, muda a história do país. Ele acredita que a falta de ideologia política é a grande culpada das mazelas do Brasil.
“Esse ‘mecanismo’ é subjacente à grande parte das mazelas do Brasil, o fato da segurança pública e da educação não funcionar, tem a ver com isso. O ‘mecanismo’ não tem ideologia, ele existe no governo de direita e de esquerda, já os formadores de opinião têm ideologia. A Lava Jato conseguiu alguma coisa, pois a próxima grande empresa vai pensar cinco vezes antes de fazer o que ela fez, e isso é uma conquista da Lava Jato. A Lava Jato tem uma história. A série começa em 2003, com o fato verídico do Gerson Machado, que prendeu o doleiro Alberto Youssef”, conclui o cineasta.
Marcos Prado, que também é um dos diretores do seriado, comentou o que mais o chamou a atenção no projeto: “O que me atraiu na série foi a historia inspirada na Lava Jato, a vida pessoal dos personagens, o ponto de vista deles vivenciando aquela situação no meio de uma investigação, e também a vida pessoas dos empreiteiros e doleiros.”
Selton Mello, que interpreta o delegado Marco Ruffo, disse que, apesar de a série ter um teor político, quem não entende do assunto poderá se identificar com o seu personagem: “Ele luta contra o sistema e contra esse ‘mecanismo’. O Ruffo é obcecado por isso. Mas ele também tem um lado cidadão, por este motivo o público poderá se identificar.”
O ator Enrique Diaz, que faz o doleiro Roberto Ibrahim, falou sobre o lado carismático de seu personagem: “Ele é um homem, que tomou decisões erradas, não foi criado para ser odiado pelo público, é um ser humano normal, tem uma família.”
O Mecanismo estreia em 23 de março na Netflix.