O Método Kominsky

O Método Kominsky | Série se despede sem maiores complicações

Guilherme Farizeli

O Método Kominsky é uma das comédias dramáticas mais legais da atualidade. A série conta com o talento de um inspirado Michael Douglas e a chancela do criador Chuck Lorre (Two And a Half Man, The Big Bang Theory). Depois de faturar um Globo de Ouro em 2019, a série voltou para sua terceira e última temporada na última sexta-feira (28). A grande questão foi a ausência do magnífico Alan Arkin, protagonista ao lado de Douglas e que decidiu não voltar para o último ano da série.

Pessoalmente falando, foi uma ausência bem sentida. O humor ácido do personagem era uma das coisas mais divertidas da série. Entretanto, como foi uma ausência planejada, a produção de O Método Kominsky soube lidar com o fato de maneira digna.

Para começar: o funeral

É isso aí aí. A terceira temporada começa com o funeral de Norman (Arkin), com todos os discursos e eulogia características do gênero. Lembrou o estilo adotado por Chuck Lorre quando Charlie Sheen foi demitido de Two And a Half Man e temporada seguinte começou justamente com o funeral de seu personagem. Mas, nenhuma outra série conseguiria começar sua temporada de encerramento com um funeral e se sair tão bem.

O discurso de Sandy (Douglas) é genial e emocionante ao mesmo tempo. Sensações que o personagem nos faz sentir de forma recorrente ao longo da temporada. Acima de tudo, os seis episódios nos levam por uma jornada através do luto de Sandy. Tudo regado por generosas doses do humor característico do personagem. Pode parecer um pouco pesado para um temporada que deveria ter sido uma celebração da série. Porém, depois de ter lidado tão bem com temas relacionados à mortalidade dos protagonistas ao longo das duas últimas temporadas, parece adequado que o luto seja um dos temas do final da série.

O Método Kominsky de preencher o vazio

Primeiramente, a ausência de Norman acaba dando mais espaço para o desenvolvimento de Sandy. E, na mão de Michael Douglas, mais espaço significa mais genialidade. Do mesmo modo, pudemos ver interações mais profundas entre Sandy e outros personagens divertidos. Eu destaco a relação estranha e deliciosa entre Sandy e Martin (Paul Reiser; Mad About You), que teve ótimos momentos na segunda temporada e cresceu bastante na atual.

E, é claro, a divertidíssima relação entre Sandy e sua ex-esposa Roz (Kathleen Turner). A química entre os atores é excelente e os diálogos rendem boas gargalhadas. E o legal é que, de certa forma, esse entrosamento já vem de filmes dos anos 80 como “Tudo Por Uma Esmeralda”, “A Joia do Nilo” e, principalmente, “A Guerra dos Roses”.

Nem tudo são flores

Por outro lado, o foco maior dado à Sandy, acabou por negligenciar o caminho de outros personagens. Os alunos da escola de atuação ficaram relegados ao segundo (ou terceiro) plano. A relação entre Mindy (Sarah Baker) e Martin também não caminhou como esperado. Phoebe (Lisa Edelstein) e Robby (Haley Joel Osment) também poderiam ter tido um final mais legal. A segunda temporada indicava um destaque maior para esse núcleo da série, mas, com a morte de Norman, a ideia parece ter sido deixada de lado.

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Conclusão

Definitivamente, não foi uma temporada tranquila de se realizar. A ausência de um dos protagonistas, a dificuldade de gravar em meio à pandemia. Sim, foram muitos os desafios. As soluções criativas, no entanto, estiveram à altura. Até a presença de Norman através de flashbacks em momentos cruciais da narrativa se mostrou um recurso bem inteligente.

Me arrisco a dizer que esse foi o encerramento mais tranquilo de um sucesso televisivo produzido por Lorre. Em Two And a Half Man, ele finalizou a série de maneira constrangedora, ainda brigando com Charlie Sheen. Em The Big Bang Theory, um encerramento às pressas pela recusa de Jim Parsons em assinar por mais um ano. Já em O Método Kominsky, mesmo com a ausência de Arkin foi possível amarrar bem a história e deixar os fãs com uma sensação satisfatória ao encerrar a jornada de Sandy.

O texto ácido na medida certa e a atuação incrível de Douglas fazem a série ressoar de uma maneira muito especial, sobretudo pelos tempos difíceis em que vivemos. Enfim, o negócio é apertar o play e ser feliz.

TRAILER

FICHA TÉCNICA

Título original: The Kominsky Method
Temporada: 3
Produtor: Chuck Lorre
Onde assistir : Netflix
Elenco: Michael Douglas, Alan Arkin, Sarah Baker, Paul Reiser, Kathleen Turner, Lisa Edelstein e Haley Joel Osment.
Data de estreia: sex, 28/05/21
País: Estados Unidos
Gênero: comédia
Ano de produção: 2021
Duração: 25–34 minutos
Classificação: 16 anos

Guilherme Farizeli

Músico há mais de mil vidas. Profissional de Marketing apaixonado por cinema, séries, quadrinhos e futebol. Bijú lover. Um amante incondicional da arte, que acredita que ela deve ser sempre inclusiva, democrática e representativa. Remember, kids: vida sem arte, não é NADA!
NAN