RESENHA | “O Planeta dos Macacos”, de Pierre Boulle ou “Quem é o Primata Irracional?”
Ricardo Cavalcanti
Será? |
Agora já consagrado, Pierre Boulle resolveu mudar de gênero literário, optando por contar uma história de ficção científica e o fez com uma facilidade (e qualidade) espantosa. Era nada mais, nada menos que “O Planeta dos Macacos”. O livro fez um enorme sucesso e rapidamente atraiu mais uma vez a atenção de Hollywood, que não poderia deixar de se aproveitar do êxito de mais essa obra. Mas não vamos falar sobre as adaptações para outras mídias agora: Estamos elaborando um dossiê com tudo de relevante relacionado universo símio na cultura pop, em breve aqui.
Dr. Gori e Karas nos ameaçaram, caso o dossiê não saia. |
A história é narrada através da leitura de uma mensagem encontrada numa garrafa perdida no meio do espaço, escrita por Ulysse Mérou, tripulante de uma nave que está em uma missão de exploração espacial. Nela, ele conta suas experiências ao pousar no planeta Betelgeuse, junto com outros dois tripulantes. Pousando na superfície do planeta, percebem que é possível respirar normalmente e resolvem fazer o reconhecimento do local. Notam que existem muitas semelhanças com a Terra e logo descobrem um grupo de humanos com comportamento animalesco. Enquanto tentam se familiarizar com os nativos, são surpreendidos por gorilas agindo de uma maneira, até então, surpreendente. Montados a cavalos e com armas em punho, capturam alguns humanos (além de dois dos tripulantes). Após a confusão inicial, podemos perceber que, naquele planeta, quem evoluiu foram os macacos, enquanto os humanos não passavam de bestas selvagens.
Aos poucos, descobrem que nosso viajante espacial é um humano diferente dos outros. Enquanto vários cientistas o estudam para saber o seu grau de evolução e inteligência, Zira, uma das cientistas, acaba lhe dando um pouco mais de atenção, percebendo que ele é mais que um animal um pouco mais evoluído, ou apenas bem adestrado. Com o passar do tempo, os dois conseguem manter um contato maior, enquanto aprendem a se comunicar um com o outro. Sua existência é mantida em segredo para que seja revelado somente no momento certo. Nosso personagem principal acaba se encantando por uma humana selvagem, passando a chamá-la de Nova. Seus constantes pensamentos nela acabam, por vezes, influenciando em suas atitudes
Quando finalmente é revelada a existência de um humano que fala, com inteligência e capacidade de raciocínio, acaba desencadeando uma onda de conflitos de interesses, inveja, intriga e medo por parte de alguns. Enquanto uns consideram tal descoberta uma ameaça real à existência da sociedade dos símios, outros acreditam que ele pode ser o elo perdido na cadeia de evolução dos macacos.
O que nos define como humanos? A capacidade de raciocínio? A consciência da própria existência? Possuir uma alma? Caso tivéssemos um contato com um ser tão inteligente e desenvolvido quanto nós, como será que reagiríamos? Será que os aprisionaríamos e os trataríamos como aberração? Certamente não viveríamos em harmonia, pois não conseguimos fazer isso nem com nossos semelhantes.
ALERTA!!
Caso leia o livro, fique um bom tempo longe do filme de 1969. Chega a ser embaraçoso toda a transformação que fizeram com a história. Ver o personagem ser transformado no estereotipo de um típico americano – arrogante, sarcástico, valentão, bom de briga, garanhão e que é bom com armas de fogo – deixa a gente com um gosto ruim na boca. Ou será que eu estou errado e todos os astronautas são assim? Vai ver estou mal informado. Afinal de contas, se precisar pousar em algum planeta e tiver que sair na mão com alguns seres que vivem por lá, é bom estar preparado mesmo. O Capitão Kirk já mostrou diversas vezes que isso é necessário. Mas podemos encaminhar essa pergunta ao astronauta brasileiro Marcos Pontes. Ele saberia confirmar.
Cenas de perigos reais encontrados no espaço |
Agora junte-se ao orangotango Clyde, à chimpanzé Chita e ao gorila Grodd, para acompanhar as aventuras nessa excelente história de ficção científica e torça para que eles não se unam contra você para te escravizar. |