‘O Preto de Azul’ traz respeito à religiosidade e uma sonoridade que ecoa
Cadu Costa
No mês de maio, mais precisamente no dia 11, um dos lugares mais legais da Lapa, bairro boêmio do Rio de Janeiro, o Bandolim Vegan Cult Bar, recebeu a exibição do curta-metragem O Preto de Azul, de Alvaro Tallarico e Leandro Ferra. O evento teve ainda a apresentação da cantora Bia Serrano e do músico Gilson Olivah.
Primeiramente, O Preto de Azul traz uma interessante história de um menino sonhador em busca de reconhecimento e fama. Porém, entre esse desejo e a realidade, há o mar. Grandioso, profundo, misterioso.
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Metáforas
O filme possui diversas metáforas religiosas e mitologias místicas unindo fé, respeito e uma sonoridade que ecoa desde o primeiro segundo. E as cores se entrelaçando na tela culminando numa unidade de música e imagens resulta numa experiência bastante proveitosa. Ver um menino preto sonhando, demonstrando sua fé, experimentando aventuras e tendo o mar como companheiro, traz sensações que se misturam com a nossa forma de enxergar o mundo.
Ou como diz o animador e ilustrador Leandro Ferra: “Eu quis contar essa nossa história através do mar e sua força e trazer essa religiosidade. Por isso, o azul é tão importante e está em tudo. É como ver a esperança através das ondas do mar.”
Kaialas na trilha sonora
O som do filme também merece elogios e, para isso, Ferra explica que, por conta do curta ter sido feito durante a pandemia de Covid-19, usou diversos sons de domínio público aliados à técnica e conceitos interessantes como o som de uma baleia ser a respiração do cantor Plácido Vaz, do Kaialas, responsável pela trilha sonora.
Aliás, O Preto de Azul tem o roteiro do jornalista e escritor Alvaro Tallarico e a direção tanto dele quanto de Ferra. Mas a trilha sonora merece um capítulo à parte. O Kaialas é um projeto de Tallarico e Plácido Vaz, e foi a música de mesmo nome que deu origem ao filme. Sobre isso, Alvaro explica: “É um filme sem diálogos guiado pelo som e pela música. Além dos elementos da natureza como o mar simbolizando uma divindade”.
Fé
A questão da fé é outro ponto central de O Preto de Azul. E isso tem a ver com a própria religiosidade de Alvaro: “O filme tem a ver com ancestralidade, com a minha ancestralidade. E quando conheci o Plácido Vaz, um amigo de Cabo Verde, durante o meu mestrado de Estudos Africanos em Porto, Portugal. O personagem tem muito dele e de mim. De como nós éramos vistos no país do colonizador. É aquele sonho da arte alcançar o maior número de pessoas e como a fé me move através das diversões religiões como as de matriz africana, judaísmo e catolicismo”.
Por fim, O Preto de Azul deve ser inscrito em alguns festivais e os criadores aguardam poder espalhar sua mensagem por aí. “Quando jogamos arte no mundo, nunca sabemos o que vai vir ou como e quem vamos atingir. Seja o que Deus quiser”, finaliza Alvaro.
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