The Night Clerk filme crítica

Foto: Saban Films / Divulgação

‘O Recepcionista’ é um filme fraco, mas simpático

Fernando Coutinho

O filme O Recepcionista (The Night Clerk), que entrou no catálogo da Netflix, tem a seguinte sinopse:

“Durante o turno da noite, Bart Bromley o jovem recepcionista de um hotel, testemunha o assassinato de uma mulher num dos quartos do hotel, mas os seus comportamentos incomuns acabam por colocá-lo como principal suspeito. No decorrer da investigação, Bart cria uma relação próxima com uma das hóspedes, Andrea, e rapidamente percebe que tem de parar o verdadeiro assassino antes que ela seja a próxima vítima. As imagens das câmaras de vigilância, que Bart mantém em segredo para observar os hóspedes, são a única forma de conseguir provar a sua inocência e salvar Andrea.”

Desperdício de elenco

Junte à essa sinopse quase hitchcockiana, um elenco encabeçado por Tye Sheridan e a bela Ana de Armas, além de Helen Hunt e John Leguizamo, e temos um filme que promete bastante. Infelizmente promete, mas não cumpre. É mais um daqueles casos de desperdício de premissa e de elenco.

Felizmente, dois pontos salvam o fime O Recepcionista de ser um desastre total (e de se juntar ao Quarteto Fantástico no tópico “fracassos” no currículo de Tye Sheridan).

Primeiro, um detalhe que é omitido na maioria das sinopses encontradas: o protagonista Bart tem síndrome de Asperger. Ele é “funcional” e demonstra ter grande desenvoltura no uso de tecnologia, mas tem profunda dificuldade em comunicação e interação social.

Foto: Saban Films / Divulgação

É devido à essa dificuldade de comunicação e interação que Bart pratica o que poderia parecer inicialmente como voyeurismo. Entretanto, na verdade, é uma observação – quase um estudo – para saber como as pessoas “normais” falam e se comportam, e poder imitá-las ao ser confrontado com situações em que precisar interagir com outras pessoas.

Tudo isso acaba gerando uma simpatia pelo personagem, e pelo filme por tabela. O “suspense”, baseado no assassinato ocorrido, entretanto, é raso.

‘O Recepcionista’ é um suspense raso, mas drama razoável

Quem está acostumado com filmes do gênero deve desvendar o “mistério” antes do meio do filme. O suspense – ou curiosidade – que fica mesmo é saber como Bart irá se comportar no desenrolar da história.

Aliás, o outro ponto que acaba contribuindo para salvar O Recepcionista do naufrágio são algumas sequências com o brilho pontual da interpretação de Tye, Ana e Helen.

Embora todos passem a maior parte do longa em uma interpretação engessada, em alguns momentos esses três conseguem deixar escapar seu brilho, como quando Bart fala de si e sua dificuldade.

A aproximação dele com Andrea também poderia ser até chamada de fofa por alguns, bem como a mãe Helen Hunt avaliando a jovem que vai procurar seu filho sem dizer uma palavra, são vislumbres do quão mais o filme poderia ter sido.

Em resumo, O Recepcionista é um filme fraco, mas que consegue ser simpático. Entretanto, melhor seria se fosse categorizado como um drama com uma pitada de suspense. Vale aquela assistida casual e descompromissada, mas não para algum fã ardoroso do gênero.

TRAILER

FICHA TÉCNICA DO FILME ‘O RECEPCIONISTA’

Título original do filme: The Night Clerk
Direção: Michael Cristofer
Elenco: Tye Sheridan, Ana de Armas, John Leguizamo, Helen Hunt
Onde assistir ao filme ‘O Recepcionista’: Netflix
Distribuição: Saban Films
Data de estreia: sex, 21/02/20
País: Estados Unidos
Gênero: suspense
Ano de produção: 2020
Duração: 90 minutos
Classificação: 18 anos

Fernando Coutinho

Profissional e professor de TI, é nerd desde antes do termo virar moda e da Internet ganhar o mundo. Antenado em tecnologia, literatura, filosofia, quadrinhos, filmes, séries, fotografia e boa música. Acredita que A Verdade Está Lá Fora e ao mesmo tempo dentro de cada um.
NAN