O Rei Leão | Principais diferenças entre o live-action e a animação
Beatriz Trindade
A Disney tem surpreendido a cada lançamento de seus clássicos em versão live-action. O anúncio de um remake de “O Rei Leão” causou alvoroço nas redes sociais. Afinal, o filme fez parte da infância de muitas pessoas e, sem medo de arriscar, é a animação preferida de grande parte delas. Parte do burburinho se deu pelo medo de estragar uma celebrada obra produzida pelos estúdios. Certamente, é inevitável uma comparação entre o clássico da animação e a nova versão. Seja pelos efeitos, bem como pela caracterização, escolha dos dubladores, musicalidade e as possíveis novidades que a nova produção traria. Certamente, esse texto contém spoilers do live-action.
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Representatividade e questões raciais
Em 1994, na primeira versão de “O Rei Leão”, os temas ligados à representatividade e questões raciais ainda não haviam sido tão popularizados e debatidos como atualmente. Por outro lado, em 2019, a internet e um maior número de pessoas tornaram os assuntos praticamente obrigatórios. A animação não trazia em si elementos estéticos suficientes para identificação e ambientação no continente africano. Muito menos na produção do filme, nas músicas. No live-action, a palavra representatividade foi levada a sério, assim como a importância do impacto que isso teria no público.
Além de respeitar as particularidades, como animais da região e da botânica, o próprio Hans Zimmer busca conhecimento na musicalidade do continente africano para criar e recriar as canções que compõem o filme. Na década de 90, o elenco que dava a vida aos personagens foi formado majoritariamente por artistas caucasianos. Diferente da versão animada, no live-action, as vozes de Beyoncé e Donald Glover são só alguns nomes dentro de um elenco majoritariamente de artistas negros.
Músicas
Na versão de 1994, as músicas tiveram a assinatura de Elton John e Hans Zimmer, que inseriram na trilha sonora muitos ingredientes comuns a época da década de 90. Eram cerca de 11 canções durante o filme e, em todas, uma instrumentalização pouco característica ao continente africano. Muito mais ao estilo Disney do período. Em 2019, com Pharrel Williams à frente da produção musical do live-action, além de John e Zimmer, a situação é bem diferente. Como parte do processo criativo e de produção, foram feitas viagens a regiões africanas, tornando possível identificação de batuques, cantos, bem como outros sons que caracterizam a inspiração no continente. Nessa segunda versão, foram acrescentadas músicas inéditas, como “Never Too Late”, de Elton John, e “Spirit”, de Beyoncé. Além disso, foram mantidos clássicos como “Circle of Life”, “”I Just Can’t Wait to Be King”,” Hakuna Matata”, “Can You Feel the Love Tonight”.
A canção “Circle of Life” (O Ciclo sem Fim), permaneceu na voz de Lebo M., que interpretou a primeira versão com Carmem Twillie, substituída aqui por Lindiwe Mkhize, uma cantora sul-africana. “The Lion Sleeps Tonight” (Quem dorme é o Leão), também está presente no filme, e a interpretação consegue ser bem fiel à da animação, mas com o acréscimo de uma belíssima divisão de vozes e com uma duração um pouco maior que a habitual, além do coral que se forma com os próprios animais da floresta na cena, diferente do original em que apenas Timão e Pumba cantam.
Ao contrário do que havia sido divulgado, a música “Be Prepared” entrou sim para o filme de um jeito bem diferente. Sem os sons de teclado e dançante como a primeira versão de “O Rei Leão”. A nova música de Scar está muito mais sombria e quase irreconhecível.
Personagens
Só o fato de se tratar de uma versão live-action já deixa as coisas bem diferentes da versão 2D de 1994. Obviamente, não foram utilizados animais de verdade e sim uma incrível produção de personagens hiper-realistas. A tradução do cartoon para o mais próximo possível da realidade ficou linda e rica em detalhes.
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Scar
O vilão Scar não possui a coloração avermelhada no corpo e juba preta como na animação. A versão 2019 levou em consideração a biologia animal para criar o personagem que aparecerá com um visual mais discreto, magro e muito maltratado. A explicação é que o leão com a pelugem da juba preta atrai mais as fêmeas e é considerado naturalmente o rei. Scar também é bem menos sarcástico e muito mais sombrio, bem diferente do leão da versão animada.
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Mufasa
Fazendo um contraponto ao irmão, Mufasa é coberto por uma pelugem e juba dourada, mas é ele quem possui no meio da juba uma coloração mais escura que o caracteriza como o rei.
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Simba
A juba de Simba da animação e da versão live-action também estão diferentes. No primeiro filme, o filho de Mufasa é dono de uma volumosa juba ruiva. Nesse atual, Simba, assim como o pai, tem a cabeça coberta com uma coloração dourada.
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Timão e Pumba
Timão e Pumba não têm a mesma aparência que você viu na antiga versão. O primeiro estará sem os tons quentes de amarelo e vermelho, mas muito mais próximo do animal real. Com Pumba foi o mesmo. Sem o tom de vermelho e coberto com uma cor de terra. Entretanto, esses dois personagens não perderam o espírito cômico e alegre que se esperava, apesar da mudança no visual.
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Rafiki e Sarabi
Rafiki e Sarabi foram os que tiveram as aparências mais fiéis às da animação. O macaco, por sinal, pareceu ganhar muito mais um tom místico do que na primeira versão. As hienas ganharam novos nomes, muito mais compatíveis com o continente africano em que a história se passa. Embora o nome de Shenzi tenha permanecido, os das duas outras hienas foram alterados. Ao invés de Banzai e Ed, elas passaram a se chamar Azizi e Kamari.
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Dubladores
Assim como na versão original, James Earl Jones interpretou Mufasa. Na primeira vez, a escolha ficou pelo fato dos produtores acharem sua voz parecida com a de um rugido de um leão. Em 2019, o ator permaneceu no papel do pai de Simba. Todo o restante do elenco de dublagem foi substituído, inclusive Whoopi Goldberg. Nala, que anteriormente era interpretada por Moira Kelly, agora possui a inconfundível a voz de Beyoncé. Zazu, o pássaro conselheiro, anteriormente, tinha a voz emprestada por Rowan Atinkson, o famoso Mr. Bean. Agora, deu lugar a John Oliver. Outras substituições feitas foram na voz do próprio Simba, interpretado por Donald Glover, e Scar, vivido pelo ator Chiwetel Ejiofor.
Tempo de Duração
Na versão original, o filme que contava a história de Simba tinha cerca de aproximadamente 88 minutos de duração. Nessa nova versão, o tempo limite foi de 118 minutos, equivalente a 30 minutos a mais.
Trama
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Fuga de Simba
Em 1994, o vilão Scar atraiu o sobrinho Simba com a desculpa de fazer uma surpresa para o pai. Em 2019, Simba será enganado pelo tio por acreditar que o local é aonde os leões aprendem a rugir.
- Hienas
Outra diferença é a união das hienas, que, no filme original, formavam um trio quase inseparável. Agora, você verá muitas vezes Shenzi destacada dos outros dois e liderando todo o bando de hienas.
- Vida selvagem
Antes, a vida selvagem fora dos limites do reino de Mufasa se resumia em parecer distante. No live-action, durante a rotina de Timão e Pumba, vemos a presença de outros personagens secundários e a reação deles com a presença de Simba, um leão, na região.
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Morte de Mufasa
A morte de Mufasa continuará dramática e dolorosa, mas uma grande diferença é que no primeiro filme, Scar feria apenas as patas dianteiras do irmão antes de permitir sua queda do penhasco. No remake, veremos o vilão ferir seu irmão no rosto antes de perfurar as patas dianteiras com as unhas que culminarão na morte do rei.
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Rivalidade de Nala e Shenzi
A rivalidade de Nala e Shenzi fica muito evidente durante um duelo que ocorrerá no final, uma novidade acrescentada na nova versão.
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Nala, Sarabi e Scar
Nala tem o ato heroico de fugir, ao invés de simplesmente encontrar o amigo. A leoa corre para buscar ajuda e então encontra Simba. No primeiro filme, isso não é mostrado, mas sim um feliz e acidental reencontro que culmina no retorno do verdadeiro herdeiro.
Sarabi permanece em posição de liderança após a morte de Mufasa. E Scar, para conquistar o respeito dos súditos, insiste que a leoa o aceite como seu rei, uma espécie de marido. Esse fato foi bem diferente do que na versão dos anos 90, que não se aprofundava na leoa após a morte do pai de Simba.
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Rafiki: igual, mas diferente
Apesar da caracterização praticamente idêntica, Rafiki está ainda mais místico e assume de fato o papel de um tipo de profeta ou mágico no filme. A animação nunca mostrou como o macaco chegou à conclusão de que Simba havia sobrevivido. Por outro lado, a nova versão mostra um caminho impressionante em que uma mecha de Simba faz até o Rafiki. O reencontro dos personagens também é um pouco diferente da original, pois o macaco não carrega tanto daqueles trejeitos cômicos que davam ar de loucura a ele.
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Visão de Simba
A cena que Simba revê Mufasa está bem diferente. No lugar de Mufasa reaparecendo no céu e falando ao filho sobre sua identidade, bem como a importância de assumi-la junto de suas responsabilidades, aparece apenas uma voz vinda do céu, junto de trovões e luzes do céu.
No Brasil
A maioria das pessoas, durante a infância, assistiu à versão dublada do filme da Disney. A equipe de dublagem no live-action não é a mesma, o que pode causar estranheza aos nostálgicos. Mas a novidade mais comentada da internet é a dublagem feita com Ícaro Silva e Iza. As interpretações de “Ciclo sem Fim” e “Se Prepare”, feitas por Graça Cunha e Rodrigo Miallaret, respectivamente, impressiona pela semelhança às originais.
Apesar de um tempo maior de duração e algumas novidades acrescentadas, ao se comparar com os live-action mais recentes, “O Rei Leão” é o mais fiel. Prepare seu coração, afinal, a nova versão é digna de honrar sentimentos de nostalgia ao tornar real a fantasia que acompanhou a muitos durante a infância. Leve um lencinho e se emocione.