O Sequestro do Papa - Filme 2023 - Leia a nossa crítica - Ultraverso

Fortes performances e narrativa potente - Foto: Anna Camerlingo / Divulgação

O Sequestro do Papa expõe caso real de abusos religiosos cometidos pelo Vaticano

Izabella Nicolau

Quando Edgardo Mortara, um menino judeu de seis anos, é retirado à força de sua família pelo Vaticano no século XIX, injustiças religiosas cometidas pela Igreja Católica se tornam públicas, culminando em um movimento político importante. Essa é a premissa de O Sequestro do Papa, baseado no infame “caso Mortara”, ocorrido em 1858.

Excelente tecnicamente

O filme, dirigido pelo renomado cineasta italiano Marco Bellocchio, conhecido por obras como De Punhos Cerrados e Bom Dia, Noite, mergulha profundamente na complexidade dessa história real. Bellocchio guia com sabedoria a narrativa que explora as camadas do sofrimento de uma família despedaçada enquanto expõe a autoridade institucional da Igreja, denunciando os abusos de poder do Vaticano.

A trama começa com a ordem de retirar Edgardo de sua casa, baseando-se em um batismo secreto realizado por uma empregada quando ele estava gravemente doente. A lei, naquela época, proibia que não-católicos criassem crianças batizadas, dando à Igreja o pretexto legal para o sequestro.

São nesses momentos marcantes, que trazem à tona sentimentos de raiva e indignação, que Bellocchio conduz com uma sensibilidade latente o espectador por meio de cenas carregadas de tensão emocional, envolvidas pela trilha sonora intensa de Fábio Capogrosso.

No entanto, nada disso seria possível sem as atuações potentes de Barbara Ronchi e Fausto Russo Alesi como os pais de Edgardo, que retratam com profundidade a dor e o desespero causados pela impotência diante de uma situação trágica. Enea Sala e Leonardo Maltese, que interpretam Edgardo em diferentes fases da vida, também se destacam, junto a Paolo Pierobon, interpretando o tirânico Papa Pio IX.

Visualmente, o filme impressiona com a cinematografia de Francesco di Giacomo, que captura a dualidade entre sofrimento e poder de forma crítica. A representação de Roma e dos cenários religiosos enfatiza a opressão da Igreja e a luta interna de Edgardo. No entanto, a tentativa de Bellocchio de misturar realismo com elementos místicos pode parecer exagerada para alguns, afetando a coesão da narrativa.

Críticas e reflexões importantes

O filme é uma crítica importante às injustiças religiosas, expondo como a Igreja Católica utilizou seu poder para impor suas vontades sobre os mais vulneráveis. A narrativa, apesar de um pouco dispersa e arrastada em certos momentos, mantém o espectador envolvido emocionalmente com a história da família Mortara, enquanto desperta uma reflexão sobre os abusos religiosos cometidos por instituições que usam de sua impunidade.

Conclusão

O Sequestro do Papa vale a pena ser assistido por sua importância histórica, pelas fortes performances e por sua narrativa potente, mas pode não agradar a todos devido ao seu ritmo e variação de tons. A obra de Bellocchio, embora consiga equilibrar a crítica social com uma história visceral, talvez deixe a desejar em termos de ritmo, mas ainda oferece uma experiência cinematográfica intensa e reflexiva.

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Onde assistir o filme O Sequestro do Papa

O filme está em cartaz nos cinemas brasileiros.

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Você precisa ver isso:

O Sequestro do Papa – Trailer

Elenco do filme O Sequestro do Papa

Paolo Pierobon

Fausto Russo Alesi

Barbara Ronchi

Enea Sala

Leonardo Maltese

Filippo Timi

Fabrizio Gifuni

Andrea Gherpelli

Samuele Teneggi

Corrado Invernizzi

Ficha Técnica – O Sequestro do Papa

Título original: Rapito

Direção: Marco Bellocchio

Roteiro: Marco Bellocchio, Susanna Nicchiarelli, Edoardo Albinati

Data de lançamento: 18 de julho de 2024

Duração: 134 minutos

País: Itália, França , Alemanha

Gênero: Drama, História

Ano: 2023

Classificação: 14 anos

Izabella Nicolau

Paulistana, nascida em 1999, Izabella mudou-se para a cidade de Santos para cursar Biologia Marinha, mas o destino a levou para o Jornalismo. Apaixonada por NFL desde que assistiu a Atlantafalconizada no Super Bowl LI, escolheu o Green Bay Packers como time do coração. Corinthiana, Nerd, louca por X-Men e apaixonada por seus times: Green Bay Packers, Corinthians, Bayern e Dallas Stars.
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