‘O Urso do Pó Branco’ é violento, engraçado, e você não poderia pedir mais
Marcelo Fernandes
Uma das maiores contribuições do cinema estadunidense são as produções B. Pérolas esquecidas e outras nem tanto, que antigamente eram figurinhas fáceis nos cinemas “poeira” das cidades. Porém, os tempos são outros, e esse estilo de filme geralmente vai direto para o catálogo de alguma das gigantes de streaming, passando rapidamente pelas salas de exibição mundo afora.
Embora alguns mereçam o limbo das intermináveis listas de escolhas desses sites na internet, outros inevitavelmente se destacam e merecem a telona. No caso de ‘O Urso do Pó Branco’ (Cocaine Bear), mais do que as salas assépticas de shoppings, o longa merecia um cinema de rua em alguma sessão dupla com filmes de kung-fu ou noirs lado B, com a companhia de amigos e emendando alguma festa para comentar as criativas mortes causadas pelo animal.
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Panteras e Ursos
Depois do fracasso retumbante com a nova versão de ‘As Panteras’, Elizabeth Banks dá dois passos para trás e resolve relaxar e se divertir com a absurda premissa de um urso cocainômano que estraçalha pessoas enquanto perambula por um parque no interior dos EUA. Para isso, convidou o amigo Ray Liotta, que em um de seus últimos trabalhos entrega um vilão caricato na medida, e aparenta estar se divertindo tanto quanto a diretora.
A história não precisa de muitas explicações: um traficante joga pacotes e pacotes de cocaína de um avião, morrendo em seguida. A droga é encontrada primeiro pelo urso do título, que descobre a função do pó e acaba viciada. Enquanto isso, o parque continua aberto, e todos os personagens (policiais, crianças, traficantes, adolescentes e os funcionários do parque) acabam por um motivo ou outro se dirigindo para o lugar.
Trash oitentista
O que se segue é digno dos filmes trash oitentistas: a mistura de piadas bobas que arrancam risos com mortes criativas que arrancam mais risos ainda e um pouquinho de passado para não dizer que são apenas personagens rasos que servirão de isca para o predador. Banks costura muito bem as histórias para que elas se cruzem e se encerrem de forma satisfatória, divertindo o público e dando alguns sustos.
A diretora acerta ao ambientar o filme nos anos 80, que foi quando ocorreu a “história real” que inspirou o roteiro. A falta de celulares colabora com o sentimento de não poder pedir socorro facilmente, e a trilha sonora com hits da época não parece gratuita: pelo contrário, aumenta ainda mais os efeitos do que se vê na tela, e consequentemente as risadas.
Cult movie
Não espere mensagens edificantes além de “não drogue os animais”: o longa é um exercício para equipe, produtores e elenco relaxarem e curtirem, e isso transparece na tela. O filme é como um respiro numa época em que se você não lançar algo que arrecade um bilhão é como se não existisse. O Urso do Pó Branco não ganhará nenhum Oscar, mas quem sabe em alguma futura mostra do lado B do cinema nos anos 20 marque presença, e talvez seja um “cult” como os Sextas-feiras 13 e Halloweens.
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Por fim, não deixe de acompanhar o UltraCast, o podcast do Ultraverso:
Trailer – O Urso do Pó Branco
Ficha técnica
Título original: Cocaine Bear
Direção: Elizabeth Banks
Roteiro: Jimmy Warden
Elenco: Keri Russell, Alden Ehrenreich, O’Shea Jackson Jr., Ray Liotta, Isiah Whitlock Jr., Brooklynn Prince, Matthew Rhys, Christian Convenry
Onde assistir: somente nos cinemas
Data de estreia: 30 de março de 2023
Duração: 95 minutos
País: Estados Unidos
Gênero: comédia, thriller
Ano: 2023
Classificação: 18 anos