Álbum ‘Sour’ explica o fenômeno Olivia Rodrigo
Cadu Costa
Se você não faz ideia de quem é Olivia Rodrigo e tem 30 anos pra cima, tudo bem. Também não sabíamos até ontem. Mas, se tens menos de 30, então deve estar bem por fora da música pop internacional. Portanto, precisa rever alguns conceitos pra ficar antenad@ no meio da galera. Mas calma que o tio do ULTRAVERSO vai lhe apresentar.
Olivia Rodrigo nasceu no seio do melodrama. Era 2003: milhões de adolescentes definiam no MySpace um novo parâmetro de sociabilização, colorido e personalizável. Surgia uma nova linguagem passivo-agressiva, alicerçada em slogans odiosos e música do My Chemical Romance na gringa e Pitty no Brasil. A ídola legítima desta época era Avril Lavigne. A cantora fazia da rebelião o seu cartão de visita, mas admitia amornar o tom de vez em quando. Aconteceu com o hit “I’m With You”: perdida, não procurava culpados pelos seus problemas, apenas a empatia de um estranho, uma limpeza de alma. Praticamente uma irmã mais nova da Alanis Morissette.
Dezoito anos depois de Avril Lavigne e 25 de Alanis, no álbum Sour, Olivia Rodrigo também escreve em torno de uma ferida aberta. No caso de “Drivers License”, o seu primeiro single, há um claríssimo culpado – necessário nessa coisa formativa que é o desgosto de amor. Mas a crueza é idêntica: se jogar na tristeza, sozinha, é um tipo particular de catarse. Mais inspirada por Taylor Swift, a cantora não precisou ouvir Avril Lavigne para entender isso: bastou-lhe ser adolescente.
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Quebrando e consertando
Como todos nós já o fomos, somos ou seremos, é fácil entender a trajetória ascendente do meteoro Olivia Rodrigo e a sua receita hormonal para o caldo de lágrimas. Relevante notar que é mais uma estrela da Disney empurrada para a indústria da música. Mas, ao contrário de Miley Cyrus ou Demi Lovato, não há uma primeira fase inocente para vender em simultâneo música, perfumes e acessórios e então culminar numa rebelião pública com os peitos de fora. Começa logo na vontade de chorar e quebrar tudo pra depois consertar e quebrar de novo.
Olivia Rodrigo é a maior revelação de 2021 no mundo pop e tem dominado as paradas musicais desde o lançamento de seu primeiro álbum, Sour, em 21 de maio. Conhecida pelos papéis de Paige Olvera em Bizaardvark (2016-2019), do Disney Channel; e Nini Salazar-Roberts em High School Musical: A Série – O Musical, do Disney+, a jovem de apenas 18 anos, em menos de uma semana, alcançou o primeiro lugar na lista das 200 músicas mais ouvidas no mundo e o Top 100 da Billboard, superando artistas como Dua Lipa, Justin Bieber, The Weeknd e Ariana Grande. Além disso, se tornou a música internacional mais ouvida no Spotify brasileiro, e acumulou ainda 80 milhões de views no YouTube nos primeiros 20 dias. Repetindo: ela tem APENAS 18 anos de idade.
‘Sour’ é bom?
Tá, mas música popular não é sinônimo de música boa (alô sertanejão de hoje em dia😝). O disco Sour de Olivia Rodrigo é bom? Aí, depende. O consenso geral foi que o álbum é forte como estreia e monta a moça como a nova cara do “pop na Geração Z”.
Aliás, a faixa de abertura do disco, “brutal” é simplesmente um lado completamente inesperado da cantora que ganhou a fama com a balada “drivers license.” Tem momentos líricos impressionantes de uma adolescente frustrada e os instrumentos refletem essa angústia, com guitarras pesadas e um riff que se repete durante toda a canção.
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“Eu sinto que ninguém me quer / E eu odeio a maneira como sou vista / Eu só tenho dois amigos verdadeiros / E ultimamente, estou uma pilha de nervos“, parecem letras prontas para colocar todo um sentimento de adolescência e deslocamento que passeia por diferentes gerações, dentro de uma caixa e enterrar o mais fundo possível para ser encontrado 50 anos depois. Porque o sentimento é o mesmo hoje, amanhã ou 100 anos atrás.
Abrindo assim, o ouvinte pode esperar essa narrativa nas letras por todo o resto mas numa sensação típica da idade. Claro que tudo gira em torno de relacionamentos fracassados e conflitos sentimentais vividos pela artista. Olivia Rodrigo não confirma nem nega, mas tudo parece ser em torno do ex-namorado e colega de elenco em High School Music, Joshua Bassett. Quem pensaria que uma crise de choro fosse bater tantos recordes. “Talvez eu seja muito emocional“, brinca na enérgica “good 4 u”.
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Perigos e descobertas emocionais
E o disco vai explorar esses perigos e descobertas emocionais de Olivia Rodrigo no auge dos seus 18 anos se referindo à desconfortável experiência juvenil como “azeda” (Sour, nome do álbum).
Mas, Sour é, principalmente, um disco pop e rock alternativo que incorpora o pop punk dos anos 2000 e baladas ao estilo Taylor Swift, influência mega citada pela própria Olivia Rodrigo.
Por fim, mesmo que você não tenha mais 18 anos, dê uma chance à menina, afinal a fossa chega pra tod@s. E Olivia Rodrigo se mostrou uma artista de respeito, talento e que não leva desaforo pra casa. Vou escutar de novo.😆
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