‘Operação Hunt’ questiona até onde vamos por nossas causas
Taynna Gripp
Dirigido e estrelado por Lee Jung-jae, a estrela de “Round 6”, Operação Hunt (Hunt) é um filme de suspense policial que aborda a complicada relação diplomática entre Coreia do Sul, Coreia do Norte e Estados Unidos durante a década de 80. Mais do que um óbvio filme de gatos e ratos, a trama tem complexidade e traz bons personagens e enredos secundários, mas acaba se perdendo dentro do emaranhado de situações que abre.
Leia também:
‘Alerta Máximo’ é bom entretenimento de ação, mas funcionaria melhor no streaming
‘Tár’ traz uma Cate Blanchett estonteante
‘A Última Festa’ é entretenimento passageiro
História real de Operação Hunt
Em operação em Washington D.C. (EUA), no final dos anos 70, o presidente da Coreia do Sul, Park Chung-hee foi assassinado pelo Diretor do Serviço de Inteligência de seu país. A partir daí, um clima de desconfiança extrema acaba surgindo entre os funcionários do governo, porque o assassino acaba morto e ninguém consegue descobrir seu mandante.
Park Chung-hee foi responsável por grande crescimento econômico na nação, todavia, seu governo era extremamente autoritário e, com seu assassinato, houve grande comoção em prol de um governo menos ditatorial, o que não ocorreu, afinal, em 12 de dezembro de 1979, Chun Doo-hwa deu um golpe de Estado e assumiu a presidência.
Tal contextualização política é necessária para entender as várias faces de Operação Hunt, principalmente a desconfiança de que todos os personagens têm um com o outro. Após quatro anos da morte do presidente em Washington, Park Pyung-ho e Kim Jung-do são dois agentes governamentais responsáveis por setores de inteligência do novo governo e estão investigando um possível espião norte-coreano.
Plots twists
Como bom filme policial, Operação Hunt é cheio de plots twists, tendo, inclusive, um final bem surpreendente. Muitos personagens entram em cena sem que a nossa concepção dê importância a eles, mas acompanhar a vida de Park Pyung-ho e de sua – de certa forma – enteada, prende nossa atenção nos momentos cruciais do filme.
A atuação de Lee Jung-jae é convincente, embora ele esteja melhor em “Round 6”, mas, na direção, não há crítica: o filme é rápido e faz o que se espera de um filme do gênero. Aqui estão presentes muitas cenas de tiro, perseguições, bombas explodindo e tortura. Sim, o filme tem muitas cenas de tortura, o que pode causar certo desconforto a quem assiste.
Tensão até o fim
De certo modo, as reviravoltas são tantas que acabam não dando tempo de botarmos em cheque a última versão da verdade apresentada, mas essa pode ser uma falha maior do roteiro do que da direção. A trama carrega, em duas horas e cinco minutos a tensão que só se esvai na última cena, quando finalmente entendemos as motivações por trás de quase tudo e conhecemos a verdadeira identidade do infiltrado.
Operação Hunt poderia ser um daqueles filmes em que todos os personagens estão dentro de alguma armação, confabulando por algo maior, e, quando os créditos finais sobem (depois da análise inicial de que faltou um pouco de diálogo, embora a ação seja predominante), acaba cumprindo exatamente isso: uma obra em que não existe um personagem que seja completamente bom. Cabe o questionamento de até onde nossas lutas pessoais são reflexos dos nossos desejos gerais? Sim. Mas compete também a sensação de que nem sempre as causas, por mais nobres que sejam, valem todo esse caos.
Onde assistir ao filme Operação Hunt?
A saber, Operação Hunt estreia na quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023, exclusivamente no cinema brasileiro.
Aliás, está de olho em algo na Amazon? Então apoie o ULTRAVERSO comprando pelo nosso link: https://amzn.to/3mj4gJa.
Por fim, não deixe de acompanhar o UltraCast, o podcast do Ultraverso:
Trailer do filme Operação Hunt
Operação Hunt: elenco do filme
Jung-jae Lee
Woo-Sung Jung
Hye-jin Jeon
Ficha Técnica do filme Operação Hunt
Título original do filme: Hunt
Direção: Jung-jae Lee
Roteiro: Jo Seung-Hee
Duração: 126 minutos
País: Coreia do Sul
Gênero: ação
Ano: 2022
Classificação: 16 anos