‘Os 7 de Chicago’: um filme necessário e candidato a prêmios
Jorge Feitosa
No ano de 1968, os Estados Unidos intensificavam seus recursos na Guerra do Vietnã. Ao mesmo tempo, crescia o movimento pacifista, personificado pelos hippies e suas manifestações contra o governo do então presidente Richard Nixon. O republicano se recusava a reconhecer a impossibilidade de vitória no país asiático.
Além disso, naquele mesmo ano, o Partido Democrata organizava uma convenção nacional na cidade de Chicago, Illinois. A saber, o objetivo era escolher seu próximo candidato à presidência. Contudo, os pacifistas viram nisso a oportunidade perfeita de expor ao mundo a insanidade de mandar cada vez mais soldados para uma morte quase certa numa guerra amplamente televisionada.
Esses protestos e a prisão de seus líderes são o mote de Os 7 de Chicago (The Trial of The Chicago 7), filme de Aaron Sorkin que a Netflix distribui em âmbito mundial. Ambicionando, claro, a temporada de premiações até o próximo Oscar.
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A trama do filme ‘Os 7 de Chicago’
Na trama do filme Os 7 de Chicago, além dos preparativos para os protestos, também são mostrados os do julgamento e a antecipada condenação dos acusados. Eles ficam na mira do relutante promotor Richard Schultz (Joseph Gordon-Levitt) e do manipulador juiz Julius Hoffman (Frank Langella).
Dentre os acusados, o foco vai para Tom Hayden (Eddie Redmayne), Rennie Davis (Alex Sharpe), Abbie Hoffman (Sasha Baron-Cohen), Jerry Rubin (Jeremy Strong), David Dellinger (John Carrol Lynch) e Bobby Seale (Yahya Abdul-Mateen II).
Conflitos de longa data, mas atuais
E, apesar do lapso temporal de cinquenta anos, é impressionante constatar que a essência do conflito político não deixa de se repetir. Assim como aqueles que estão no poder sempre manipulam os fatos de acordo com suas conveniências. Principalmente quando querem calar os insurgentes.
Mas essa estratégia, apesar de reconhecida desde o início do longa, é mostrada de forma competente pelo diretor e roteirista Sorkin. Ele deixa que os réus sejam engolidos pelo sistema nas mãos do juiz de Langella, diante dos aturdidos advogados de defesa de Mark Rylance e Ben Shenkman, assim como do espectador, que custa a crer que algo tão vil pudesse ser mostrado de forma tão singela.
Candidato a indicações
Aliás, nada de explicações didáticas. Isso porque o clima de conflito da época não difere em nada do atual, em que tantas manifestações pacíficas descambam para o confronto físico. Seja pelo sentimento de injustiça ou quando policiais cercam manifestantes ao mesmo tempo em que escondem suas identificações.
Entretanto, nada se compara à cena em levam Bobby Seale, usado para incutir terror por sua ligação com o movimento radical dos Panteras Negras, a uma sala após se recusar a se calar enquanto o júri e todos no tribunal observam em silêncio o que sabem que vai acontecer.
Os 7 de Chicago, enfim, é um filme necessário e certamente receberá algumas indicações. Mas não apenas por roteiro, direção e elenco, como também por usar uma época muitíssimo bem filmada com seu figurino e design de produção para retratar o espírito de nosso tempo.
TRAILER
FICHA TÉCNICA
Título original: The Trial of The Chicago 7
Direção: Aaron Sorkin
Elenco: Joseph Gordon-Levitt, Frank Langella, Eddie Redmayne, Alex Sharpe, Sasha Baron-Cohen, Jeremy Strong, John Carrol Lynch. Yahya Abdul-Mateen II
Distribuição: Netflix
Data de estreia: sex, 16/10/20
País: Estados Unidos
Gênero: drama
Ano de produção: 2020
Duração: 130 minutos
Classificação: 16 anos