‘Pai Nosso?’ causa impacto, mas é repetitivo
Matheus Soares
O drama de um casal que quer ter filho, mas o marido é estéril é uma coisa que ficou no passado a tempos. A fecundação in vitro mudou muito essa perspectiva, principalmente com clínicas especializadas nisso. Ainda assim, é um tiro no escuro, porque não se sabe quem é o doador. Com essa pano de fundo temos o filme documentário chocante Pai Nosso? (Our Father?) que chegou recentemente na Netflix.
O longa dirigido por Lucie Jourdan conta a história de várias mães que foram até o escritório do médico Donald Cline, muito respeitado e especialista na fecundação artificial. No entanto, em vez do sêmen vir de doadores anônimos, ele usava o próprio, culminando em mais de 90 ‘filhos’.
A história se desenrola depois que uma de suas “filhas” faz um teste de DNA e descobre que tem cerca de 90 meio-irmãos. Sendo que o fluido não pode ser usado mais de duas ou três vezes. Os envolvidos tentam processar o responsável por estupro e fraude, mas a lei de Indiana, nos Estados Unidos, não ajudou e se recusou a abrir processo mediante essas acusações. Isso porque, de acordo com o documentário, não houve violência e falta de consentimento.
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Marcante e repetitivo
Pai Nosso é o tipo de documentário que não vai sair da sua mente por um tempo. É a produção que te faz refletir enquanto assiste. Não só sobre a questão da fecundação e estupro, mas também a respeito da composição familiar. Donald Cline é pai só por passar material genético? São várias questões.
Porém, por mais impactante que seja no seu início, ele acaba andando em círculos. Visto que as história dos “filhos” são muito parecidas. A montagem do longa não deixa atrativa até o final, fazendo com que o espectador nem tenha a curiosidade de se informar. Até chegar o julgamento (nos 20 minutos finais), são várias repetições. Perdi as contas de quantas vezes o filme falou sobre a “Procuradoria”. Além disso, mostra alguns detalhes que poderiam ser mais aprofundados como o Quiverfull.
O que é o movimento Quiverfull?
O movimento racista e extremista religioso Quiverfull é quase como uma seita cristã. Tem como objetivo disseminar a ideia de que mulheres servem apenas para reprodução e que uma família deve ter a maior quantidade de filhos possível, pois eles seriam como “flechas”. Portanto, os integrantes do movimento deveriam competir por cargos públicos no futuros e tornar a lei bíblica como única e Estamental.
Tanto é que uma das frases mais citadas no documentário da Netflix é de Jeremias 1:5, “Antes que eu te formasse no ventre de sua mãe, eu te conhecia”, que é favorita de Donald Cline e usada em demasia no movimento.
Curiosidade
Devido a toda essa polêmica, em 2019 o estado da Indiana se tornou o primeiro dentro dos Estados Unidos a proibir que os médicos usassem o próprio esperma sem consentimento em inseminações
Onde assistir ao filme Pai Nosso?
A saber, Pai Nosso? estreou nesta quarta-feira, 11 de maio de 2022, no catálogo da Netflix.
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Por fim, não deixe de acompanhar o UltraCast, o podcast do Ultraverso:
Trailer do filme Pai Nosso, da Netflix
Ficha Técnica: Pai Nosso, Netflix
Título original do filme: Our Father
Direção: Lucie Jourdan
Roteiro: baseado em história real
Duração: 98 minutos
País: Estados Unidos
Gênero: drama e documentário
Ano: 2022
Classificação: 16 anos