‘Pantera Negra: Wakanda Para Sempre’ nunca será somente um filme
Cadu Costa
Falar sobre cultura pop contemporânea e não debruçar sobre ‘Pantera Negra – (2018)’ mostra duas coisas: ou você não é desse mundo ou é e quer ignorar a importância histórica do filme que ganhou três Oscars e foi indicado para mais quatro, inclusive a premiação principal daquela noite. Seja qual for a opção, isso diz mais sobre você do que outra coisa.
Como diz o rapper Baco Exu do Blues na sua maravilhosa letra de ‘Bluesman’: “…Querem que nossa pele seja a pele do crime / Que Pantera Negra só seja um filme…” E nunca será. É com isso em mente que quero criar em você a expectativa para ir ver a sequência ‘Pantera Negra 2: Wakanda Para Sempre’.
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Maior e mais forte
Se o primeiro filme já era uma força da natureza e mostrou a falácia que é não acreditar que obras com produções majoritariamente pretas podem ser fenômenos de bilheteria, agora o diretor Ryan Coogler atingiu um novo patamar. Ele trouxe ainda mais grandiosidade mesmo tendo de lidar com a morte prematura de seu astro Chadwick Boseman, em 2020.
Por conta dessa infeliz fatalidade, muitos se perguntaram como seria recriar esse sucesso partindo da perspectiva de não termos mais o ator que foi muito mais do que um personagem de quadrinhos. Mas eles conseguiram e o filme é um passo à frente para todo o Universo Cinematográfico Marvel.
Mais comovente
Essa sequência é maior, mais ambiciosa e claro, mais emocionante. Sem dúvida, é uma despedida comovente de Boseman e traz luz às diferentes formas que o luto pode assumir após a morte. Mas, felizmente, não temos somente isso pois o universo se expande em torno disso.
E é aqui onde a Marvel acerta pois não se trata de uma sequência qualquer para um dos maiores sucessos do estúdio visando lucro e bilheteria. Tampouco é apenas uma homenagem. É uma celebração da cultura africana na tela. Estamos juntos do povo de Wakanda sentindo a dor da perda de seu rei, do nosso rei.
Cronologia Marvel
A história se situa após os eventos de ‘Vingadores: Ultimato – (2019)’ e um ano após a morte repentina do Rei T’Challa. Wakanda ainda é a rica nação africana e busca encontrar forças para lidar com a ameaça imperialista dos países europeus e dos EUA que veem o vibranium do país como a solução para os problemas do mundo após a invasão alienígena de Thanos. E em meio a esse conflito geopolítico, a princesa Shuri (Letitia Wright) e sua mãe, Rainha Ramonda (Angela Bassett), estão devastadas, mas ainda precisam cuidar do país e seu povo.
Luto e Luta
Entre o luto e a luta, chegamos ao império subaquático secreto de Talokan e somos apresentados ao seu rei, Namor (Tenoch Huerta), que surge como uma ameaça à Wakanda depois de buscar a ajuda do país para impedir a invasão. E é aqui que a direção paciente de Coogler ganha vida para nos entregar um épico.
Assim como a vilania de Killmonger (Michael B. Jordan) em ‘Pantera Negra’ foi atingida com um senso de justiça comovente e genuíno, todo o personagem de Namor é definido por um amor inabalável por seu povo e uma vontade de fazer qualquer coisa para protegê-los. Até a origem do seu nome é explicada de um jeito a superar sua versão dos quadrinhos.
Namor
Namor não é um vilão e, assim como Killmonger, é um antiherói sexy, poderoso e impiedoso. Sua fúria contra o povo da superfície aponta ainda mais detalhes sociais que são facilmente reconhecidos e apoiados nos dias de hoje. E diga-se: extremamente válidos.
Quer falar de detalhes técnicos? Ok, fotografia maravilhosa, batalhas espetaculares, narrativa primorosa e um ápice digno de obras-primas. Se Letitia sustenta um filme sozinha? Não. Mas quem se importa? ‘Pantera Negra: Wakanda Para Sempre’ aponta para o futuro do UCM.
Ou você tem alguma dúvida sobre o que representa a personagem Riri Williams (Dominique Thorne) e sua armadura Coração de Ferro? Já parou pra imaginar que o Homem de Ferro terá uma sucessora preta com um potencial incrível?
Olhar para o futuro
‘Pantera Negra: Wakanda Para Sempre’ é o olhar pra frente de um estúdio poderoso e cheio de recursos. E esse futuro é preto e feminino como imaginou até mesmo Marielle Franco em uma de suas frases mais célebres. Por isso, não adianta querer analisar um filme desse porte com os critérios pré-estabelecidos porque isso seria diminuir sua importância. E esse texto não é sequer pra isso.
Coogler e toda sua equipe de trabalho 99% preta tiveram o delicado ato de equilíbrio ao trabalharem lindamente como uma sequência do filme de 2018, uma homenagem tocante ao personagem de Boseman e uma aventura complexa e emocionante da Marvel para mostrar que por mais que o estúdio seja uma máquina – das mais lucrativas -, histórias como essa são um lembrete de que há humanidade em seu núcleo.
Por fim, ‘Pantera Negra: Wakanda Para Sempre’ deixaria T’Challa orgulhoso, e é uma homenagem digna a Boseman e aos escritores e artistas da Marvel que primeiro imaginaram Wakanda e nos fizeram querer que continuasse para sempre. E por isso, mais uma vez parafraseando Baco Exu do Blues:
“…Jerusalém que se foda, eu tô à procura de Wakanda
Ha!”
Onde assistir ao filme Pantera Negra 2: Wakanda Para Sempre?
A saber, Pantera Negra: Wakanda Para Sempre estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (10).
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Por fim, não deixe de acompanhar o UltraCast, o podcast do Ultraverso:
Trailer do filme Pantera Negra 2: Wakanda Para Sempre
Pantera Negra 2: Wakanda Para Sempre – elenco do filme
Tenoch Huerta
Letitia Wright
Angela Bassett
Lupita Nyong’o
Danai Gurira
Martin Freeman
Dominique Thorne
Ficha Técnica do filme Pantera Negra 2: Wakanda Para Sempre
Título original: Black Panther: Wakanda Forever
Direção: Ryan Coogler
Roteiro: Ryan Coogler, Joe Robert Cole
Data de estreia: qui, 10/11/2022
Duração: 161 minutos
País: Estados Unidos
Gênero: ação, aventura, drama, ficção-científica, suspense
Ano: 2022
Classificação: 12 anos