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‘Passagem’: quando a dor emocional suplanta qualquer sofrimento físico

Jorge Feitosa

Depois de retornar de uma temporada no Afeganistão, Lynsey (Jennifer Lawrence) passa por um difícil período de reabilitação em consequência de uma lesão cerebral sofrida numa explosão. De forma gradual, ela deve reaprender os movimentos mais simples, como andar, escovar os dentes e dirigir. O que ela consegue com competência, até perceber que deve retornar pra sua Nova Orleans natal.

Em Passagem (Causeway), filme que acaba de estrear na Apple TV Plus, voltar pra casa era tudo o que Lynsey não queria. Algo claro na maneira cordial, mas distante, em que ela e sua mãe Gloria (Linda Emond) se tratam e em seu emprego como limpadora de piscinas que force a movimentação e condicionamento de seu corpo.

Mas Lynsey acaba por conhecer James (Brian Tyree Henry), alguém também distante da família e que, como ela, carrega as sequelas físicas e psicológicas de um incidente terrível. E ambos irão, aos poucos, expor suas feridas e limitações.

Brilho de Jennifer Lawrence

Nessa história dirigida por Lila Neugebauer, Lawrence brilha confirmando que é uma das melhores atrizes de Hollywood e fazendo de sua personagem alguém em fuga, procurando estar sempre em movimento e sair o mais rápido possível dali. Mesmo que até uma simples caminhada lhe tire o fôlego e ela interprete tal situação de forma tão natural que não lhe pareça exigir esforço algum.

Henry, por sua vez, não fica atrás, e constrói um homem jovem e com vitalidade, mas de alguma forma alquebrado e carente por lhe faltarem os laços de um relacionamento pessoal com outra pessoa.

E em Passagem, relacionar-se com alguém é ainda mais difícil quando a dor emocional suplanta qualquer sofrimento físico.