‘Pássaro do Oriente’ (Netflix) | CRÍTICA
Jorge Feitosa
Indecifrável.
“Vivemos todos em nossa própria realidade.”
Como todos os bons intérpretes, Alicia Vikander consegue colocar em seus personagens camadas que variam da inocência à periculosidade. Talvez pela criação de uma mãe atriz e um pai psiquiatra, ela carrega com firmeza, em suas feições delicadas e seu corpo esguio, personagens que vão da romântica protagonista de Amor e Tulipas, passando pela aventureira Lara Croft de Tomb Raider: A Origem, até a sedutora androide de Ex_Machina: Instinto Artificial. É, de fato, uma atriz de nuances como poucas de sua geração.
A trama
Em Pássaro do Oriente (Earthquake Bird), filme do diretor Wash Westmoreland e baseado no livro de Susanna Jones, com quem escreve o roteiro, Alicia mais uma vez mostra seu talento ao interpretar Lucy Fly, uma tímida tradutora levando uma vida retraída na fria Tóquio dos anos 80 e que a contragosto recebe ocidentais que vão tentar a vida no Japão.
Atraída pelo misterioso fotógrafo Teiji (Naoki Kobayashi), ela tenta engatar um romance enquanto vai tentando descobrir o que o leva a se esforçar tanto por fotos que não compartilha. Na outra ponta, vai ajudando a americana Lily (Riley Keough) a se instalar e se aproximar cada vez mais.
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Atuação impecável de Alicia Vikander
Não obstante a simplicidade da história, é na protagonista que Pássaro do Oriente encontra seu norte. Afinal, trata-se de uma mulher com um passado nebuloso dentro de uma sociedade onde ainda hoje não é incomum ver as esposas caminhando pelas ruas atrás de seus maridos. E na qual a posição da mulher ganha contornos de um abuso que só a mais completa submissão seria capaz de suportar.
E Alicia interpreta sua Lucy com uma fragilidade, de fato, impressionante. É como uma porcelana sempre prestes a se quebrar enquanto vai cedendo às investidas do namorado e da amiga.
Roteiro e montagem também merecem destaque
Outro ponto de destaque vai para o roteiro e a montagem, com cortes que vão alternando entre pontos passados e presentes para elucidar o mistério de um assassinato, enquanto os diálogos vão pontuando as motivações dos personagens em um ritmo muitas vezes lento. Mas sem prejudicar a compreensão da história.
Em resumo, Pássaro do Oriente é um filme de suspense tão sutil quanto a protagonista de Alicia Vikander, que consegue continuar cantando baixinho mesmo com todos os abalos de sua vida.
::: TRAILER
::: FICHA TÉCNICA
Título original: Earthquake Bird
Direção: Wash Westmoreland
Roteiro: Wash Westmoreland
Elenco: Alicia Vikander, Riley Keough, Naoki Kobayashi, Jack Huston
Distribuição: Netflix
País: Estados Unidos
Gênero: drama
Ano de produção: 2019
Duração: 106 minutos
Classificação: 16 anos