Paulo Miklos Do Amor Não Vai Sobrar Ninguém crítica do álbum 2022 Foto por Jose De Holanda

Foto: Jose De Holanda / Divulgação

Paulo Miklos emociona em ‘Do Amor Não Vai Sobrar Ninguém’

Wilson Spiler

Famoso por dar voz a muitas músicas do Titãs, Paulo Miklos lançou, no fim de maio, seu quarto álbum solo: Do Amor Não Vai Sobrar Ninguém. O disco surgiu das reflexões do artista sobre o isolamento social provocado pela Covid-19, trazendo a esperança de um mundo mais afetuoso no pós-pandemia.

Em um período em que muitas pessoas precisaram conviver diariamente trancados dentro de casa, “Ao Teu Lado”, a primeira faixa do álbum, já carrega essa mensagem que Miklos quis implantar no trabalho nos versos “Ao teu lado com alegria / Ao teu lado sonhando / Ao teu lado com imaginação / Ao teu lado sempre / Ao teu lado”. Uma letra simples, mas que diz tudo o que o cantor pretendia.

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Reflexão acima de tudo, amor acima de todos

“Um Misto de Todas as Coisas” volta a falar de amor, mas de forma diferente, abordando a questão da relação que ficou desgastada, outro sintoma do desgaste do convívio diário durante a pandemia. “Todo Esse Querer”, mesmo que tenta sido mera coincidência, faz alusão até à perda paladar e sentidos causados pela doença.

“É Assim que Eu Sei”, a faixa escolhida para o lançamento de Do Amor Não Vai Sobrar Ninguém retrata as pequenas coisas do dia a dia que não costumamos dar a devida atenção em uma conjunção de letra e melodia belíssima. Detalhes pequenos como “toalhas sobre os travesseiros”, “viagens que sonhamos fazer” e “sapatos nos pés trocados” emocionam em um período de tanta disseminação de ódio.

Homenagem a Sabotage

A homenagem ao rapper Sabotage, assassinado em 2003, é outro single que emociona. Em uma melodia – assim como a vibe – que remete demais à canção “Brasil”, de Cazuza, Paulo Miklos traz uma das mais belas e autênticas músicas do disco. É de arrepiar.

“Já escapei tantas vezes
Só com meus versos, sempre foi assim
Já escapei tantas vezes
Desses perversos e sumi!

O vento continua soprando
Quem disse
Que ele não está mais aqui
Nos muros das comunidades desenhadas
As homenagens que esses assassinos
Nunca vão ouvir”

Genuíno e ingênuo

“Um Sopro” mantém o nível de esperança, união e até amizade em alta. O amor de Paulo Miklos não se restringe apenas às relações entre casais. É o sentimento na sua acepção da palavra, genuíno, de quase uma ingenuidade.

O disco inteiro segue nessa linha de amor e reflexões sobre a pandemia. “Uma Conversa” é outra que toca nesse cerne. “Você parou para ouvir o que eu digo / Conversar com alguém é encontrar abrigo”. É ou não é para tocar o fundo da alma?

Musicalmente, Do Amor Não Vai Sobrar Ninguém não traz grandes inovações de Paulo Miklos, carregando, inclusive, muito dos Titãs, antiga banda do cantor. Esse quesito recai mais sobre canções como “O Que Ela Quer” e “Por que Censurar o Amor?”. O disco é muito mais sobre poesia do que harmonia ou melodia. Como diz a última canção “Se o Amor Ainda Existir”, “Se a gente puder impedir, não será o fim”. São sentimentos de esperança e paz, cada vez mais raros nesses tempos de tão nebulosos. Uma obra para se emocionar.

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Ouça Do Amor Não Vai Sobrar Ninguém, novo álbum de Paulo Miklos, ex-Titãs

Wilson Spiler

Will, para os íntimos, é jornalista, fotógrafo (ou ao menos pensa que é) e brinca na seara do marketing. Diz que toca guitarra, mas sabe mesmo é levar um Legião Urbana no violão. Gosta de filmes “cult”, mas não dispensa um bom blockbuster de super-heróis. Finge que não é nerd.. só finge… Resumindo: um charlatão.
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