Pedregulhos crítica do filme 45ª Mostra de São Paulo 2021

‘Pedregulhos’: um filme perdido no propósito

Ana Rita

Vencedor do Tigre de melhor filme no Festival de Roterdã, Pedregulhos (Koozhangal) expõe um pouco da vida numa região no sul da Índia, onde reside o grupo étnico tâmiles, focando na vida de Ganapathy, os seus conflitos e problemas em relação a família.

O homem é pobre e alcoólatra, com um forte comportamento abusivo com a mulher e o filho. No intervalo de tempo, aparentemente de um dia, Ganapathy quer que as coisas voltem a como era, com mulher e  filho em casa. Com essa premissa, esperamos algum momento de redenção e reflexão, que não acontece em momento algum, seguindo apenas o perdido e agressivo dele.

Agressividade

Logo no começo do filme, a agressividade desse homem nos é apresentada com um briga sem motivo em um ônibus, enfatizando seu temperamento esquentado.

Seguindo, conhecemos a mulher de Ganapathy, que após a rotineira abusividade se seu marido, volta para a casa da sua família, onde é protegida pelo irmão. O confronto nesse momento era de grande potência, podendo ter explorado uma discussão entre o papel do marido e mulher nessa comunidade. Ela diz que o lugar da mulher é cuidando da família, mas, ao mesmo tempo que seu irmão discorda dessa humilhação por parte de Ganapathy, resolve entrar em discussão com seu cunhado.

O filme Pedregulhos parece um todo de partes incompletas e pouco desenvolvidas na trama. Nem o próprio protagonista é desenvolvido, apenas conhecemos esse temperamento agressivo e frustrado. 

A relação pai e filho

O mais interessante – e ainda assim não desenvolvido direito – é a relação entre Ganapathy e seu filho. O menino sofre constantemente nas mãos do pai, vendo também o tratamento deste com sua mãe. Há um distanciamento entre ambos, mas uma esperança e amor do menino sobre o pai. É como se ele quisesse ajudar, não desistir do pai. Mas é só.

Ganapathy parece perdido e cego por essa raiva constante, essa agressividade intrínseca à sua natureza. Então, parte em uma jornada de volta a sua casa após não conseguir recuperar sua mulher. O sol forte, bem como a terra árida, dão o clima de jornada e dificuldades para o homem. Essa caminhada que, talvez seja cheia de simbologia, não consegue exprimir nada além do ambiente inserido, encerrando-se com a sua chegada em casa e continuando a violência com seu filho.

A comunidade

Pedregulho se preenche com cenas cotidianas da comunidade, como se quisesse mostrar essa realidade. Não sei se é uma tentativa de justificar a situação em que vivem com a agressividade de Ganapathy. Mesmo com uma câmera dinâmica, movendo bastante nas cenas e mostrando a interação dos personagens, o filme é bastante parado, sem ação.

Temos o vilarejo, sua paisagem e moradores vivendo sua vida normalmente, com cenas que não acrescentam em nada a narrativa, com uma aparente não ligação com Ganapathy.

Objetivo do filme

No filme Pedregulhos, acompanhamos, portanto, esse dia de Ganapathy. Conhecemos sua família, como ele interage com a sua comunidade no período de um dia e encerra-se com uma atividade cotidiana desse vilarejo, sem qualquer conexão com a história central. Sobrando apenas o problema apresentado da conturbada relação entre o homem e sua mulher, entre o pai e o filho, com agregado de cenas “cotidianas” e “comuns” dessa comunidade, que não adicionam à trama.

Sabe aqueles filmes que você assiste e mesmo depois que acaba fica sem entender qual o propósito, o objetivo e até a finalidade? Mesmo mostrando uma realidade diferente da que estamos acostumados, no caso ocidente, o longa não exprime nada além da existência de um conflito interno e externo a Ganapathy, que não muda em nada.

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Trailer do filme Pedregulhos

Pedregulhos: elenco do filme

Karuththadaiyaan
Chellapandi

Ficha Técnica

Título original do filme: Les Sorcières de l’Orient
Direção:
P.S. Vinothraj
Roteiro: P.S. Vinothraj
Onde assistir ao filme Pedregulhos: Mostra de SP 2021
País: França
Duração: 100 minutos
Gênero: documentário
Ano de produção: 2021
Classificação: livre

Ana Rita

Piauiense, nordestina e estudante de Arquitetura, querendo ser cinéfila, metida a crítica e apaixonada por cinema, séries, arte e música. Siga @trucagem no Instagram!
NAN