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‘Perseguição na Neve’ consegue errar em absolutamente tudo

Cadu Costa

Desde que Liam Neeson começou a arrebentar criminosos no já longínquo ano de 2008 em Busca Implacável, fomos apresentado a um novo tipo de heróis de ação: os sessentões porradeiros. Ou algo na linha do melhor estilo Charles Bronson.
E claro que isso influenciou o gênero dos filmes de ação, pois agora temos um novo estilo para um velho público. Mas o grande problema é quando uma ideia pontual vira uma tendência sem fim. Quando isso acontece, temos bons filmes como os de Liam Neeson, mas também esse Perseguição na Neve.

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A história de Perseguição na Neve

Estrelado por Tom Berenger, que teve seu auge no clássico Platoon (1986) e em filmes de ação dos anos 90, Perseguição na Neve conta a história de Jim Reed, um veterano do Vietnã que tem seus próprios demônios para lidar. Como costume, vive de caçar no norte de Maine, nos EUA. Em uma delas, ele encontra uma grande quantia de dinheiro roubado por um grupo de criminosos que fará de tudo para recuperar o montante.
O título original é “Blood and Money”, algo como ‘Sangue e Dinheiro’ numa tradução literal. Eu teria traduzido o nome do filme para ‘Ganância e Burrice’. Sim, porque aqui está algo que você não vê com frequência em um filme policial: um homem preso na selva gelada cai em um riacho e, em uma tentativa de salvar sua vida e evitar o congelamento até a morte, faz uma fogueira com várias notas roubadas. Há dinheiro suficiente para fazer um incêndio bastante caro, uma interpretação visual da frase “dinheiro para queimar”.
Não sei se o co-roteirista/diretor John Barr intencionalmente pretendia transmitir um trocadilho tão óbvio neste filme. Mas se o fez, apreciei o gesto. Ele serve à veia sombria e cômica da futilidade cármica que permeia a estreia do diretor de fotografia. Seu personagem principal tem azar o suficiente para preencher uma coleção de letras de blues, e mais de uma vez eu me vi rindo com a quantidade absurda de cenas extremamente estúpidas.
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Erros atrás de erros

Se ao menos Perseguição na Neve não fosse tão longo e tivesse mais desenvolvimento dos personagens, algum suspense e enredo, tudo teria contribuído para um gênero de filme de crime. Entretanto, os vilões são tão dispensáveis ​​e burros que mal são notados. O anti-herói Jim Reed até tenta ser mais elaborado, mas ainda é bastante vago. Suas próprias motivações são tão cretinas quanto seu carma e ficamos tão irritado como ele com sua infelicidade.
Afinal, Jim Reed está tentando enganar e fugir de quatro criminosos violentos, mas toda vez que coloca as mãos em uma arma, a mesma está sempre vazia e a vantagem é temporariamente perdida. Ele, então, efetivamente, amaldiçoa os deuses, gritando palavrões no vazio enquanto eu ria descontroladamente do meu lado da tela.
Por fim, com sua localização que dá frio só de ver, vigaristas incompetentes, reviravoltas do destino e uma ligeira lição moral sobre como não ser ganancioso – ou burro -, Perseguição na Neve tem um toque de irmãos Coen. A dupla, no entanto, teriam colocado mais peso em Reed para que suas angústias nos torturassem da maneira como o torturam. Sem essa substância, o filme tem potencial desperdiçado o suficiente para errar em absolutamente tudo.
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Trailer do filme Perseguição na Neve

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Ficha Técnica

Título original do filme: Blood and Money
Direção: John Barr
Roteiro: John Barr, Alan Petherick, Mike McGrale
Elenco: Tom Berenger, Kristen Hager, Paul Ben-Victor
Data de estreia: sex, 02/07/21
Onde assistir ao filme ‘Perseguição na Neve’: Netflix
País: Estados Unidos
Gênero: comédia romântica
Duração: 94 minutos
Classificação: 16 anos

Cadu Costa

Cadu Costa era um camisa 10 campeão do Vasco da Gama nos anos 80 até ser picado por uma aranha radioativa e assumir o manto do Homem-Aranha. Pra manter sua identidade secreta, resolveu ser um astro do rock e rodar o mundo. Hoje prefere ser somente um jornalista bêbado amante de animais que ouve Paulinho da Viola e chora pelos amores vividos. Até porque está ficando velho e esse mundo nem merece mais ser salvo.
NAN