Pintassilgo Goldfinch

Pintassilgo da Warner

‘O Pintassilgo’ | CRÍTICA

Alvaro Tallarico

Em O Pintassilgo (The Goldfinch), Theo Decker, aos 13 anos, perde a mãe em um atentado terrorista no Metropolitan Museum of Art de Nova Iorque. O filme é dirigido por John Crowley, e adapta o sucesso literário homônimo de Donna Tartt. Contudo, será que esse pintassilgo consegue voar?

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A narração inicial já deixa claro rapidamente quem é o protagonista, Theo Decker. Aliás, o personagem é vivido por Ansel Elgort, que mandou muito bem em ‘Em Ritmo de Fuga‘ e aqui não decepciona. Estamos em Amsterdã e o momento parece ser de desespero na utilização de uma fotografia soturna e acinzentada, ou seja, depressiva.

Uma das grandes graças do longa-metragem (é longo mesmo, mais de duas horas, talvez não precisasse tanto) é a apresentação e a importância de pinturas, antiguidades e música clássica. Inclusive, quem gosta desse tipo de arte, possivelmente poderá se conectar com mais facilidade à trama. Tudo isso permeado por uma aura de drama e suspense fazendo referências ao mundo mágico de OZ, Alice Através do Espelho (diversas cenas). Nicole Kidman é um atrativo em personagem contida.

Nicole Kidman e Baby Driver em Pintassilgo

Nicole Kidman: espelhos e símbolos (divulgação Warner)

Além disso, a trilha sonora original de Trevor Gureckis merece aplausos por complementar bem as cenas, auxiliando na tensão, sem falar na qualidade artística. Aliás, a direção de arte faz sua parte nos figurinos que denotam as mudanças psicológicas dos personagens (como quando Theo usa a blusa do amigo Boris). Há também a cena no corredor quando Theo segue entre portas vermelhas, cor que costuma simbolizar perigo, intensidade. Ou a flor violeta, adereço visto em um momento de reviravolta (a cor violeta é ligada, por exemplo, ao Mestre Ascensionado Saint Germain, conhecido por muitos estudiosos da meditação e espiritualidade).

stranger things à beira da piscina

Ainda por cima, palmas para o mergulho na piscina de Theo e Boris, a água do renascimento, acordando entre o pó. Sem dúvidas, os saltos entre passado e presente em conjunto com as nuances apresentadas ao longo da exibição pedem atenção ao espectador que é bombardeado com questões éticas e a luta do protagonista entre razão, emoção e solidão, além das fugas através das drogas em várias esferas.

Pintassilgo com Finn Wolfhard

Finn Wolfhard, melancolia, fuga e algo a mais (divulgação Warner)

Aliás, os fãs de Stranger Things vão gostar de ver Finn Wolfhard como o jovem Boris, um rapaz meio Tim Burton, goticamente melancólico. A cena em que estão fazendo traquinagens no mercado me remeteu ao clássico Clube dos Cinco. Ademais, Oakes Fegley vive o pequeno Theo com desenvoltura, sendo verossímil como um garoto traumatizado guiado por circunstâncias do destino.

Afinal, esse filme da Warner Bros. Pictures e da Amazon Studios, é uma exigente adaptação cinematográfica do romance best-seller e mundialmente aclamado O Pintassilgo, de Donna Tartt, que ganhou o Prêmio Pulitzer de ficção em 2014 e a Medalha Andrew Carnegie de Excelência em Ficção. Enfim, O Pintassilgo é esforçado em ver cinema como arte, tendo a mesma como importante subtexto a apresentar simbologias diversas que puxam pelo cérebro do público.

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Título original: The Goldfinch
Direção: John Crowley
Roteiro: Peter Straughan (baseado no livro de Donna Tartt)
Elenco: Ansel Elgort, Oakes Fegley, Nicole Kidman, Jeffrey Wright, Finn Wolfhard
Distribuição: Warner Bros
Data de estreia: qui, 10/10/19
País: EUA
Gênero: Drama
Ano de produção: 2019
Duração: 169 minutos
Classificação: 16 anos

 

Alvaro Tallarico

Jornalista vivente andante (não necessariamente nessa ordem), cidadão do mundo, pacifista, divulgador da arte como expressão da busca pela reflexão e transcendência humana. @viventeandante
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