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Foto: Divulgação

Pixies lança disco morno remetendo ao passado

Marcelo Fernandes

É interessante notar que a segunda fase do Pixies, que começou com a reunião da banda em 2004 até hoje, já dura mais que o dobro que a primeira encarnação da influente banda de indie rock, de 1986 a 1993. Outro ponto é que a produtividade de álbuns novos só agora alcançou em número o período pelo qual o grupo é mais conhecido.

Em seu novo disco, Doggerel, muitas das características pelo qual a banda Pixies é conhecida estão presentes: as dinâmicas; os arranjos meio doidinhos; algumas vezes até os gritos de Francis Black; e os backing vocals de Paz Lenchantin – que lembram Kim Deal. O que para uns é identidade para outros pode soar preguiçoso.

As influências de outros tempos são mais selecionadas, para combinar com a idade dos músicos. Por isso, muito da energia punk que tinham alguns clássicos do passado, é deixada de lado, dando mais espaço para sons que remetem surf music e trilhas de filmes, como o guitarrista Joey Santiago deixou claro em diversas entrevistas.

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Na primeira faixa, “Nomatterdey”, os tais gritos parecem faltar principalmente no refrão. Em um vocal que pode ser interpretado como preguiçoso ou comedido, dependendo do ponto de vista do ouvinte. Com raras exceções, Francis segue essa linha, talvez por acreditar estar mais de acordo com sua fase.

“Get Simulated” é uma daquelas que tentam ir um pouco além do que pode ser definido como o “som do Pixies”. Mas a experimentação no fim parece que só está ali para marcar presença, não aparecendo muito no resto do disco.

Assobios em “Pagan Man” e outros detalhes espalhados mostram as influências de Enio Morricone; porém, o que era urgente nos anos 80 e 90 agora passa o sentimento semelhante à música para passar um dia na praia. Não surfando em um mar desafiador, mas deitado na areia, relaxando.

Sarrafo alto demais

O problema é que o sarrafo criado pelo próprio Pixies acabou ficando alto demais. Em sons como “Who’s More Sorry Now?” e a faixa-título “Doggerel” as melhores de todo o disco, eles quase conseguem passar, mas sempre parece faltar alguma coisa.

Talvez um pouco do humor ácido de épocas passadas, não nas letras, mas nos arranjos. Por fim, o que era criatividade virou fórmula, embora seja claro que existe uma tentativa de levar para frente o som da banda sem esquecer as glórias passadas. O que já é mais do que muitos músicos contemporâneos do Pixies fazem.

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Ouça Doggerel, o novo álbum do Pixies (2022)

Marcelo Fernandes

Jornalista, músico diletante, produtor cultural e fã de guitarras distorcidas e bandas obscuras.
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