Depois de 30 anos de espera, Pixies finalmente se apresenta no Rio de Janeiro com clássicos e novidades
Marcelo Fernandes
Uma espera de mais de 30 anos; um setlist com mais de 30 músicas e duas horas de duração; zero conversa com a plateia; e muitas canções cantadas em uníssono com o público. O primeiro show do Pixies realizado nesta terça-feira (11) na casa de shows Vivo Rio, no Rio de Janeiro (RJ), teve tudo pelo qual a banda, uma das mais influentes da história do rock, é conhecida.
A audiência era formada por todas as idades: pais com crianças, adolescentes e o velho tiozão do rock com pelos brancos na cabeça e barba. Todos empolgados com a vinda de Black Francis (voz e guitarra), David Lovering (bateria), Joey Santiago (guitarra) e Paz Lenchantin (baixo e voz), a musicista argentina que substitui Kim Deal no instrumento e como mais simpática com o público, distribuindo sorrisos.
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Abertura, clássicas e cover
Como abertura, a banda GorduraTrans, da Baixada Fluminense, tentou empolgar o pequeno público que se multiplicaria exponencialmente para a atração principal com suas dissonâncias e guitarras carregadas de efeitos, fazendo um show competente e interessante.
O Pixies sobreviveu a diversas mudanças de paradigmas como uma das mais importantes bandas do Indie (ou College) Rock, do fim dos anos 80 e início dos 90, quando produziu quatro álbuns e um EP que figuram muitas vezes entre as listas de melhores da música, E foi com esse catálogo, começando pontualmente às 21h30, que nos primeiros acordes de “Gouge Away”, uma música de 1989, os fãs começaram a cantar junto, tirando sorrisos do vocalista, conhecido como sério e introspectivo no palco e na vida.
Depois, a banda revezou músicas do EP de estreia com faixas dos álbuns clássicos, executando principalmente as mais conhecidas, para uma cidade que nunca havia visto uma apresentação do grupo. Uma sequência de “Wave of Mutilation”; “Broken Face”; “Crackity Jones”; “Head On” (cover de The Jesus and Mary Chain); “Isla de Encanta”; “Monkey Gone to Heaven”; “Something Against You”; “Human Crime”; e “Cecilia Ann e Planet of Sound” levantou o Vivo Rio.
Novas músicas e hits
Os ânimos se acalmaram quando começaram as faixas da segunda fase da banda, inaugurada por “Indie Cindy”, de 2014, que, curiosamente, não teve nenhuma música tocada. O foco esteve para o novo álbum da banda lançado este ano, “Doggerel”, com algumas do anterior, “Beneath the Eyrie”, e apenas uma de “Head Carrier”. Para a nova leva de composições, o destaque fica para “Who’s more sorry now?”, com um refrão grudento e bem empolgante.
Logo a banda retornou à sua primeira fase, interrompida abruptamente em 1993. Francis Black, que trocava de violão para guitarra para violão, e assim sucessivamente, chamou dois de seus companheiros e após tocar um acorde com força, emendou as notas de “Here comes your man”, que diz a história quase não ter sido gravada por ser “pop demais”. Mas a plateia não queria saber da batida conversa de bar sobre o que é pop e o que é true, e cantou como se fosse o primeiro lugar do Spotify atual.
Catálogo de primeira
É interessante notar que um dos motivos pelo primeiro fim do Pixies foi a falta de reconhecimento. Sendo que 11 em cada dez bandas se dizia influenciada por eles, por seu senso pop estranho e suas composições fora do padrão. Voltando com clamor popular, seu público foi sempre crescendo e amadurecendo com o passar dos anos, mostrando a força das canções feitas no limiar do grunge não ficou resumido aquele período de tempo.
Sobreviveu à saída da primeira baixista, Kim Deal, e à perda precoce da segunda, Kim Shattuck. Encontrou em Paz Lenchantin uma substituta à altura, com uma voz doce como comprovado em “Gigantic”, e um sorriso que parecia grudado ao rosto o tempo todo.
E que catálogo! Poucas bandas têm a quantidade de músicas que resistiram ao teste do tempo como o Pixies, e no terço final do show no RJ, enfileiraram mais clássicos alternativos. No final, ainda teve direito à hiperfamosa “Where is my mind”, conhecida das novas gerações por causa do cover de Miley Cyrus, e o onipresente cover de Neil Young, “Winterlong”. Se cabe alguma reclamação, foi a falta de bis e poucas ausências entre a extensa lista de composições. Mas tudo bem, quem sabe em um retorno próximo, e que não demore 30 anos.
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Não deixe de acompanhar o UltraCast, o podcast do ULTRAVERSO:
Setlist do show do Pixies no Vivo Rio (Rio de Janeiro / RJ)
Gouge Away
Wave of Mutilation
Broken Face
Crackity Jones
Head On – (The Jesus and Mary Chain cover)
Isla de Encanta
Monkey Gone to Heaven
Something Against You
Human Crime
Cecilia Ann (The Surftones cover)
Planet of Sound
St. Nazaire
Vault of Heaven
Who’s More Sorry Now?
The Lord Has Come Back Today
There’s a Moon On
Gigantic
Bone Machine
Cactus
I’ve Been Tired
Tame
Debaser
Hey
Caribou
All the Saint
Death Horizon
Here Comes Your Man
Vamos
Nimrod’s Son
The Holiday Song
Motorway to Roswell
I Bleed
River Euphrates
Rock Music
Velouria
Wave of Mutilation (UK Surf)
Where Is My Mind?
Winterlong (Neil Young cover)