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Plano 75 - Filme 2022 - Leia a nossa crítica - Ultraverso

Plano 75 é bom, mas deixa a impressão de que a obra está incompleta

Bruno Oliveira

Plano 75 está chegando ao Brasil em breve e com um certo atraso. O título é de 2022 e foi escolhido pelo Japão para ser o seu representante no Oscar de 2023 para concorrer a Melhor Filme de Língua Estrangeira. Não foi escolhido para ser um dos finalistas, mas possui um tema bastante polêmico que pode ser discutido em qualquer lugar que se propõe a uma boa conversa. Ele começa pesado, mas logo cai para um marasmo contemplativo e triste de certas decisões que precisam ser tomadas e que parecem estar todos de acordo com ela.

Sinopse do filme Plano 75

Notando que a população mais velha do Japão está afetando toda a economia, o Governo criou o Plano 75. Esse projeto consiste em um incentivo para que as pessoas com 75 ou mais de idade pratiquem a eutanásia em troca de um dinheiro para gastar como quiser e assim ajudar o desenvolvimento dos mais jovens. Nesse cenário conhecemos Michi Kakutani (Chieko Baishô), uma senhora de 78 que se vê obrigada a encarar esse incentivo por não ter mais chance no mercado e por se sentir solitária.

Uma distopia que merecia uma discussão maior

O filme começa de uma forma bem pesada, justamente com um massacre em uma casa de idosos. Não mostra, mas entendemos o que está acontecendo. Logo depois, nos é informado que está tendo um rompante de ódio contra os idosos. Por eles serem muitos, a economia do país está em declínio e isso estava prejudicando os mais jovens. Devido a isso, o governo se viu na obrigação de criar esse plano. É uma distopia sim, algo que poderia ter uma discussão muito maior, mas esse projeto passa como se fosse algo muito normal. Não existem pessoas contra isso, apenas parece que todos aceitaram essa solução de bom grado. O que acho um absurdo, pelo menos uma discussão um pouco mais acalorada deveria ter acontecido. Embora notamos que talvez não seja isso que o longa quer debater.

Foto: Divulgação

A dificuldade da 3ª idade

A verdadeira intenção dele é demonstrar como uma pessoa idosa se sente abandonada em um mundo como esse, que logo faz um paralelo com o nosso. Nossa protagonista possui 78 anos, perdeu o emprego e ninguém mais quer contratá-la devido a sua idade. Além disso, não possui família e suas melhores amigas também estão morrendo. A solidão pode ser sufocadora e o fim da vida, que pode ter sido maravilhosa e alegre, termina de forma melancólica e antinatural. Muito triste o que acontece por aí dia e noite. A exacerbação do Plano 75 só nos salta aos olhos do que vemos por aí diariamente, mas que não fazemos muito para cuidar dessas pessoas como realmente merecem. E olha que estamos falando do Japão, imagina pensar nisso a nível de Brasil.

Coadjuvantes que enriquecem a história

Além de nossa protagonista, temos alguns coadjuvantes bem interessantes. Temos o rapaz que trabalha na inscrição do plano 75 que dá de cara com seu próprio tio querendo aderir ao plano, o que faz com que sua cabeça comece a refletir de outro modo. Temos a funcionária do call center responsável por não deixar os idosos cancelarem o plano e que acaba se envolvendo emocionalmente com Michi; e também temos a funcionária responsável por guardar os itens das pessoas mortas, da qual só faz isso para ajudar sua filha que tem problemas no coração. Essas são histórias paralelas que tentam mostrar por outros olhares como esse mundo funciona e como tudo é triste.

Conclusão

Plano 75 começa com um ritmo pesado e logo cai somente para a melancolia. Ele não tenta criar um grande debate e nem mostrar coisas absurdas. A escolha de narrativa foca no mundo de uma pessoa que está prestes a deixar sua vida por falta de opção. A falta de um debate mais acalorado me fez falta e um contraponto a tudo isso deveria ter sido mostrado em tela. Assim como entender melhor o porque os jovens estão odiando tantos os idosos. Faltou, e nos deixa com a impressão de que a obra está incompleta. O longa não é ruim, mas ele não empolga. Pode ser que se envolva emocionalmente com nossa protagonista, dito isso, prepare o coração.