pøliva | Música para se fazer entender
Monique Ferreira
Hellen Assis é cantora, compositora, musicista e produtora, conhecida na cena da Grande Rio de Janeiro pelo seu trabalho com a Emrede Produções. Por isso, o lançamento de seu novo projeto promete movimentar a cena da região. pøliva é sobre a originalidade na diversidade dos elementos musicais e traz em suas canções a força do indie rock ao explorar com toda intensidade as sonoridades que transitam entre o introspectivo e o dançante, sendo complementadas com letras que levam à reflexão de maneira poética.
Para conhecer mais sobre este trabalho, convidamos pøliva para conversar sobre as suas expectativas com o novo trabalho, a renovação da cena do rock e suas experiências neste mercado.
Confira!
pøliva é um novo projeto, mas a sua carreira na música é bem extensa. Como esse ele surgiu?
pøliva surgiu da vontade de colocar minhas composições (são muitas) no ar e a quarentena foi o momento em que eu consegui me doar e dar total atenção a isso.
O projeto surgiu com essa necessidade de pôr pra fora tudo o que não cabe mais em mim, e nem é pra caber, que fica até difícil de explicar o que é por se tratar de profundas emoções, mas de uma certa forma é como eu consigo me comunicar com as pessoas, por ser uma linguagem imediata, livre e infinita, que é conectiva, que é sobre dizer, se fazer entender e não só falar por falar.
De uma visão espiritual, que pra mim é o cerne da questão da minha existência, se trata sobre frequência. Sobre o que me conecta e o que conecta outras pessoas.
Qual é a importância do trabalho autoral para você?
Embora eu tenha passado por outros projetos que trabalharam o autoral, nós não tínhamos mais uma continuidade na produção de novas canções e isso acabava gerando uma frustração em mim, enquanto artista, por não conseguir desenvolver essa parte de criação que eu tanto gosto de me envolver de maneira geral, e cair naquela rotina de tocar música dos outros nunca foi o suficiente. Nada contra fazer versões, até porque eu acho incrível poder recriar do meu jeito, mas o meu propósito na música sempre foi desenvolver o meu autoral.
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Você está criando um reinício ou uma extensão do seu trabalho?
Vejo como uma extensão do meu trabalho, até porque não me limito à possibilidade de participar de alguma forma desses e outros projetos, caso eles tenham algum tipo de desenvolvimento produtivo, no entanto, pøliva sou eu, é meu por completo, onde terá minha total dedicação e vai seguir comigo por toda a vida.
Qual é a sua missão com as novas músicas?
Minha missão é transformar o momento, a experiência, o sentimento, seja o que for, daquela aquela pessoa quando ela ouvir a música, para que ela possa sentir e se identificar alguma coisa sobre si mesma, que envolva todo um sentido da sua própria existência, que consiga fazer abrir a mente para que ela consiga captar verdadeiras sensações, que a permita explorar melhor cada dia de sua vida. Já que é assim, enquanto ouvinte, que eu me sinto quando ouço uma música que me faz desabrochar e me recriar, me envolver e levar aquela música para a vida. Há uma verdade daquela pessoa que fez, que faz todo sentido pra mim.
Você irá lançar um single na semana que vem. O que podemos esperar?
A música que irá para as redes em agosto já foi lançada. Embora seja uma composição minha, ela fez parte do 1º EP da banda Amplifica e se chama “Tudo o que eu serei”.
E essa nova versão é do projeto Helli & Morpheo (H&M), que segue uma proposta diferente. Esse projeto é sobre desenvolver um repertório de versões de canções existentes e gerar rentabilidade financeira, porque ele circula por um cenário mais comercial, como bares, pubs, eventos privados, casas de show, e, nessa fase do projeto, é sobre tornar cada vez mais o nosso repertório autoral em evidência. Isso impactará em novas propostas de composição para serem distribuídas e também na possibilidade de fechar mais shows com o repertório do nosso gosto.
Quer dizer que esse ainda não é o single de estreia de pøliva?
Na verdade, o meu single de estreia ainda não tem data marcada (risos). Muito interessante você achar isso, pelo resultado do envolvimento das redes, porque tá gerando o impacto que eu desejava!
Com relação ao meu single de estreia, falarei melhor numa nova oportunidade de conversa. Mas logo estará no ar. Posso dizer que ele tem a cara de indie rock brazuca. Em minhas composições quero o rock, o indie, o folk, o mpb, o soul, a clássica e o eletrônico bem misturados e desenvolvidos.
Sua proposta é voltada para o indie rock. Como você vê o mercado do rock atualmente?
O mercado da música mudou a forma de ser consumido, muito principalmente no rock. Até porque o rock é amplo, é infinito com todas as suas vertentes, fazendo com que o gosto pela sonoridade seja maior do que a referência enquanto gênero musical.
Às vezes a gente tá ouvindo rock, mas nem sabe que é rock e não é considerado propriamente dito como rock, mas o que faz o som ser rock é a base de sua criação e como o público que ama rock consome tal sonoridade, a ponto de se sentir representado por ela e ter as músicas compondo suas rotinas diárias em playlist, com um mix de várias gerações do rock, de lugares diferentes.
Essa amplitude também influencia na forma do rock se renovar?
A composição se tornou mais moderna. Vivemos uma era digital, da informação, de muitos elementos e isso direcionou o rock para uma outra categoria, naturalmente. O indie rock faz total parte disso. O que vejo é a necessidade de se reinventar como ouvinte, de tirar o modismo de que rock é só o clássico e se limitar a escutar só isso. O rock acaba ficando mais disperso por haver nichos específicos, por não querer ouvir o novo. E isso vai sendo definido por gerações.
A galera da antiga tá querendo ouvir mais o que escutavam na adolescência/juventude, recorrendo ao rock tudo o que é espelhado ao tipo de sonoridade que ouviam na época e acabou. Ir a um evento só pra ouvir banda cover, mano, pra mim é só um motivo pra curtir a noite; não tem muito impacto com a questão da essência artística, mas sim do que aquilo representa na vida de cada um.
Como você pretende impactar essa cena?
A melhor forma de impactar uma pessoa com um novo som é através da essência dele. Letra e melodia tem mais a dizer do que eu pensar em fazer uma música baseada em algum gênero específico existente. Acabo me limitando, ao criar composições que tenham apenas a ver com esse tipo de vibe, e torno tudo o mais do mesmo, sem deixar minha identidade em evidência. É na hora de produzir, na escolha dos elementos, que o direcionamento vai acontecendo e entendendo o que é melhor para preencher aquele som. E nada impacta mais numa canção rock do que a presença do conceito que aquele som tem, quer alcançar.
Você também é produtora. Conte mais sobre o seu trabalho neste setor.
Acho que o meu lado produtora faz a liga que o meu lado empreendedora propõe, inclusive ao escalar o meu lado artístico no mercado (risos).
Da mesma forma que era frustrante não ter um projeto em plena continuidade enquanto artista, enquanto negócio era muito difícil também de lidar com isso. Eu vivo da música, eu faço negócios no mercado da música, meu tempo é integral a isso. Um projeto musical é um produto e ele não aproveitado é um desperdício. Desperdiçar tempo com o que não cresce era sufocante. Banda é sufocante. Pra quem quer viver da música e conta com banda, ou romantiza muito essa ideia de ser rock star ainda ou realmente tem um grupo sólido, maduro e consistente, querendo ir à mesma direção.
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Como as suas experiências afetaram a formatação de pøliva?
O fato de eu nunca ter tido um projeto autoral sólido pra trabalhar e se desenvolver no mercado sempre me incomodou muito; sempre foi o andar pra trás, no geral da minha carreira. Nem todo mundo entendia ou se importava com isso, porque é muito fácil ter uma bandinha pra tocar quando rola show e trabalhar num banco, por exemplo. A galera só via a parte boa pra cada um. E tudo bem querer a vida dessa forma, só não era a minha forma de querer a vida.
É gostoso fazer a música, cantar, mas é muito gostoso também entrar no jogo do mercado e trabalhar o seu produto da melhor maneira possível. Hoje eu vejo isso completamente possível com pøliva, me sinto num enorme jogo de xadrez, pensando em todas as estratégias incríveis para serem usadas e alcançar resultados mais incríveis ainda, sem ter limite em nenhuma parte do processo. E juntar todas as possibilidades que eu já fiz com outros artistas, fazendo agora com o meu próprio projeto, deixa tudo mais objetivo porque eu sei exatamente onde quero chegar e o que tenho que fazer pra alcançar isso. Isso não quer dizer que se torna mais fácil, só que há mais possibilidades reais de rolar.
Para terminar, quais são os três artistas da cena nacional que você teria no line-up do seu festival?
Scalene, foi amor à primeira ouvida. A suavidade e o agressivo de uma maneira tão igual, como sendo 8 ou 80. Reconhecer tudo isso numa mesma identidade foi incrível!
Pitty, por sua forma de se reinventar e manter, apesar das nuances musicais em sua carreira, seu legado como principal mulher da atualidade a levar a essência do rock a frente, principalmente ao desenvolver seus pensamentos.
Francisco El Hombre. Eles têm um jeito próprio de fazer o seu rock, com a cara do Brasil e tornam as críticas encontradas em suas poesias numa reflexão de peso, que é o que me leva a degustar cada vez mais o som deles.
Todos os conceitos desses 3 projetos são tecnicamente e sonoramente bem pensados, construídos e produzidos. Não me surpreende o sucesso que alcançaram na cena.
Acompanhe a pøliva
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Então você é artista e acha que não tem muito espaço? Fique à vontade para divulgar seu trabalho na coluna Contra Maré do ULTRAVERSO! Não fazemos qualquer distinção de gênero, apenas que a música seja boa e feita com paixão!
Além disso, claro, o (a) cantor(a) ou a banda precisa ter algo gravado com uma qualidade razoável. Afinal, só assim conseguiremos divulgar o seu trabalho. Enfim, sem mais delongas, entre em contato pelo e-mail guilherme@ultraverso.com.br! Aquele abraço!