‘Projeto Gemini’ | CRÍTICA
Fachal Júnior
Já é assunto recorrente a capacidade do ator Will Smith em gerar bilheteria… ou era? Antes dos filmes da Marvel, que ‘quebraram’ as métricas em muitos aspectos, o ator era um dos nomes mais sólidos quando os estúdios procuravam alguém de alta reversão em bilheteria. Ele sempre fez parte desse seleto grupo de atores, diretores e/ou roteiristas que, apesar de qualquer pesar, geram arrecadação. Para o bem da verdade, os pesares andam recorrentes em sua carreira e, como natural consequência, ele já não ocupa mais as primeiras posições de alguns anos atrás. Mas parece que ainda há fé em sua ‘funcionalidade’… tanto que, dessa vez, dobraram seu rosto em tela. Entretanto, com direção de Ang Lee, história e roteiro de David Benioff (sim… ele mesmo, de GOT), Projeto Gemini (Gemini Man) é um fraco filme de ação.
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A trama
A saber, em Projeto Gemini, Will Smith interpreta Henry Brogan, um assassino sniper de capacidades sobre humanas que trabalha pro governo dos EUA. Mas ele está cansado, já não se vê mais fazendo o que faz e vai em busca de sua aposentadoria, aos 51 anos. Ao mesmo tempo, descobre que foi enganado a respeito da identidade de sua última vítima. Nesse momento, seus superiores começam a vê-lo como uma ameaça e seu clone é enviado para garantir seu fim.
História fraca e Cientificismo
A história e roteiro merecem poucas palavras. Afinal, tudo é bastante óbvio, com frases recorrentes, tensões de motivação fraca e sem surpresas. A limitação técnica do roteiro talvez seja o ponto mais crítico do filme. Há ainda uma pseudociência vexaminosa que esvazia completamente o personagem de Jr, o clone do protagonista. Aos olhos dos roteiristas, o clone, por ter o mesmo DNA de Henry, é Henry. Se sente como Henry, tem as mesmas aflições, bem como dramas e medos.
Uma idealização e descompromisso com os achados da ciência que beiram o ridículo. É como se tudo que vivemos enquanto indivíduos em nossa vida fosse descartado. Amizades, relações, leituras. Nada disso produziria mudanças e, apenas lendo o código DNA, saberíamos nossos medos, angústias, prazeres. De fato, isso é uma bobagem que destrói as possibilidades de complexificar as subjetividades de personagens que tiveram vidas, criações, relações, leituras, treinamentos completamente diferentes e sem contato entre si.
Cartagena e o Clone
Por outro lado, a ação tem seus momentos. A sequência filmada em Cartagena, por exemplo, entrega um belo espetáculo visual. É o melhor momento da obra. O problema é que tal sequência se dá no primeiro terço do filme. Daí pra frente, ladeira abaixo. Até a ação se compromete, algumas lutas de coreografia duvidosa, cortes excessivos, evitando mostrar o que não queremos ver.
Mas o que todo mundo queria ver, sejamos sinceros, é o clone do Will Smith em ótima qualidade 3D+. E é bem impressionante mesmo. Funciona e funciona bem. Luta, grita, anda de moto e convence. Já o 3D+… nem tanto. Uma tecnologia normal, alguns tiros e gotas chamam atenção, assim como as sequências na água se destacam positivamente. A saber, Projeto Gemini foi gravado em 120 quadros por segundo e exibido em 60. Ou seja, a cada segundo, 60 quadros, 60 fotos são exibidas para nossos atentos olhos. Como quase tudo recai em gosto, me contento em afirmar que não me agrada ver filmes em 60 quadros. Prefiro os 24 quadros tradicionais.
Aguardemos, portanto, os números do filme e da capacidade de conversão de Will. Contra ele, o filme.
::: TRAILER
::: FICHA TÉCNICA
Título original: Gemini Man
Direção: Ang Lee
Elenco: Will Smith, Mary Elizabeth Winstead, Clive Owen
Distribuição: Paramount Pictures
Data de estreia: qui, 10/10/19
País: Estados Unidos
Gênero: ficção científica
Ano de produção: 2017
Duração: 117 minutos
Classificação: 14 anos
Observação: O longa não estará disponível em 3D regular, somente no formato 3D+ em HFR (High Frame Rate)