QUEERLAND | Filmes LGBTQ+ no Festival do Rio
Giselle Costa Rosa
Mesmo sem alcançar meta de R$ 500 mil em vaquinha virtual e de quase não acontecer por motivos políticos, a 21ª edição do Festival do Rio começou nesta segunda-feira. O evento vai de 9 a 19 de dezembro e reúne cerca de 200 filmes, entre curtas e longas-metragens. Nesse concerne, separamos algumas produções LGBTQ+ ou com uma pitada de diversidade que são apostas no mercado do audiovisual.
Enfim, para saber dias, horários e locais de exibição, clique no título do filme. Agora é só agarrar o seu passaporte e embarcar nessa viagem de quase duas semanas pelo Festival do Rio!
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FILMES LÉSBICOS
Confira os filmes da programação do Festival do Rio que abordam relacionamentos homoafetivos entre mulheres ou com personagens lésbicos:
RETRATO DE UMA JOVEM EM CHAMAS
A obra de ficção escrita e dirigido por Céline Sciamma recebeu o Prêmio de melhor roteiro e foi vencedora da Palma Queer, para filmes de temática LGBT, no Festival de Cannes 2019. A saber, a história se passa na França, em 1770. Marianne, uma pintora, é contratada para fazer o retrato de casamento de Héloïse, jovem recém-saída do convento. Héloïse é uma relutante candidata a noiva e Marianne deve pintá-la sem que ela saiba. A artista a observa durante o dia e dedica-se ao quadro em segredo.
SIBYL
Exausta com sua rotina, a psicoterapeuta Sibyl retoma a primeira paixão: ser uma escritora. Sua mais nova paciente, Margot, uma problemática atriz em ascensão, revela-se uma fonte de inspiração mais do que tentadora. Assim, fascinada ao ponto da obsessão, Sibyl envolve-se cada vez mais na tumultuada vida de Margot, revivendo memórias que a colocam frente a frente com seu passado. Exibido no Festival de Cannes 2019.
NÓS DUAS
Por décadas, as aposentadas Nina e Madeleine esconderam seu amor profundo. Aos olhos dos que as cercam, são apenas vizinhas nos últimos anos de vida que dividem uma entrada comum: uma avó amorosa, viúva e uma mulher impetuosa e independente que almeja passar a vida com a pessoa que ama. Clandestinamente, elas dividem uma rotina de carinho até que, um dia, um acontecimento inesperado fecha o portal que as une. Na nova realidade, o segredo não pode mais ser guardado, se elas quiserem continuar juntas – e o amor incondicional das duas é posto à prova. Roteiro e direção por Filippo Meneghetti.
O CHÃO SOB MEUS PÉS
Produção austríaca exibida no Festival de Berlim 2019. Lola, uma bem-sucedida consultora de negócios quase balzaquiana, vive em constante movimento entre as empresas que é encarregada de reestruturar. Uma rotina de trabalho onde 100 horas semanais não são incomuns. Soma-se isso a sessões de ginástica, jantares com clientes e noites passadas em hotéis. Ela adota a mesma estratégia disciplinada ao administrar sua vida privada. Isto significa, entre outras coisas, que ninguém está autorizado a saber da existência de sua irmã mais velha, Conny, que tem uma longa história de doença mental. Além disso, ainda tenta esconder sua homossexualidade de todos.
RAIA 4
Filme brasileiro sobre a descoberta da sexualidade na adolescência. Amanda é uma nadadora pré-adolescente. Quieta e reservada, encontra, embaixo d’água, um refúgio onde os segredos não podem ser ouvidos. O conflito com os pais, as pressões do esporte, bem como da fase da vida, tudo parece se acumular no entorno de Amanda, que acaba se aproximando de Priscila, uma colega de equipe. Curiosidade do filme: estar na raia 4 na natação significa que o nadador foi bem nas eliminatórias. Portanto, irá nadar a final na melhor raia.
FILMES GAYS
Confira os filmes da programação do Festival do Rio que abordam relacionamentos homoafetivos entre homens ou com personagens gays.
E ENTÃO NÓS DANÇAMOS
Este filme foi o escolhido para representar a Suécia na disputa pelo Oscar de filme estrangeiro em 2020. Merab, bailarino desde a infância, tem seu mundo virado de cabeça para baixo quando encontra o carismático e descontraído bailarino Irakli. Então, Merab se sente ameaçado – e também atraído – por aquele que é, ao mesmo tempo, uma fonte de rivalidade e desejo. Assim, em um cenário conservador e tradicional, Merab terá que se libertar e impor sua identidade.
FRANKIE
Com Isabelle Huppert como protagonista na pele de Frankie, juntamente com o famoso diretor Ira Sachs (O Amor É Estranho), esse filme traz um personagem gay central – o primeiro marido de Frankie. Em uma entrevista dada ao Windy City Times (publicação LGBTQ+, de Chicago), Sachs disse que esse personagem seria o observador. Quase um substituto do próprio diretor, até certo ponto. Disse também que se via na pele de Frankie. A saber, a história aborda três gerações lutando com uma experiência de mudança de vida durante uma viagem de férias a Sintra, Portugal.
FILMES QUEER
Desta vez, confira os filmes da programação do Festival do Rio que abordam as incertezas da sexualidade e sua fluidez presente em seus personagens. Será que ele/ela é?
UMA MULHER ALTA
Longa vencedor do prêmio de melhor direção na mostra Un Certain Regard e do prêmio FIPRESCI no Festival de Cannes 2019, é o representante da Rússia no Oscar 2020 de filme internacional. Apesar de não ter uma temática LGBTQ+, há um beijo lésbico entre as protagonistas no decorrer da história por conta de uma cumplicidade. A saber, a trama se passa em Leningrado, quando a Segunda Guerra Mundial devastou a cidade, demolindo seus edifícios e deixando seus cidadãos em pedaços, física e mentalmente. Embora o cerco – um dos piores da história – tenha finalmente terminado, a vida e a morte continuam a sua batalha nos destroços que restam. Assim, duas jovens mulheres, Iya e Masha, buscam por sentido e esperança na luta para reconstruir suas vidas.
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UM LINDO DIA NA VIZINHANÇA
Uma história atemporal sobre a gentileza triunfando sobre o cinismo, baseado na amizade real entre Fred Rogers, o icônico apresentador de TV Fred Rogers vivido por Tom Hanks, e o jornalista Tom Junod. O filme, dirigido por Marielle Heller deve concorrer ao Oscar de Melhor Ator pela performance de Hanks. Dizem que Fred Rogers era bissexual.
MATTHIAS & MAXIME
Essa obra tem amor, humor e amizade envolvidos, abordando as incertezas sobre a sexualidade. Matthias, casado, um profissional em ascensão, Maxime e o grupo mais próximo de amigos de infância da dupla estão se aproximando dos 30 anos. Depois de topar fazer parte das filmagens de um curta de estudantes, Matthias e Maxime descobrem que terão que se beijar diante da câmera. Então, a cena provoca emoções confusas e abala a amizade dos dois de um jeito que eles nunca poderiam imaginar.
SYNONYMES
Vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim 2019, esse filme conta a saga de Yoav em Paris. Ele está determinado a “deixar” de ser israelense. Nessa jornada, um jovem casal francês com quem faz amizade tem algumas ideias bem estranhas para ajudá-lo.
QUARTO 212
Depois de uma briga com o marido, Maria resolve dar um tempo e sai de casa. Em seguida, ela se muda para o quarto 212 de um hotel do outro lado da rua, com vista privilegiada para seu antigo apartamento, para o marido que acaba de deixar e, de certa forma, para a vida que dividia com ele. Enquanto pensa se tomou a decisão certa, muitos personagens de sua trajetória opinam sobre o assunto. Todos a confrontam, ela gostando disso ou não, ao longo de uma noite que se revela transformadora.
O VERÃO DE ADAM
Filminho com pegada queer. Adam, adolescente, vai passar o verão com a irmã mais velha, Casey, em Nova York. Desde que saiu de casa, Casey se integrou à comunidade LGBTQ+. Lá, quando Adam acompanha uma marcha pelo casamento igualitário, ele conhece Gillian e se apaixona. Mas ela confunde as preferências de Adam. Então, o que começa como um mal-entendido evolui para uma comédia de erros.
CARLINHOS E CARLÃO
Filme brasileiro, de Pedro Amorim, fala sobre Carlão, um homem preconceituoso que trabalha em uma concessionária de carros com Cadinho, Zeca e Antunes. Nas conversas entre eles, Carlão sempre se vangloria de ser o maior entendedor de futebol e mecânica, tudo em meio a piadas machistas e homofóbicas. Então, quando Evaristo é alvo de tais agressões verbais, ele passa a persegui-lo e o tranca em um armário mágico. De lá sai Carlinhos, alter ego homossexual que assume o corpo de Carlão quando chega a noite.
FILMES COM TRANSEXUAIS
A seguir, confira os filmes da programação do Festival do Rio que abordam a transexualidade de seus personagens.
BREVE HISTÓRIA DO PLANETA VERDE
Vencedor do prêmio Teddy no Festival de Berlim 2019, esse filme com um personagem trans feminino traz uma jornada através de uma pequena cidade argentina. Pedro, Daniela e Tania vão revelar o que há dentro da maleta que carregam: um alienígena de cor roxa, do tamanho de uma criança. Os três amigos passaram os últimos dias seguindo um mapa deixado pela avó de Tania, que acabou de falecer. Seu último desejo era de que o alien voltasse ao lugar onde aparecera na Terra.
ALICE JÚNIOR
A saber, a obra de Gil Baroni é uma ficção brasileira sobre Alice Júnior, uma youtuber trans cercada de liberdades e mimos. Assim, depois de se mudar com o pai para uma pequena cidade onde a escola parece ter parado no tempo, a jovem precisa sobreviver ao ensino médio e ao preconceito para conquistar seu maior desejo: dar o primeiro beijo.
DOCUMENTÁRIOS
Por fim, confira os documentários LGBTQ+ da programação do Festival do Rio.
XY CHELSEA
Documentário realizado no Reino Unido e exibido no Tribeca Film Festival 2019. Depois de provocar o maior vazamento de informações secretas da história dos Estados Unidos – ao revelar 750 mil documentos para o Wikileaks, o ex-soldado – hoje uma mulher trans – Chelsea Manning, supostamente, passaria o resto da vida atrás das grades em uma prisão militar masculina. Então, em janeiro de 2017, o presidente Barack Obama comutou sua sentença, em ato controverso e sem precedentes. O filme acompanha sua jornada a partir daí: a luta por sobrevivência e dignidade, bem como a transição da condição de prisioneira à de uma mulher livre.
THE CAPOTE TAPES
Answered Prayers (Orações Respondidas) era para ser a maior obra-prima de Truman Capote, um retrato épico da reluzente alta-sociedade de Nova York. Contudo, foi o que provocou a sua derrocada. Através de material de arquivo de áudio inédito e entrevistas com amigos e inimigos de Capote, este documentário íntimo revela a ascensão e queda do escritor gay mais icônico da América. Exibido no Festival de Toronto 2019.
QUE OS OLHOS RUINS NÃO TE ENXERGUEM
Documentário brasileiro que se propõe a discutir a diversidade de gênero, classe e raça dentro da comunidade LGBTQ+ na cidade de São Paulo. Seus personagens percorrem a metrópole enquanto narram suas vidas, seus sonhos e afetos. A versatilidade de São Paulo em sua graça e desgraça é pano de fundo das lembranças e do dia a dia de pessoas que vivenciam o cenário periférico da cidade. A cada fala, muitos se reconhecerão e irão abraçar os momentos narrados como uma lembrança, enquanto outros poderão refletir sobre as responsabilidades na construção de nossa sociedade.
LEMEBEL, UM ARTISTA CONTRA A DITADURA CHILENA
Escritor, artista visual e pioneiro do movimento queer na América Latina, Pedro Lemebel abalou a sociedade conservadora do Chile durante a ditadura de Augusto Pinochet no final dos anos 1980. O corpo, o sangue e o fogo foram protagonistas de uma obra que, em seus últimos oito anos de vida, quis perpetuar em um filme que nunca chegou a ver. Uma jornada intima e poética por suas performances arriscadas que lidavam com homossexualidade e direitos humanos, o longa retrata o ápice de uma ardente imortalidade. Vencedor do Docs in Progress do Visions du Réel 2018 e exibido em Berlim 2019.
MADAME
O documentário brasileiro conta a história de Camille Cabral, mulher nordestina, trans, primeira brasileira eleita na França. Dessa forma, na defesa dos direitos humanos, ela dedica sua vida em favor das transexuais e profissionais do sexo. Do Nordeste à Europa, sua jornada traduz o mais humano dos pleitos: dignidade.
A ROSA AZUL DE NOVALIS
Por fim, chegamos ao documentário brasileiro dirigido por Gustavo Vinagre. A saber, o filme conta a história de Marcelo, que possui uma memória inigualável. Ele revive lembranças familiares em sua cabeça e tem recordações de suas vidas passadas. Em uma delas, foi Novalis, poeta alemão que perseguia uma rosa azul. Um longa que pode ser controverso para muitos, já que os diretores chamam a atenção para o ânus, tornando esse buraco, considerado obscuro, o ponto de partida para a compreensão do personagem, seus dilemas e suas buscas.