Desafios LGBTQIA+ no mercado de trabalho
Giselle Costa Rosa
As taxas de desemprego estão alarmantes. E nossa economia não dá sinais de melhora a curto e médio prazo. Com isso, milhares de pessoas estão frente à dificuldades de sustento das necessidades mais básicas do Ser Humano. E quando abordamos a situação das minorias, o resultado é ainda pior. Aqui falo da comunidade LGBTQIA+, das pessoas que sofrem diariamente preconceito, exclusão, violação de seus direitos, dificuldade de acesso à educação e ao mercado de trabalho.
LGBTQIA+ e o mercado de trabalho
Veja bem, não é segredo para ninguém que a inserção de LGBTQIA+ no mercado de trabalho passa, a princípio, por muitos percalços. A discriminação infelizmente é uma realidade notória e inegável. A exclusão que sofremos desde a infância muitas vezes nos impedem de traçar um caminho com uma educação de qualidade. O que atrapalha ter uma formação profissional e, por conseguinte, uma oportunidade de emprego formal.
Por outro lado, a discriminação é maior entre pessoas trans e gays ditos “afeminados”. Mesmo quando eles possuem qualificação, sofrem discriminação e são preteridos para vagas de emprego. A impossibilidade de ocultar a identidade de gênero ou orientação sexual acaba colocando-os numa posição desconfortável dentro da empresa. Muitos não suportam a pressão e desistem da vaga, quando as conseguem.
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Cultura Organizacional e o lucro advindo da diversidade
Entretanto, recentemente vemos companhias mais atentas à inclusão da diversidade em seu quadro de colaboradores. Essa postura é adotada não só por ser um tema importante socialmente, mas porque abraçar a diversidade gera retornos financeiros maiores também. De maneira que empresas preocupadas com a diversidade de gênero são 21% mais lucrativas, segundo uma pesquisa da consultoria Mckinsey.
Mas não basta estimular criação de processos contra a discriminação dentro das organizações. É essencial que ao ocorrerem casos que os mesmos sejam apurados. Isso significa que antes de tudo os executivos devem se comprometer verdadeiramente com a questão. Ou seja, eles devem se envolver em todas as etapas do processo.
Diversidade: abraçar ou apertar a mão?
Para muitas pessoas LGBTQIA+ até a utilização do banheiro é motivo para dificultar o seu bem-estar no emprego. Muitas empresas não têm sensibilidade. E, dessa maneira, não tratam o assunto com seriedade devida e acolhimento verdadeiro. A adoção de banheiros sem demarcação de gênero, poderia ser uma saída. Ou ainda a adoção de campanhas internas permanentes sobre o respeito à diversidade.
Por isso, muitos evitam expressar sua sexualidade e/ou identidade de gênero no trabalho, pois sentem que isso poderia impactar negativamente no seu bem estar e até mesmo em sua progressão de carreira. Sobretudo nas relações interpessoais dentro do ambiente corporativo. Afinal, segundo um levantamento feito pelo LinkedIn, cerca de 35% dos entrevistados já sofreram algum tipo de discriminação velada ou direta nas instituições que trabalham. O estudo revelou que piadas e comentários homofóbicos foram os mais citados entre as formas de discriminação.
LGBTQIA+ no trabalho e a homofobia
De acordo com pesquisa realizada pelo Center for Talent Innovation, 33% das empresas no Brasil não contratariam pessoas LGBTQIA+ para cargos de chefia. E 41% dos funcionários LGBTQIA+ afirmam nesse ínterim terem sofrido algum tipo de discriminação em razão da sua orientação sexual ou identidade de gênero no ambiente de trabalho.
Outrossim, muitas vezes, o comportamento inadequado de fazer a piada e brincadeira parte da própria liderança. Nesse sentido, é essencial que as empresas trabalhem enfaticamente uma cultura mais inclusiva, começando pela conscientização dos líderes e gestores.
A saber, outras práticas eficientes que devem ser adotadas são: treinamentos internos, participação em fóruns externos de inclusão e criação de grupos de afinidades formado por pessoas dispostas a se engajarem no tema. Mas não basta criar grupos de discussão internos e não praticar as ações no dia a dia. Ou ainda não apurar os casos de homofobia e não conscientizar os gestores do alto escalão.
O caminho é longo e exige adesão verdadeira
Em vista disso, ao adotar medidas de inclusão, deve existir uma mudança na cultura organizacional de fato. Pois, um engajamento fake é facilmente detectável não só pelos colaboradores internos, como também por empresas interessadas em fazer negócio. Conscientização é a chave que dá o start para mudança. Porém, as decisões e comportamentos diários, junto com a participação dos executivos do topo, são os fatores que irão realmente fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso dessa empreitada.
Podcasts sobre mercado de trabalho e diversidade
Por fim, indico três podcasts que abordam o tema. A saber, o primeiro é o do jornal Folha de São Paulo que discute aceitação de LGBTs no mercado de trabalho. O segundo é o Podcast Fábrica de Criativos. E o terceiro, DiversiTalk, fala de modo geral sobre mercado de trabalho, fazendo um recorte à luz da diversidade.