Quatro filmes e séries com a Rainha Elizabeth II

Foto: Netflix / Divulgação

Quatro filmes e séries que contaram um pouco da história da Rainha Elizabeth II

Vanderlei Tenório

A rainha Elizabeth II, a monarca mais antiga do Reino Unido, morreu em Balmoral aos 96 anos, depois de reinar por 70 anos. Sua família se reuniu em sua propriedade escocesa após as preocupações com sua saúde aumentaram na quinta-feira (1). A informação é da BBC.

Ao longo dos 70 anos de reinado, Elizabeth aconselhou 15 primeiros-ministros, reuniu-se com 13 presidentes dos EUA, conheceu mais de 7 papas, durante seu reinado o Brasil teve 19 presidentes e Portugal 10 presidentes, assistiu a quase 20 Olimpíadas, visitou 116 países e atuou como uma figura central inabalável enquanto o país enfrentava inúmeras crises.

Ela ainda presenciou fatos como: o nascimento e fim dos Beatles; a clonagem da ovelha Dolly; o genocídio de Ruanda; o fim do holocausto; Guerra do Golfo; a Guerra do Iraque; a Guerra do Afeganistão; a Guerra das Maldivas; a Reunificação da Alemanha; a assinatura do Tratado de paz entre Israel e JordâniaPortugal devolver Macau à China; fim da Guerra Civil de Moçambique; ações militares na Somália; o fim da União Soviética e da Iugoslávia; o começo e o fim da ditadura militar no Brasil; o fim do Salazarismo em Portugal; a Guerra do Vietnã; o fim do Apartheid; a queda do muro de Berlim; além de vários outros acontecimentos que estamos acostumados a ver em livros de história.

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Rainha mais longeva da história britânica

A rainha de 96 anos foi a monarca mais longeva da história britânica – um título que ocupa desde 2015. A recordista anterior, a Rainha Vitória – que morreu aos 81 anos – era monarca há quase 64 anos.

Com sua morte, seu filho mais velho, Charles, o ex-príncipe de Gales, liderará o país de luto como o novo rei e chefe de Estado de 14 reinos da Commonwealth.

Morte da rainha Elizabeth II

Em um comunicado, Sua Majestade o Rei disse:

“A morte de minha amada mãe, Sua Majestade a Rainha, é um momento de grande tristeza para mim e todos os membros da minha família. Lamentamos profundamente a morte de uma Soberana querida e uma Mãe muito amada. Eu sei que sua perda será profundamente sentida em todo o país, nos Reinos e na Comunidade, e por inúmeras pessoas ao redor do mundo.”

Charles disse ainda que, durante o período de luto e mudança, ele sua família seriam “confortados e sustentados por nosso conhecimento do respeito e profundo afeto em que a rainha era tão amplamente mantida”.

Nota do Palácio de Buckingham

Em nota, o Palácio de Buckingham disse: “A rainha morreu pacificamente em Balmoral esta tarde. O rei e a rainha consorte permanecerão em Balmoral esta noite e retornarão a Londres amanhã.”

Todos os filhos da rainha viajaram para Balmoral, perto de Aberdeen, depois que os médicos colocaram a rainha sob supervisão médica. Seu neto, o príncipe William, também está lá, com seu irmão, o príncipe Harry, a caminho.

No Palácio de Buckingham, em Londres, multidões que aguardavam atualizações sobre a condição da rainha começaram a chorar ao saber de sua morte. A bandeira da União no topo do palácio foi baixada a meio mastro às 18:30 BST, reporta a BBC.

Neste momento de tristeza, nós do ULTRAVERSO prestamos nossa homenagem. A seguir, confira quatro vezes que a rainha Elizabeth II foi retratada em filmes e séries. God save the Queen.

Rainha Elizabeth: filmes e séries

A Rainha (2007), de Stephen Frears

No intervalo de uma semana, entre o final de agosto e o começo de setembro de 1997, um mundo de mudanças se abateu sobre a realeza da Inglaterra. O que era secular se modernizou; o que era dogmático se flexibilizou; e o que era particular se tornou público. Depois daquela semana, em que morreu a ex-princesa Diana e Tony Blair (Michael Sheen) elegeu-se Primeiro-ministro, a Rainha Elizabeth II nunca mais foi a mesma.

O formidável A Rainha, de Stephen Frears, repassa a semana dia a dia. Começa com a eleição de Blair, representante do Partido Trabalhista, reerguido ao poder – depois de 18 anos de hegemonia do Partido Conservador – com discurso de reciclagem das relações de trabalho, incentivando o livre mercado sem deixar de lado a assistência social. É a famosa ‘Terceira Via” que fez de Blair um ‘superstar’ do neoliberalismo durante a segunda metade da década.

Justiça histórica

Vista publicamente desde 1997 como uma rancorosa opositora à imagem santa de Diana, Elizabeth II ganha no filme – e na figura estupenda da atriz Helen Mirren (indicada ao Oscar pelo papel) – um pouco de justiça histórica. Seu entendimento do que são os deveres e os limites de um soberano; bem como sua visão de mundo no que se refere a privacidade e símbolos públicos, são bem mostrados em A Rainha.

Por fim, o filme justamente indicado a seis Oscars, incluindo Melhor filme (Andy Harries, Christine Langan e Tracey Seaward); Roteiro Original (Peter Morgan – criador de The Crown); Diretor (Stephen Frears); Figurino (Consolata Boyle); e Trilha Sonora Original (Alexandre Desplat).

Onde assistir: Claro Now.

Spencer (2022), de Pablo Larraín

Spencer está longe de ser uma biografia como Jackie, trabalho anterior de Larraín que traz um recorte de eventos fartamente documentados, os dias de Jacqueline Kennedy imediatamente após o assassinato de seu marido, o presidente John Kennedy. Este novo trabalho é, em suma, a investigação de um mito, humanizando-o ao mesmo tempo em que se rende à mais pura fantasia.

O longa é estrelado por Kristen Stewart e Jack Farthing, ao lado de Timothy Spall (franquia Harry Potter); assim como Sean Harris (Missão Impossível); Sally Hawkins (A Forma da Água); e grande elenco.

Suspense e terror

O roteiro de Steven Knight concentra-se no fim de semana do Natal de 1991. É quando Diana já tomara a decisão de encerrar seu casamento com Charles. No entanto, ela precisa antes cumprir este último protocolo, encarar mais uma vez a indiferença de uma família que demonstra, com uma crueldade passivo agressiva sufocante, que ela nunca pertenceu àquele mundo.

Em Spencer, um dos diferenciais é o uso de elementos de suspense e até de terror para contar a história. O outro (e mais importante) é a incrível interpretação de Kristen Stewart como a Princesa de GalesSpencer pode causar estranheza para quem espera ver mais uma cinebiografia simples e burocrática como várias que são lançadas a cada ano, ou mesmo uma versão das séries como ‘The Crown’ (que a própria Kristen Stewart confessou ter visto para se preparar sua atuação) – mas irá agradar aos que buscam por algo mais original sobre uma personagem tão emblemática quanto Lady Diana Spencer.

No filme, a rainha é interpretada pela atriz Stella Gonet. Gonet dá um tom severo e austero a figura da rainha.

Onde assistir: Prime Video.

O Discurso do Rei (2010), de Tom Hooper

O Discurso do Rei é um filme que, em suma, retrata a trajetória do rei George VI, que se viu obrigado a assumir o trono inglês no início da segunda guerra mundial. Mas esse não era seu maior problema, nele vemos uma jovem Elizabeth tentando lidar com a transição de seu pai. Seu pai era portador de gagueira severa, fobia social e timidez — a ponto de não conseguir falar em público. Nada bom para um rei. Em outras palavras, o tema gagueira é destaque no longa-metragem, Tom Hooper traz à tona os desafios de quem tem este problema.

O esforço do Rei George VI em vencer a gagueira tinha por objetivo um pronunciamento na rádio BBC, informando aos súditos sobre o começo da Segunda Guerra Mundial e preparando a nação para tempos difíceis, já que são nesses momentos que os grandes líderes usam o carisma, a credibilidade, bem como a segurança para transmitir a realidade ao povo, mas sem deixar seus liderados sem esperança.

Ganhador do Oscar

Tom Hooper em sua direção fez questão de evidenciar o fardo que, a princípio, é se tornar rei. Ao contrário do que muitos pensavam, não existe glamour o suficiente que apague as responsabilidades de carregar uma nação nas costas.

A saber, Colin Firth, merecidamente levou o Oscar de Melhor Ator por seu papel como rei George VI, teve muito química ao contracenar com Geoffrey Rush, que dá a vida ao fonoaudiólogo Lionel Logue, e Helena Bonham Carter que interpreta Elizabeth, esposa do rei (é tão bom vê-la em um papel sóbrio e dramático), o desemprenho do trio é o trunfo do longa. Hooper conseguiu, assim, desenvolver bem a dinâmica do elenco e humanizar as figuras quase fabulares que compõe a nobreza, o clero e a plebe.

O Discurso do Rei ganhou sete prêmios BAFTA e quatro Oscars, sendo eles Melhor Filme (Iain CanningEmile Sherman Gareth Unwin); bem como Melhor Diretor (Tom Hooper); Melhor Ator (Colin Firth); e Melhor Roteiro Original (David Seidler).

No longa de Tom Hooper, a Rainha Elizabeth foi interpretada por Freya Wilson.

Onde assistir: HBO Max e Amazon Prime Video.

The Crown

A série analisa as nuances e camadas da trajetória de Elizabeth, antes mesmo de ser coroada rainha da Inglaterra. Ao longo de quatro temporadas, seguimos os principais acontecimentos de sua vida, a difícil relação com a irmã, a princesa Margaret, o casamento conturbado com Philip, Duque de Edimburgo e as polêmicas com a princesa Diana – que fazem parte do quinto ano da série, que estreia em novembro na Netflix.

Cronologicamente, Claire Foy interpretou a Elizabeth II nas 1ª e 2ª temporadas, seguida por Olivia Colman nas 3ª e 4ª. A primeira venceu o Globo de Ouro e o Emmy de Melhor Atriz em Série Dramática, respectivamente nos anos de 2017 e 2018. Colman também recebeu o Globo de Ouro de 2020 pela personagem.

Última versão da rainha

A última versão da monarca será de Imelda Staunton que destacou que o papel vem com mais complexidade, já que a nova temporada de ‘The Crown’ narra um período recente da história do país. Assim, a veterana, indicada ao Oscar em 2005 de Melhor Atriz por O Segredo de Vera Drake (2004), de Mike Leigh, se vê com um maior desafio que as antecessoras.

“Eu acho que meu tipo de desafio extra, como se eu precisasse, é que agora estou fazendo a rainha que estamos um pouco mais familiarizados. Com Claire Foy, foi quase história e agora estou interpretando uma em que as pessoas poderiam dizer ‘ela não faz isso’, ‘ela não é assim’, e essa é minha bête noire (aborrecimento) pessoal”, explicou ela.

Onde assistir: Netflix.

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Vanderlei Tenório

Vanderlei Tenório é colunista dos jornais Tribuna do Sertão e Gazeta Regional de Jaguariúna, dos portais 082 Notícias e JB Notícias, do Web Jornal O Estado RJ – OERJ, colaborador do portal Repórter Nordeste, da Revista Alagoana, do jornal Tribuna de Itapira e do site português Cinema7Arte, além de editor da página Cinema e Geografia. Siga o jornalista no perfil pessoal, como colunista e em Cinema e Geografia.
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