‘Redemption Reapers’ vai agradar os fãs de RPG estratégico
Felipe de Andrade
O estúdio Adglobe e a publicadora Binary Haze Interactive estão de volta em uma nova parceria após terem lançado Ender Lilies: Quietus of the Knights. Para quem não se lembra, trata-se de um RPG de ação com progressão em segunda pessoa lançado há dois anos.
Agora outro fruto da parceria surge com o desenvolvimento de outro RPG. Dessa vez, com visão isométrica e jogabilidade que faz uso de mais estratégias durante combates mortais com diversos inimigos no mesmo campo de batalha tridimensional. Estamos falando de Redemption Reapers, jogo que se passa em um mundo sombrio de fantasia medieval. Nele, muitas batalhas épicas entre a resistência da Brigada do Falcão Cinza e as incontáveis legiões dos Morts.
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Inspirações
Este jogo demonstra ter buscado inspirações em obras como Diablo, The Witcher, Final Fantasy e O Senhor dos Anéis. Seja pelo design dos ambientes e dos campos de batalha; o modo como a trama se desenrola; o visual dos Falcões Cinzas e o fato de serem párias pela sociedade; a caracterização e comportamento dos Morts, já que estes se parecem muito com os orcs e uruks saídos da literatura criada por Tolkien. Ademais, não podemos dizer que exista muita originalidade ou destaques aqui, já que suas mecânicas já fizeram parte de diversos outros jogos do gênero.
Com os Morts devastando diversos vilarejos e dizimando a humanidade pouco a pouco, um grupo de guerreiros experientes decide interferir nessa destruição mesmo que seja para ir em auxílio daqueles que os desprezavam. Assim tem início uma guerra pelo destino da humanidade. Além deste plot que resume bem às motivações que estão por trás da história relativamente simples do jogo e dos diálogos e animações da campanha, é possível entender boa parte dos acontecimentos do mundo do jogo através de relíquias ou arquivos encontrados durante a exploração dos campos de batalha.
O game
O jogo começa com apenas uma dupla de guerreiros para serem controlados de início, mas conforme vencemos algumas batalhas e avançamos na jornada novos personagens jogáveis entram para a equipe aumentando a força do grupo em si, além de trazer mais opções de táticas de ataque e defesa, a possibilidade de realizar mais combos e uma gama maior de habilidades únicas para serem usadas em combate.
Assim como acontece em diversos jogos do gênero podemos movimentar os personagens e realizar ações enquanto os pontos de ataque estiverem disponíveis para cada membro do time isoladamente. Dessa forma, após esgotar todos os pontos de ação de um guerreiro tomamos controle de outro integrante para realizar as ações com este, e assim por diante. Quando terminamos o nosso turno, passamos a vez para os inimigos realizarem suas ações, e na sequência o turno volta a ser nosso. O embate se desenrola dessa forma até que haja um lado vencedor.
Estratégia
Por mais que possa parecer simples, vencerá quem tiver as melhores estratégias no campo de batalha, e não aquele que derrotar mais inimigos do outro lado. Exemplo disso são as escolhas esporádicas a serem feitas antes de algumas batalhas. Existem possibilidades de escolha entre enfrentar todos os inimigos de um mapa ou atravessar direto para a saída, evitando confrontos desnecessários. Em outras ocasiões teremos as opções de enfrentar e matar todos os inimigos ou focar somente no comandante, fazendo seus subordinados debandarem, garantindo uma vitória com o mínimo de derramamento de sangue. Essas escolhas não alteram em praticamente nada a história, e me parecem estar presentes em uma tentativa pífia de garantir alguma variedade ao gameplay.
Durante os intervalos entre as batalhas o menu do comerciante fica disponível destravando uma série de opções conforme avançamos na história. Nele é possível comprar armas e itens em troca de ouro; vender itens, armas e acessórios que estão ocupando espaço no inventário; aprimorar armas com eficiência ao selecionar até 3 materiais ao mesmo tempo, lembrando que cada material possui mais afinidade com certos tipos de armas; e por fim, realizar consertos das armas restaurando a durabilidade perdidas durante os confrontos.
Menu de Intervalo
Ainda no menu de intervalo entre os capítulos, é possível realizar os preparativos antes da próxima investida na história ou enfrentar os morts repetindo o campo de batalha anterior atrás de itens perdidos, melhores resultados e mais pontos de experiência. É possível realizar treinamentos ao selecionar um personagem ou mais da equipe para gastar pontos de EXP compartilhados ganhos após cada batalha, para aumentar o nível das unidades do time. Em Habilidades conseguimos aprimorar as habilidades de cada integrante com pontos ganhos ao subir de nível. Em Equipar/Trocar definimos as armas que serão utilizadas na próxima batalha. Por fim, também é possível equipar acessórios e usar itens de melhoria para aperfeiçoar os atributos dos integrantes da equipe.
Tendo esses pontos em vista, pode até não parecer mas a preparação nos intervalos é quase tão importante quanto as táticas utilizadas para enfrentar as hordas inimigas, podendo fazer grande diferença entre garantir a vitória ou amargar uma derrota.
O clima
Redemption Reapers possui um clima e visuais bem característicos e transmitem uma vibe depressiva a todo momento. Seja pelas cenas de corte com os morts dizimando a população de algum local, ou pelo visual dark reservado a todos os personagens com suas vestes em tons de preto, marrom e cinza. Soma-se a isso o pessimismo e a falta de carisma da grande maioria deles e temos um punhado de personagens desperdiçados pela falta de conexão com o jogador um ponto final
Outros pontos precisavam de mais polimento em relação à parte visual do jogo como os rosto dos personagens não demonstrarem nenhuma mudança de expressão ou emoção, com alguns deles ficando vários minutos sem piscar nas animações do jogo; a sincronia labial que é bem pobre, quando existe; a grande maioria dos diálogos acontecem em telas com as fotos estáticas dos personagens estão conversando ao fundo, acabando com a imersão; animações de finalizações com a aproximação de câmera revelam erros inesperados da construção dos cenários.
De resto, os cenários são bem feitos e detalhados e todos os personagens possuem designs caprichados condizentes com o estilo de luta e personalidade de cada um. Uma olhada rápida para cada membro do time pode confundir o jogador pela inspiração visual vindo de franquias como The Witcher e Final Fantasy, como citado anteriormente.
A sonoridade
A parte sonora do jogo não possui nenhum grande destaque, apesar de possuir boas trilhas que conseguem conduzir batalhas de forma satisfatória. A dublagem consegue transparecer os sentimentos e intenções durante os diálogos, apesar de não existir dublagem no nosso idioma é possível perceber no tom das vozes. Felizmente todos os menus e diálogos possuem legendas em português, garantindo o acesso aos jogadores brasileiros mesmo que algumas falas estejam com a tradução incorreta.
Recentemente Redemption Reapers ganhou uma atualização para a nova geração, passando a funcionar de forma nativa no PlayStation 5. Junto com o pacote foi liberado o modo Nem Game+, onde é possível começar uma nova campanha com as armas e habilidades da jogatina anterior.
O jogo também ganhou opções gráficas para ser jogado em 4K a 60 fps, garantindo uma qualidade visual mais condizente com a nova geração.
Trailer – Redemption Reapers
Veredito
Apesar de não reinventar o estilo devido à falta de inovações, Redemption Reapers consegue entregar um título bem construído e que consegue agradar os fãs do estilo RPG estratégico com batalhas por turno.
Infelizmente a repetição e a pouca variação de habilidades roubam muito do já comprometido gameplay do título. Com sua jogabilidade tática consegue garantir diversão suficiente em batalhas que podem durar mais de 30 minutos facilmente. Então prepare-se, queime seu medo e sobreviva em meio às cinzas.
Prós
Universo bem construído
Baixa curva de aprendizado
Batalhas com muita estratégia
Contras
Animações datadas
História pouco inspirada Sem grandes novidades no gameplay