Resenha | Back2Black: Planet Hemp e Damian Marley agitam o primeiro dia do festival
Ana Carolina Jordão
Mesmo com nomes internacionais e artistas de sucesso no atual cenário musical, a atração da noite foi mesmo o Planet Hemp. A banda fez o show de abertura do festival Back2Black e revezou o palco principal com grandes artistas do reggae, na noite desta sexta-feira (20), na Cidade da Música no Rio. Quem também agitou a noite foi Damian Marley, filho do saudoso cantor de reggae Bob Marley, que mostrou que ainda mantém o legado do pai e faz jus ao sobrenome.
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Linton Kwesi Johnson, um senhor com jovialidade de 25, trouxe muita empolgação e ritmo durante a sua apresentação com a Dub Band, no Palco Rio. O músico e poeta demonstrou estar contente por estar em um festival de música negra e por valorizarem esse nicho no Brasil. Mostrou conhecer a nossa música ao dizer que tem “muito respeito por Gilberto Gil”, que poderia facilmente estar presente nesse festival e por ser um dos maiores representantes da música no país. Johnson enfrentou um dos maiores problemas cariocas: o trânsito. Por causa do horário do concerto, às 21h, e devido ao caótico engarrafamento na Barra da Tijuca, seu show estava longe de estar lotado, apesar do merecimento do artista.
Outro destaque foi o rapper Dughettu. O músico, que vem chamando atenção no cenário do rap mostrando muita consistência e qualidade musical. Seu maior sucesso “De Repente” fez o esquenta para a atração principal da noite. Já de madrugada, e com muito barulho e animação, o Planet Hemp entrou no palco ovacionado pelos presentes, que já lotavam o espaço à espera da banda, liderada por BNegão e Marcelo D2. Para entrar no clima, o grupo já começou com “Legalize Já” e, como não poderia ser diferente, os cigarrinhos proibidos e sua fumaça se juntaram ao cenário a pedidos pela legalização da maconha.
Mesmo com poucos shows desde o retorno em 2010, o Planet Hemp ainda tem uma forte base de fãs e arrasta um grande público onde vai. Parecia que o tempo havia parado na Cidade das Artes, e estávamos nos anos 90. A separação não atrapalhou e nada o entrosamento da banda que tocou ainda “Zero Vinte e Um”, ” Fazendo a Cabeça” e “Queimando Tudo”, arrancando gritos do público, que acompanhou a todo instante. Eles também prestaram homenagem ao ídolo Chico Science, de quem sempre se declaram fãs, tocando a música “Soul Makossa”, do músico junto com a Nação Zumbi, que foi responsável pela abertura dos shows de Damian Marley em São Paulo.
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No Palco Cidade, Karol Conká mostrou pro que vem e levou uma sonoridade muito fresca e original para o palco. Ela é o que estava faltando: uma representante forte do rap, com estilo, visual e personalidade que nao deixam nada a desejar a artistas internacionais É uma grande aposta a fenômeno musical. Anitta que se cuide, pois a mistura de Karol de rap com ritmos latinos e batidas bem originais conquistaram o público na Cidade da Música, e também vem conquistando o cenário musical. Não há dúvidas que carisma ela tem para dar e vender.
Quase às duas da manhã foi a vez de Damian Marley dar o ar da graça no festival, mandando ver com sua mistura de reggae com uma pegada rap. Ele foi acompanhado de uma banda com muita qualidade e melodia, que fazia menção a todo instante a Jamaica – um dos integrantes balançava freneticamente a bandeira do país.
Damian mostrou que, apesar de ter um sobrenome de peso, ele tem seu próprio estilo e sabe inovar, fazendo em reggae estiloso, mais tranquilo e de raiz ao misturado com o rap. Ele se mostrou muito animado, o que refletiu automaticamente na plateia, que foi embalada instantaneamente pelo músico com carisma de sobra. Como não podia faltar, e era esperdo, Damian trouxe suas origens de volta e mostrou que sua base e talento vem de ninguém menos que Bob Marley – ele tocou algumas canções de seu pai e levou o público junto no saudosismo, mostrando que ele pode ser um substituto à altura, mas ainda com algum caminho a trilhar.