RESENHA | Livro ‘Guerra Civil’ atinge com êxito sua missão
Marcelo Gonzaga
O romance Guerra Civil, da Marvel Comics, é atualmente um dos livros mais lidos e apreciados pelo grande público, fã dos grandes heróis do universo Marvel. Ele é, na verdade, uma obra adaptada dos quadrinhos com o mesmo título de autoria de Mark Millar e Steve McNiven.
A publicação de 2015 é escrita por Stuart Moore, premiado romancista norte-americano. Moore também é escritor e editor de livros e quadrinhos. Dentre suas obras estão os livros “American Meat” e “Reality Bites (Games Workshop)“ e de John Carter de “Movie Novelization” (Disney). No mundo dos quadrinhos ele publicou, recentemente, “Namor: The First Mutant” e “Wolverine Noir” (Marvel Comics).
Nesse romance, o autor busca abordar de forma inédita e inteligente uma temática nunca abordada antes no mundo das HQs, nos desenhos animados e nas séries televisivas pertencentes ao universo Marvel. Ou seja, num mundo repleto de “super seres”, meta humanos e mutantes, será que eles podem circular livremente na sociedade podendo colocar em risco a população civil ou se, em virtude, desses dons especiais eles deveriam ser controlados e registrados pelo Governo Americano para evitar catástrofes em geral. Portanto temos uma discussão política e ética balizando e medindo o poder de atuação dos super heróis e super vilões dentro da sociedade civil. Pois segundo Moore tais recursos aplicados de forma leviana e aleatória acarretaria estragos de proporções apocalípticas.
Outro ponto de grande relevância trabalhado em Guerra Civil é o fato de termos dois grandes super-heróis divididos por seus ideais e crenças pessoais e políticas. De um lado temos o Homem de Ferro que sede as pressões burocráticas e políticas de Washington D. C., em virtude do desastre ocorrido na cidade de Stamford. Onde um grupo de heróis adolescentes conhecidos como os Novos Guerreiros sob a liderança de Radical ao perseguir um grupo de super vilões são surpreendidos por Labareda. O mesmo provoca, com seus poderes, uma explosão de proporções apocalípticas. Resultando, assim, na morte não só do grupo de heróis, como também de um bairro inteiro com sua população local.
E do outro, o grande herói da 2ª Guerra Mundial, Capitão América que apesar dessa catástrofe questiona as medidas duras e restritivas impostas pela Casa Branca e pelo Congresso Nacional. Onde na concepção do super soldado fere diretamente a liberdade, o direito de ir e vir e principalmente a democracia americana.
Em função dessa dicotomia temos então a seguinte problemática: Onde está a razão as medidas duras do Governo americano ou o direito da liberdade de ação promovido pela democracia?
Será a partir desse questionamento que teremos uma aventura eletrizante e de proporções Homéricas para satisfazer esse grande conflito político, ético e diplomático. Outro ponto alto também trabalhado por Moore são as caracterizações e descrições psicológicas dos grandes super heróis como, por exemplo, da Mulher Invisível (Susan Richards) expondo o seu temperamento, virtudes. limitações e angústias.
Stuart Moore atingiu com êxito a missão que lhe foi confiada pela Marvel Comics. Guerra Civil merece a nota máxima com louvor.