REVIEW | ‘Fist of the North Star: Lost Paradise’ foi feito para fãs de Yakuza

Felipe de Andrade

Fist of the North Star: Lost Paradise foi lançado exclusivamente para PS4 e é o mais novo jogo da franquia de games baseados no clássico mangá Hokuto no Ken, publicado pela famosa revista Shonen Jump de 1983 até 1988. Lançado originalmente no Japão em 8 de Março com o nome Hokuto Ga Gotoku, e em 02 de Outubro no restante do mundo, o game foi desenvolvido dessa vez pelo Ryu Ga Gotoku Studios e publicado pela SEGA, as mesmas empresas envolvidas no desenvolvimento dos jogos da série Yakuza, que estão sendo lançados e relançados com pelo menos 1 jogo por ano, para o PS4 e PC.

Não por coincidência, o novo Fist segue os mesmos moldes de jogabilidade da franquia do nosso querido Kazuma Kiryu e suas indas e vindas com a máfia japonesa. Isso pode ser um ponto negativo, pois parece que falta originalidade ao título, o gameplay Lost Paradise é parecido demais com Yakuza e para piorar, ou melhorar, –  depende do ponto de vista – existe uma Skin em forma de DLC  na PSN que possibilita jogar com ninguém menos que Kazuma Kiryu durante todo o tempo.

Assim como no mangá, o personagem principal é ninguém menos que Kenshiro, que foi adotado pelo mestre do Hokuto Shinken. Kenshiro não é muito de conversa e pode acabar com seus inimigos com apenas um dedo sem fazer muito esforço. Arrisco dizer que ele está no mesmo patamar de personagens icônicos do mundo dos games como Kratos, Dante, Kazuma, Snake, Nathan Drake, Geralt, etc. Um cara que pode matar com um soco entra para essa lista fácil.

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Ambientado após uma guerra nuclear que se arrastou por todo o planeta, a Terra como conhecemos não existe mais, os mares secaram e tudo virou um deserto. Tudo não passa de um gigantesca terra devastada neste novo mundo pós-apocalíptico, com escassez de suprimentos de todos os tipos, onde comida, água e combustível podem valer mais do que uma vida. Sem o antigo sistema de governos, o que rege a ordem agora, na maioria das vezes, é a força bruta. Não só o status quo atual foi baseado no filme clássico Mad Max, como o visual das gangues e veículos também. Até o próprio Kenshiro foi inspirado no visual de Max.

O game segue os acontecimentos mangá, adaptando a história original para que possa casar com o conteúdo criado exclusivamente para o game, quase como um remake, expandindo assim a mitologia de Fist e prolongando a jornada de Kenshiro. O jogo começa com Kenshiro derrotando seu eterno rival e ex-amigo, Shin, mestre de um dos estilos da arte marcial concorrente, Nanto Sei Ken, em uma vingança pelo sequestro de sua noiva, Yuria, e pela derrota nas mãos de Shin. O mesmo causou as feridas que viraram as famosas cicatrizes no formato da Constelação de Ursa Maior que Kenshiro tem no peito na ocasião. Após ser derrotado pelo rival, Shin confessa que tudo o que ele fez foi para o bem de Yuria, para que ela tivesse a chance de viver da melhor maneira possível neste novo mundo. Mas que mesmo assim só havia espaço para uma pessoa em seu coração e era Kenshiro.

Após sua vingança aparentemente sem sentido, pois não conseguiu reencontrar sua noiva, Kenshiro passa a vagar sem destino pelo deserto, buscando pistas sobre o paradeiro dela após ouvir rumores de que alguém a salvou. Um dia ele encontra uma comunidade vivendo nos restos do que já foi uma cidade e sofrendo ameaças de uma gangue que está à procura de combustível. Após derrotar a gangue, Kenshiro desmaia por causa da desidratação. Quando acorda descobre que foi salvo por uma menina e seu avô, que lhe dá um pouco de água. Durante uma conversa com a dupla, Kenshiro descobre que um grupo de viajantes passou por ali, que estavam em busca da Cidade dos Milagres e que a líder do grupo se chamava Yuria. Mais do que depressa Kenshiro parte rumo à Eden, a Cidade dos Milagres, para tentar encontrar sua noiva. Ao chegar lá, ele descobre que sua jornada está apenas começando.

Com a jogabilidade exatamente igual a de Yakuza, temos que explorar a cidade em busca de missões principais e objetivos secundários. Encontramos pelo caminho pessoas para ajudar, gerando mais missões secundárias e combates repentinos, exagerados, com muito sangue e sem motivo, cenas cômicas que não combinam tanto com os personagens. Também como em Yakuza, temos os minigames, existe um cassino na cidade em que é possível apostar em roleta, black jack e outras atividades. Há também os minigames de bartender, em que devemos utilizar o estilo Hokuto Shinken para montar a bebida pedida com quick time events na tela. Além destes, temos baseball, com inimigos como bola e bastões gigantes e ainda as corridas que contam com uma física nada realista e parece que não faz muito sentido existir no jogo, mesmo com missões que só podem ser finalizadas estando motorizado. Mais uma coisa que vem dos outros jogos de “mundo aberto” da SEGA são os Arcades, aqui é possível jogar alguns jogos clássicos da produtora como Space Harrier, Out Run, Super Hang-on e aquela máquina de pegar bichinhos de pelúcia com ganchos. Ainda há a opção de jogar o Hokuto No Ken que saiu para Master System.

A parte mais interessante é o combate superexagerado. Quem acompanha a saga de Kazuma em Yakuza vai achar muita coisa dos combates da franquia de sucesso, mas Lost Paradise vai além disso, pelo menos no quesito força para o herói principal. Isso pode ser legal no começo, mas em pouco tempo se torna repetitivo demais, por mais que seja possível liberar novos golpes conforme passamos de nível, se torna chato fazer a mesma coisa toda hora. Sempre que uma gangue aparece do nada para iniciar um combate, também do nada aparece um monte de npc’s que nos cercam e transformam o cenário em um tipo de arena, também com em Yakuza. No entanto, a melhor parte dos combates com Kazuma não foi trazida para Lost Paradise, que é a interatividade com o cenário ao redor. Enquanto lá é possível se armar com bicicletas, placas, cones de trânsito, etc. Aqui… nada é “pegável” no cenário. Talvez porque um personagem que explode cabeças com golpes tanto ao estilo “Meteóro de Pégasu” quanto com um peteleco não precise de arma nenhuma para matar.

Os cenários foram construídos baseados nas páginas do mangá e no anime, apesar de pouco inspirados, remetem bem a obra original. Os personagens principais são muito mais detalhados que os npc’s que encontramos pelas fases e parecem ser ainda mais caprichados durante as cenas de corte. Podemos observar um estilo que parece ficar entre o realista e o desenho animado, dando um charme a mais para o título. Um ponto que poderia ser melhorado é a câmera que é horrível, se posiciona mal e só atrapalha durante as lutas. Outro ponto que poderia não ter sido trazido de Yakuza são os diálogos extensos e sem dublagem. Ler tantas conversas que não acrescentam em nada para a história é bem chato, apenas os diálogos principais são dublados, o restante dos personagens resmungam alguma palavra ou um barulho qualquer apenas para demonstrar seu estado de espírito durante a conversa.

VEREDITO

Para os fãs de Yakuza, é possível trocar o visual de Kenshiro pelo de Kazuma, o que casa com a voz do personagem principal dos dois games que é dublado pela mesma pessoa. Dessa forma, parece ainda mais que estamos jogando um Yakuza que se passa na terra de Mad Max.

Felipe de Andrade

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