REVIEW | ‘Life is Strange 2’ tem narrativa séria e profunda

Felipe de Andrade

Em 2015, a Square Enix, produtora de Final Fantasy e Tomb Raider, e a Dontnod do recente Vampyr e do razoável Remember Me, se uniram e lançaram Life is Strange, jogo que recebeu ótimas críticas e foi lançado em formato episódico, com cada episódio saindo de 2 em 2 meses e tendo um total de 5 episódios. O game contava a história de duas adolescentes amigas de infância, Max e Chloe, e seu cotidiano na escola, regado de muita exploração e viagens no tempo. Agora as duas empresas se juntam novamente para trazer a aguardada sequência deste ótimo jogo. O primeiro episódio de Life is Strange 2 foi lançado em 26 de setembro para computadores, PS4 e Xbox One. O game conta com uma gama completamente nova de personagens e não mais com apenas duas meninas, dessa vez ele traz a história de dois irmãos, Sean e Daniel, que moram com o pai e vivem uma vida tranquila numa cidade do interior.

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Logo no início vemos cenas normais do cotidiano de um policial americano através da lente da câmera de sua viatura, enquanto ele atende chamadas feitas pelo rádio. Era um dia trabalho tranquilo até que ele avista uma situação, para, pede reforços e sai correndo da viatura em direção a uma residência. Neste momento, conseguimos ouvir vozes dizendo que vai ficar tudo bem enquanto tenta acalmar alguém, ao mesmo tempo ocorre um disparo e uma explosão que o atira do outro lado da rua e ainda tem força o suficiente para fazer a viatura capotar. Logo em seguida, vemos outras viaturas chegando e policiais em estado de alerta, mas quando acontece um corte de câmera mostrando novamente cenas do cotidiano na cidade, a música que era tensa muda para uma com um tom bem descontraído, deixando o mistério do que aconteceu para nossa imaginação, até então.

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O jogo retorna com Sean conversando com sua amiga Lyla sobre ele convidar uma menina para ir a uma festa. E enquanto ele tem dúvidas sobre como deve fazer o convite, por ser tímido, Lyla acha que ele deve ser direto e dizer o que pensa, tomando o celular de sua mão e fazendo ela o convite. Após alguns instantes, eles recebem uma resposta positiva e Lyla diz que sabe bem o que está fazendo. Ao chegarem à casa de Sean, os dois sentam na varanda e Lyla puxa um maço de cigarros e oferece a Sean. Isso gera a primeira escolha que devemos fazer no game que segue este sistema de escolhas e efeito borboleta, gerando diferentes respostas e mudando a linha do tempo do game conforme avançamos na história.

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Após esse início, Sean deve se preparar para a festa e conseguir uma grana para bebidas e baseado (!), feito isso, ele liga para Lyla. A partir daí surge outro tipo de escolha a ser feita, essa sim com grandes desfechos que alteram o desenrolar da história. Na ocasião, Daniel, irmão mais novo de Sean, suja a camisa do vizinho, então temos que questionar o irmão ou confrontar o outro garoto. Opção que eu escolhi. Que resulta em uma briga entre os dois, e acaba com um acidente fatal, um tiro e uma explosão de poder, na mesma hora em que chega o policial mencionado anteriormente. Não vou continuar com os detalhes da história para não haver spoiler e estragar o gameplay de vocês. Essa situação gera uma mudança drástica e repentina na vida dos irmãos, que acabam fugindo da cidade quase sem dinheiro e só com as roupas do corpo e o que tinha na mochila de Sean.

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O jogo mostra novamente como uma vida normal pode mudar com a descoberta de algum poder escondido, principalmente sem o conhecimento e a prática para poder controlar o mesmo. Logo os irmãos se veem viajando dias seguidos por estradas e florestas a procura de abrigo e comida. Como os dois passam a se aventurar juntos, Daniel começa a se espelhar no irmão mais velho. E isso influencia como Daniel pode se desenvolver se baseando em nossas escolhas, já que Sean passa a ser um tipo de mentor para o irmão menor. Tudo o que fazemos fica como experiência para Daniel: roubar, pedir, pegar comida do lixo, caçar, tudo é válido, pois não há mais certo e errado como conceitos explícitos, já que agora se trata de sobrevivência da dupla em ambiente hostil.

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A história segue em ritmo lento e sem pressa. Todos os objetos com que podemos interagir ficam com o nome em destaque em cima do mesmo. Bastando chegar perto para que um pequeno menu apareça com opções de ações como olhar, pegar, trocar, ler, entre outras. Dependendo do objeto, caso tenha mais alguma utilidade para o decorrer da história, ele vai para a mochila e passa a ficar disponível no inventário. 

A jogabilidade é bem simples e fácil de se acostumar, o que é bom para mantermos o foco na narrativa. Utilizamos o analógico esquerdo para caminhar e o direito para mover a câmera. R2 serve para correr, Quadrado, círculo, triângulo e X para interagir com um objeto ou selecionar uma resposta durante os diálogos. Os digitais esquerdo e direito exibem ou ocultam o inventário. Basicamente esses são os comandos que precisamos durante a jogatina. Lembrando que o jogo foi testado em um PS4 Slim.

Um objeto de suma importância no game é a mochila, que basicamente serve pra guardar todo tipo de coisa e age como o inventário do game. Todos os itens que têm relativa importância no decorrer do jogo são guardados nela, como carteira, chaves, ferramentas, isqueiro, comida e água, todos trazendo uma frase ou bilhete com uma descrição de acordo com a opinião do Sean. Também é onde ficam o nosso celular e um diário, que tem função de nos situar com alguns acontecimentos dentro do círculo de amigos e do dia a dia de Sean.  E por último, mas não menos importante, é onde conseguimos conferir os objetivos a serem atingidos para dar sequência à história do game.

O estilo gráfico do game não é realista, no nível de Detroit Become Human, mais mesmo assim é muito eficaz e bem feito, tanto que esquecemos que não estamos jogando um jogo AAA. Com visual limpo e livre de serrilhados, iluminação perfeita e taxa de 60 fps com poucas quedas de quadros, o jogo é muito agradável de se ver.

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O gameplay não conta com dublagem no nosso idioma, o que é uma pena, mas o trabalho que foi feito com a localização das legendas para português, com gírias e expressões típicas daqui somado a ótimas atuações dos dubladores originais tornam o jogo mais prazeroso de jogar/assistir. Enquanto o som das vozes é muito bom, a sincronia labial dos personagens durante os diálogos merecia um pouco mais de capricho por parte da Dontnod para que fosse mais humana e menos robótica. Este é um problema que se arrasta desde o primeiro jogo. A trilha sonora de Life is Strange 2 também não fica para trás, contando com músicas licenciadas da melhor qualidade que casam perfeitamente com o jogo.

VEREDITO

Life is Strange 2 fala de vários temas atuais e reais logo no seu primeiro episódio, preconceito e violência são dois exemplos. Com estilo gráfico e história diferentes da primeira temporada, o game tem uma pegada mais séria e profunda que vai agradar até quem não é tão fã de videogames.

Felipe de Andrade

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