REVIEW | ‘Oninaki’
Felipe de Andrade
A Tokyo RPG Factory, subsidiária da gigante japonesa Square Enix, acabou de lançar para PS4, Nintendo Switch e PCs o terceiro jogo de RPG dessa parceria que gerou dois ótimos frutos como I am Setsuna (2016) e Lost Sphear (2017). O jogo da vez é “Oninaki”, um ótimo JRPG de ação que pode agradar a fãs do gênero, independente da preferência em RPGs japoneses ou americanos. Isso porque o estúdio conseguiu equilibrar bem o que há de bom nos dois mundos.
O JOGO
Há uma jogabilidade bem simples que, aliás, nos lembra bastante Diablo III para os consoles. Temos também um botão para ataque simples e outros para golpes especiais que liberamos nas árvores de habilidades de cada parceiro de luta. Em Oninaki, o personagem principal é Kagachi, um jovem que perdeu os pais no mesmo dia em que ouviu pela primeira vez de um Watcher (Vigia) sobre como as pessoas podem reencarnar. Porém, para isso acontecer, suas almas precisariam ir para o além em paz. Sem arrependimentos, assuntos mal resolvidos, aflição ou tristeza por parte de seus entes queridos.
Kagachi passou 20 anos sem entender muito bem o que aquelas palavras queriam dizer, até que ele mesmo passou a ser um Veil Watch (Vigia do Véu). Os Watchers são pessoas que ajudam as Lost Souls (Almas Perdidas) a fazerem a passagem para que possam voltar à vida através da reencarnação. São eles que mantem a ordem entre o Living World (Mundo dos Vivos) e o Beyond (Além, literalmente). Eles também podem viajar entre os dois mundos resgatando almas perdidas para que sigam seu caminho em direção a luz.
OS DAEMONS
Todo Watcher pode se conectar a um ou mais Daemon, que são almas perdidas de guerreiros do passado que não podem reencarnar. Eles são cruciais durante as batalhas, já que cada um deles garantem armas e habilidades diferentes para Kaguchi. Aisha é a primeira a aparecer desde a primeira luta, sua arma principal é a Katana – ou a clássica espada japonesa. Com golpes ágeis e não tão fortes, também libera a habilidade Dash que pode ser usada como esquiva. O segundo é o Zaav, que é especialista em combates com lanças, com golpes mais lentos e que acertam de uma distância maior, ele ainda destrava o pulo para desferir ataques aéreos.
Outros Daemons podem ser destravados durante a campanha, como a Izana, com suas foices e seus ataques com dano em área e Dia, com suas pistolas que acertam todos os inimigos no campo de batalha. É possível trocar de parceiro a qualquer momento, alterando as habilidades e os golpes especiais de Kaguchi de acordo com a necessidade. A jogabilidade é extremamente fácil e intuitiva, com um botão de ataque básico, alterando os golpes de acordo com a arma utilizada, e quatro para os ataques especiais que liberamos com cada Daemon.
COMBATES E NOVAS HABILIDADES
Os ataques básicos podem ser desferidos constantemente, já os especiais precisam “esfriar” por alguns segundos para ficarem disponíveis para uso. O combate acaba se tornando mais fácil conforme mais habilidades diferentes são equipadas a cada botão. Enquanto um ataque carrega, outros podem ser utilizados sem medo, pois não gastam energia, magia ou coisa do tipo.
Outra vantagem dos Daemons é que todos eles possuem o especial Manifest, que fica mais forte conforme a afinidade deles com Kaguchi aumenta. Esse especial fica disponível após encher um medidor até 100% (podendo chegar a 150%) conforme acertamos os inimigos. Ao ser acionado, ele garante uma melhoria temporária em todos os aspectos, como ataques mais fortes, aumento de defesa, velocidade, etc. Funcionando como o “ataque de fúria” presente em vários jogos de ação.
O VISUAL
O visual de Oninaki (os gráficos em si) são meio datados para os jogos de hoje. Entretanto, o estúdio soube usar muito bem os filtros, neblina, efeitos especiais e a iluminação. Isso faz com que o jogo fique bem bonito na tela. Sem contar que a câmera isométrica, parecida com a de Diablo III, também disfarça qualquer defeito. Como sabemos, ela fica tão perto dos personagens.
Oninaki conta com dublagem original em japonês e legendas em inglês. Isso pode dificultar o entendimento da história para quem não entende muito os dois idiomas. No entanto, nada que o uso de um tradutor on-line não resolva para quem fizer questão de entender a boa história. A maioria dos diálogos é escrita, deixando a dublagem reservada para cenas mais importantes ou impactantes.
A trilha sonora cumpre bem o seu papel com músicas orquestradas. As mais enérgicas aparecem durante os combates e mais brandas durante a exploração de cidades. A saber, durante as batalhas contra chefões e nas cenas de corte e animações, as músicas são mais caprichadas. Mas nada que fique na memória.
VEREDITO
Por fim, Oninaki tenta ser o mais abrangente possível ao tentar agradar gregos e troianos. Ou seja, se você curte jogos de ação ou RPGs clássicos, os dois podem gostar igualmente desse jogo. Bola fora da Square Enix pela falta de tradução para o nosso idioma. Afinal, isso ajudaria a todos a aproveitarem 100% o lançamento desse seu criativo enredo.