REVIEW | Mesmo com pouca inovação, ‘Shadow of the Tomb Raider’ não decepciona

Felipe de Andrade

Após os dois capítulos iniciais serem criados pela Crystal Dynamics, o estúdio auxilia a Eidos Montreal junto com a gigante dos games Square Enix – dona da franquia -, e lançam em 14 de setembro para PS4, Xbox One e PC a terceira e última parte da trilogia do reboot de Tomb Raider, iniciado em 2013. Em Shadow of the Tomb Raider, Lara não é mais a garota inocente que era mostrada nos primeiros jogos, com ela sempre reagindo às investidas da Trindade, agora Lara tenta estar um passo a frente da organização para impedir de vez que ela ponha em prática seus planos secretos para governar o mundo.

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“A Trindade é uma organização secreta antiga que existe desde antes de Cristo e é governada por um alto conselho. (…) Desde que descobri que eles mataram o meu pai, meu objetivo é ir atrás deles”. Uma frase da própria Lara que demonstra que a rixa dela com a organização é pessoal e que ela não vai descansar enquanto não conseguir impedi-los. A história do game toma um tom mais sombrio e mostra Lara em um momento decisivo, no qual ela precisa desbravar tumbas secretas, florestas cheias de perigos, túneis inundados e armadilhas mortais para se tornar a heroína que está destinada a ser.

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Como já é clássico da franquia, o novo Tomb Raider também começa com uma cena intensa de ação e perigo – no melhor estilo Uncharted, da Naughy Dog. Lara e seu fiel amigo Jonah estão dentro de um avião que está em queda livre e que simplesmente se parte em dois antes da queda, separando também a dupla. Jonah fica na traseira e Lara na cabine do avião, onde segura os controles para tentar evitar o pior, sem conseguir.

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Em seguida, o game volta dois dias no tempo para mostrar o que aconteceu com a dupla de exploradores antes de acabarem nesta situação. Lara está em uma ruína subterrânea de um templo perseguindo pistas sobre a Trindade, organização que está por traz dos acontecimentos de toda a trilogia. Após Jonah salvá-la da morte certa enquanto investigava um monumento em busca de mais pistas, a dupla segue para a cidade de Cozumel, no México, para saber mais sobre os planos da Trindade. Essa é só mais uma das muitas cidades que são visitadas durante a história.

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Créditos: Crystal Dynamics / Eidos / Square Enix

Lara se mistura com a multidão que está comemorando “Lo dia de Los Muertos”, com uma capa e uma máscara de caveira para poder seguir o seu alvo, o Dr. Pedro Dominguez, que pode ser o líder do alto conselho da Trindade, sem ser encontrada. Ele é um arqueólogo especialista em história Maia pré-colonial. Ao chegar até um canteiro de obras, Lara descobre que na realidade essa área esconde a entrada para uma tumba de origem Maia subterrânea. Após passar por várias situações de perigo, enfrentando vários soldados inimigos, de maneira furtiva ou atirando em tudo e todos, Lara encontra uma adaga mágica em uma pirâmide Maia subterrânea. Apesar do aviso de que aconteceria tsunamis, terremotos, erupções e tempestades, ela pega a adaga para frustrar os planos da Trindade, já que esse é um dos dois objetos sagrados que a organização está procurando. Por consequência,  dá início ao Apocalipse Maia sem saber.

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Na sequência, após matar alguns capangas, ela é surpreendida por Dominguez, líder da organização, e perde a adaga. Segundo a lenda, essa adaga pode abrir uma caixa prateada e a pessoa que possui esses objetos terá poder suficiente para recriar o mundo. Após uma cena em que Dominguez a culpa por trazer o fim do mundo e que ele é quem vai tentar impedir isso, todos são surpreendidos por uma enchente causada por uma onda gigante. Dominguez consegue fugir com um helicóptero, mas Lara é arrastada pela cidade destroçada pela força da água. Depois de muito esforço Lara consegue sair da água e, enquanto escala os prédios em busca de uma saída, ela vê que causou muita destruição e morte ao povo da cidade. Após encontrar com Jonah ajudando sobreviventes no topo de um prédio, Lara precisa frustrar os planos da Trindade e achar uma maneira de impedir o Apocalipse que ela deu início.

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Créditos: Crystal Dynamics / Eidos / Square Enix

A caça a colecionáveis retorna com força total, bom para quem gosta de tentar fazer 100% do game. Todos os itens de coleção encontrados nas fases geram uma pequena quantidade de pontos de XP. Toda fase tem uma quantidade variada de tesouros e de artefatos. Enquanto os tesouros apenas geram pontos de XP, os artefatos nos ajudam a entender melhor toda a trama. Seja por meio de fotos ou documentos sobre lugares e personagens, ou através de algum tipo de representações sobre a cultura local, que Lara precisa desvendar para que possa entender melhor a linguagem usada pelos antigos Maias. Também existem o desafio das fases, que nada mais é que acertar itens escondidos pelo cenário com uma flechada ou um tiro.

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Esses itens são bem escondidos e precisam de muita exploração para conseguir achar todos. Os Containers de recursos – como o nome já diz – nos garantem recursos para criação de munição e remédios, melhorar armas, restaurar roupas, coquetéis molotov e por aí vai. Bolsas de exploradores revelam a localização de baús e criptas, fazendo com que fiquem disponíveis depois que o mapa é atualizado com suas localizações. Com as receitas que podem ser encontradas pelas fases e os tipos de plantas certas conseguimos criar itens que ajudam Lara em sua jornada. Com as plantas de percepção, Lara pode sentir animais e recursos naturais pelo ambiente, com as de resistência e de concentração pode criar misturas herbáceas com seus efeitos respectivos.

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Sempre que acumulamos pontos de XP suficientes para aumentar o nível de Lara ganhamos 1 ponto de habilidades para ser gasto quando achamos um acampamento. Assim, é possível liberar novos recursos de acordo com a preferência de quem estiver jogando, personalizando o gameplay. Se existirem os recursos necessários, os equipamento também pode ser melhorados, como roupas, arcos e armas, nos permitindo acessar lugares antes impossíveis. O instinto de sobrevivência, que funciona exatamente igual ao olhar de detetive da série BATMAN Arkham, está de volta. Com ele é possível destacar na tela indicadores de objetivos, alvos, objetos importantes e muito mais, exatamente como o Homem Morcego faz na sua franquia. Podendo ser melhorado com upgrades, esta é a habilidade mais utilizada durante a jornada.

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Créditos: Crystal Dynamics / Eidos / Square Enix

Assim como nos jogos anteriores, Lara consegue escalar paredes ou saliências porosas de pedra sempre que precisar – ou que o game permita – para alcançar lugares mais altos dos cenários das fases. O sistema de camuflagem também ganhou um upgrade. Agora, além de se esconder em arbustos e nas sombras, também é possível se misturar com o cenário encostando-se a uma parede cheia de vegetação. Se cobrir de lama faz com que Lara suma da vista dos inimigos, mesmo estando bem na sua linha de visão. Esse sistema possibilita ataques furtivos silenciosos como um ninja, pois é possível ultrapassar os mapas sem que nenhum inimigo veja Lara do início ao final das fases.

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Os puzzles, que já fazem parte da franquia, voltaram mais bem elaborados que antes, nada a nível desesperador, mas é possível perder uns bons minutos tentando resolvê-los. Uma dica, seja observador e utilize o instinto de sobrevivência ao máximo, pois tudo o que é preciso para resolver os quebra-cabeças normalmente estão por perto. E por último e não menos importante, temos as famosas Tumbas que dão nome ao game, desbravá-las nem sempre é fácil, mas elas sempre nos garantem uma boa recompensa por conseguir entrar e sair com vida. Seja por novas habilidades destravadas que melhoram o gameplay ou por itens e recursos valiosos. Vale a pena conquistar todas as que aparecerem pela grande sensação de dever cumprido, até porque estaremos fazendo jus ao título da franquia.

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Créditos: Crystal Dynamics / Eidos / Square Enix

O nível de detalhes é altíssimo durante todo o game. É possível ver a garganta de Lara se mexer de maneira tão realista que percebemos quando ela respira mais ofegante depois de fazer muito esforço. O trabalho feito com a iluminação dinâmica é incrível, fazendo com que tudo fique mais bonito de se ver, pois consegue mostrar como luzes e sombras de verdade devem parecer. Não sei se é proposital, mas a paleta de cores do game tem um tom estranho. Isso faz com que o jogo pareça um pouco escuro até quando estamos em ambiente aberto ou mesmo debaixo de Sol. A trilha e os efeitos sonoros são perfeitos, com músicas mais tranquilas e minimalistas enquanto estamos em áreas de exploração. Já durante as cenas de ação, o som do game tem maior destaque, trazendo um ritmo frenético, remetendo realmente ao perigo. E isso vale principalmente para as cenas que dependem de quick-time events, já que qualquer erro pode causar a morte.

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VEREDITO

Mesmo parecendo uma segunda parte de Rise of the Tomb Raider, com bem pouca inovação na jogabilidade, o game não decepciona. Com ação e drama nas devidas proporções e cenas de tirar o fôlego, Shadow of the Tomb Raider fecha com chave de ouro a trilogia de reboot da heroína mais importante dos videogames.

Felipe de Andrade

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