REVIEW | ‘SOULCALIBUR VI’
Felipe de Andrade
Eis que finalmente a Bandai Namco trouxe para a atual geração de consoles a sequência de número 6 do seu aclamado jogo de luta de personagens com os mais diversos tipos de armas brancas, “SoulCalibur”. Série esta que é tão famosa quanto Tekken, que também tem uma enorme legião de fãs – inclusive este que vos fala! Ela está de volta com uma criativa história e seus ótimos combates. Se você é um jogador experiente da série ou um gamer casual, fique tranquilo, pois todas as lutas garantem um visual lindo, com cenários muito bem feitos e vários efeitos especiais de cada golpe que acertamos.
Desde a época de Soul Edge ou Soul Blade – primeiro jogo da franquia, no Japão e no ocidente respectivamente, assim SoulCalibur 1 é na verdade o segundo jogo e não o primeiro – a franquia buscava trazer um visual acima da média para os padrões da época. Essa característica se perdura até os dias de hoje, com o novo jogo trazendo gráficos da mais alta qualidade, personagens com um nível de design com muito capricho e ilustrações belíssimas no modo história. Sem contar a tonelada de fan service encontrado no título, com uma enciclopédia, por assim dizer, que possui uma galeria gigante sobre toda a série e o máximo de informação possível sobre tudo que existe no jogo, como histórias do personagens, armas disponíveis, um resumo sobre a origem de cada um, cenários, trilha sonora, etc.
Só que nem sempre quantidade quer dizer qualidade, dificilmente alguém vai perder horas para ler tudo o que está disponível sobre o universo de SoulCalibur. O tempo que o estúdio levou para preparar essa enciclopédia poderia ter sido usado para refinar um pouco mais o modo história, por exemplo. O mesmo conta com um roteiro bem fraco e todo por escrito, fazendo quem tiver a intenção de entender tanto a história base do jogo ou as histórias curtas de cada personagem ler as várias linhas de texto presentes entre uma luta e outra. Isso mesmo, o jogo não possui animações e nem todos os diálogos são dublados em inglês no modo história, passando longe da beleza que é o modo história dos recentes jogos da Netherhealm, Mortal Kombat X e Injustice 1 e 2, por exemplo. Até mesmo o mediano modo história de Street Fighter V faz bonito frente à SoulCalibur 6, a impressão que fica é que faltou investimento por parte do estúdio, ou que fizeram às pressas apenas para dizer que tem um modo história no jogo.
E para falar um pouco da história do jogo em si, ele é um reboot da história da série, se passa depois de Soul Edge e mostra o time dos personagens principais do game formado por Kilik, Maxi e Xianghua. Eles estão tentando encontrar e destruir a espada amaldiçoada Soul Edge que está infectando pessoas ao seu redor e transformando nos chamados malfestados, pessoas guiadas por puro ódio e destruição. Durante a jornada, Kilik descobre que possui um lado sombrio que se conecta à força da espada e deve tentar manter a sua sanidade enquanto leva um fim ao legado do mal da Soul Edge.
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Também existe um outro modo, o Libra das Almas, onde criamos um personagem que utilizamos para ser usado nessa outra história. Onde exploramos um mapa enorme enquanto visitamos cidades e suas lojas e lutamos contra inimigos genéricos criados pelo jogo e alguns personagens conhecidos. Toda batalha gera dinheiro para comprar armas, equipamentos e alimentos, e experiência para subimos de nível, melhorando nosso personagem gradativamente, como se fosse um RPG. Infelizmente esse modo falha pelo simples fato de não empolgar nem um pouco, principalmente por ter mais centenas de diálogos legendados que com o tempo pulamos sem dó já no automático.
O jogo também traz os modos Arcade, Versus, Treino e on-line. Destaque para o on-line que é onde as lutas de alto nível acontecem. E por último, o modo de Criação de Personagem, onde é possível criar um personagem original, escolhendo além das várias “raças” disponíveis, o sexo, sua aparência, vestimenta e suas armas e estilos de luta baseado em algum dos personagens do jogo. Aqui é possível criar lutadores baseados em Street Fighter, Kratos, o Máskara, heróis dos quadrinhos, personalidades, etc. Apesar de ter menos opções do que os jogos anteriores da série, ainda é possível criar muita coisa legal aqui.
SoulCalibur 6 é um dos jogos mais bonitos de se ver atualmente, os personagens não possuem defeitos, serrilhados ou coisa do tipo, todos são muito bem feitos e perfeitamente caracterizados. As personagens femininas são cheias de curvas que são uma marca conhecida da série de jogos de luta. Os cenários também são super bonitos, mas aparentam ter um tipo de filtro para esconder os defeitos que deixam o fundo meio borrado/embaçado.
A trilha sonora do jogo mantém o alto padrão da série, com músicas que garantem um clima épico para as batalhas num geral. A clássica voz do narrador também marca presença, assim como nos jogos anteriores. Os personagens também são muito bem dublados, mas em nosso idioma apenas as legendas mesmo – e são muitas – com uma localização decente para o português-BR.
O combate, que é o ponto forte do jogo, recebeu uma atualização com novas mecânicas de batalha e buscou trazer apenas os pontos fortes da franquia, como o bloqueio seguido do contra-ataque, uma técnica que precisa de muito treino para ser usada com eficácia. A barra de especial e o Super Ataque executado com um botão também estão de volta, podendo ser executado a qualquer momento durante um combo, definindo o ritmo da luta. Também está de volta o novo ataque Reversão Edge, em que é possível realizar um ataque especial mesmo enquanto apanhamos. Se for acertado, a luta entra em um tipo de disputa de sorte, em que os comandos dos dois lutadores competem para ver que encaixa o ataque certo, levando vantagem sobre o adversário, executando um ataque poderoso no oponente. E ainda manteve o 8 way run, que é a possibilidade de guiar o lutador para as oito direções possíveis, dando a chance de desviar de ataques apenas andando para os lados.
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A galeria de Personagens disponíveis remete ao primeiro SoulCalibur, trazendo várias figuras carimbadas da série como Mitsurugi, Ivy, Sophitia, Voldo, Siegfrid etc. Traz também novidades como Grøh, com sua lâmina dupla e Azwel, podendo utilizar os estilos de vários personagens do jogo. Como não poderia deixar de ser, temos um lutador convidado que é ninguém menos que Geralt de Rívia, o bruxo da franquia de sucesso The Witcher , da CD Projekt Red, seu estilo casa perfeitamente com o que é proposto nos combates do jogo, sendo um dos destaques entre a velha guarda.
Ainda falando sobre os personagens, agora vem um ponto negativo, SoulCalibur 6 conta com dlc de personagens caros, mostrando uma decisão tomada visivelmente apenas para tirar mais dinheiro dos fãs. A primeira lutadora disponível para compra foi Tira, a que usa a espada circular, personagem que sempre esteve incluída no jogo desde sua primeira aparição desde SoulCalibur 3. A segunda lutadora também é convidada, estamos falando da 2B de Nier: Automata. E seu pacote traz um cenário e música próprios. Mais personagens virão, mas pagar quase R$20,00 por cada um, ou quase R$100,00 no passe de temporada não vale a pena.
VEREDITO
A Bandai perdeu a oportunidade de fazer o jogo definitivo de SoulCalibur por falta de investimento ou de capricho. Com animações quase inexistentes, excesso de leitura e história fraca, o jogo só empolga e brilha na hora da luta. Até o modo de criação de personagens é inferior aos jogos anteriores da franquia. A produtora poderia tirar a campanha e lançar o jogo com preço reduzido que valeria bem mais a pena.