Review: South Park – The Stick of Truth

Rodrigo Amém

Depois de alguns atrasos e muitos anos, “The Stick of Truth” surge como o derradeiro game da série “South Park”, roteirizada, dirigida e produzida pelos criadores do desenho. Quem conhece South Park sabe o que esperar. Humor negro, politicamente incorreto, as vezes genial, as vezes juvenil, quase sempre hilário e absolutamente sem filtro. Não tem tema tabu. Não tem personalidade imune. E, para quem é fã, esse game é um prato cheio. A quantidade de referências e citações a episódios da série é inacreditável. Pra começo de conversa, esta é a primeira vez em que um mapa de South Park coloca as locações da cidade em perspectiva. É possível explorar as casas dos personagens favoritos, visitar o centro comercial da cidade, a escola, a igreja. Você pode abrir os armários dos personagens e encontrar objetos utilizados nos 17 anos de produção.

Mas que tipo de jogo é “The Stick of Truth”? É um RPG. Quero dizer, é uma sátira aos games de RPG. Você é um novo morador de South Park cujo objetivo é esquecer o passado misterioso e traumático e conquistar amigos para o seu Facebook (sim, seu personagem vai passar algum tempo no Facebook interno do game). Pra isso, você deve entrar na brincadeira dos meninos do bairro e embarcar numa aventura medieval de faz de conta. Nessa metalinguagem, você pode escolher sua categoria de personagem: Guerreiro, Mago, Ladrão ou… Judeu. Não que, além da piada, a escolha de uma classe de personagem tenha algum tipo de influência direta no rumo do seu personagem. Diferentemente dos demais RPGs, ser um Mago ou um Judeu aparentemente não parece fazer diferença. Taí uma frase que eu nunca pensei que escreveria.

Apesar de não ser o RPG mais complexo do mundo, “SOT” não parece particularmente preocupado com o jogador inexperiente no gênero. Para os que já se aventuraram em outros títulos, uma nova camada de humor se revela no tipo de gameplay característico do estilo. Seu personagem se aprimora, evolui, ganha poderes. O maior deles, numa sátira de Skyrim, é o peido. Juro.

stickoftruth_1920x1080

Um das minhas comédias favoritas é “Apertem os cintos: o piloto sumiu”. Mas eu me lembro que, nos meus tempos de infância, lá em Mato Grosso do Sul, eu tinha um vizinho que detestava esse filme. Não achava graça em nada. Só depois de velho eu entendi o porque de tanto mau humor. Criado em fazenda e sem qualquer contato com a cultura pop daquela época, meu amigo jamais tinha pisado num aeroporto, não conhecia os filmes “homenageados” na sátira daquela comédia, tampouco os procedimentos comuns de uma viagem aérea. Em outras palavras, ele não tinha qualquer referência que possibilitasse a apreciação daquela comédia. O game “South Park – The Stick of Truth” tem esse mesmo problema. Quem não conhecer as referências, vai boiar.

Leva de 15 a 20 horas para zerar “The Stick of Truth”. Para quem é fã de RPGs, é um passatempo despretensioso e engraçado. Dá pra gargalhar nos momentos mais inspirados. Para quem é fã de South Park, dificilmente chegaremos mais perto de visitar um parque temático da turma do Cartman. Aproveite! E pra quem é fã dos dois gêneros, a parada é obrigatória.

[embedvideo id=”7u3AyqgqbHw” website=”youtube”]

Rodrigo Amém

NAN