Ringo Starr não corre riscos em seu novo EP ‘Zoom In’
Fabricio Teixeira
Ser um ex-Beatle tem lá suas vantagens. Quando você apresenta um novo trabalho, por exemplo, o mundo da música para por completo só para escutar o que você tem a dizer dessa vez. Mas nem tudo são flores para os ex-garotos de Liverpool. Afinal, a cobrança, às vezes, pode ser maior do que o material que é entregue. Esse é o roteiro do EP Zoom In, o novo trabalho solo de Ringo Starr lançado nesta sexta-feira (19).
Depois de duas dezenas de trabalhos solo (em estúdio), Ringo não tenta surpreender o ouvinte. Nem se fazer entender como um grande cantor, ou mesmo como um hitmaker. Nas cinco faixas que compõem o EP, o artista não se compromete com ninguém, assim como transita descansado entre um rock ‘n’ roll sessentista e o pop dos anos 80.
-
De Beatles a Velvet Underground, Lucas Paiva lança single ‘Amanhã’
-
Do pop internacional à ginga brasileira, conheça o dançante Brunelli
Convidados ilustres
Ringo abre os trabalhos do novo EP com Here’s To The Nights, uma música que já havia sido divulgada há três meses no canal do cantor. Com direito a um videoclipe repleto de participações especiais. Além do ex-companheiro de banda, Paul McCartney, o clipe conta com o guitarrista Joe Walsh, bem como Corinne Bailey Rae, Eric Burton (Black Pumas), Sheryl Crow, Finneas O’Connell, Dave Grohl (Foo Fighters), Ben Harper, Lenny Kravitz, Jenny Lewis (Rilo Kiley), Steve Lukather (Toto), Chris Stapleton e Yola (Phanton Limb).
Mesmo com essas presenças de peso e um clipe no melhor estilo pandemia (cada qual em suas casas gravando sua parte), o clima “paz e amor” sugerido pelo arranjo – e em grande parte pela letra, torna difícil não enxergar a canção com um tema daqueles grandes eventos que congregavam artistas por uma causa nobre.
[youtube v=”S6oqrbFzLaU”]
Robby Krieger, o guitarrista do The Doors foi mais um convidado para o novo EP de Ringo Starr. dessa vez para a faixa Zoom In Zoom Out. Nos primeiros segundos da música, e com a presença da guitarra de Krieger, fica claro que essa é a canção mais rock ‘n’ roll do disco. A letra simples, cheia de frases de efeito e o refrão pegajoso fazem com que numa primeira audição você já esteja acompanhando Ringo nessa viagem aos anos 1960.
-
Aliás, vai comprar algo na Amazon? Então apoie o ULTRAVERSO comprando pelo nosso link: https://amzn.to/3mj4gJa
Novo EP de Ringo Starr é bom?
Teach me to Tango é uma mistura de sonoridades – que não inclui o tango citado no título – divertidíssima. Com cara de trilha sonora daqueles filmes de comédia com um pouco de aventura. Em Waiting for the Tide to Turn é quando ele mais sai do padrão e adiciona um arranjo com clara influência do reggae adicionado de sintetizadores. É diferente, é boa, mas não chega a ser ótima.
Not Enough Love in the World tem um arranjo grandioso, e que chama atenção pelas linhas de baixo e de sopro. Mas a letra é comum, e mesmo com a guitarra de Steve Lukather, ex-Toto, não convence como canção de encerramento. Mesmo com um desfecho onde o instrumental vai diminuindo ao passo que o vocal de Ringo e dos backing vocals vai subindo. Como uma simulação de um coral.
Se podemos dizer que faltou algo a mais no trabalho, podemos culpar nossas expectativas. Isso porque o artista em questão nunca fez nenhum movimento na carreira que apontasse para uma obra-prima. Por fim, Zoom In, novo EP de Ringo Starr, vence mais pelo carisma e pelas participações especiais de do que propriamente pelo disco. Se fosse o primeiro trabalho de um artista novo, não causaria tanto barulho. Mas estamos falando de um ex-Beatle. E ser um ex-Beatle tem lá suas vantagens.