‘Rogéria – Senhor Astolfo Barroso Pinto’ | CRÍTICA
Alvaro Tallarico
Rogéria – Senhor Astolfo Barroso Pinto é um documentário sobre essa figura ímpar. Nascido como Astolfo Barroso Pinto, a artista performática passou por muitos palcos ao redor do mundo, enfrentou preconceitos e o conservadorismo.
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A princípio, as primeiras cenas que chamam atenção são as imagens de um velho Rio de Janeiro usando o travelling (quando a câmera vai chegando próximo ou se afastando). Imagens de carnavais antigos trazem a nostalgia de um tempo que não vivi. O documentário de Pedro Gui resgata a vida, a história e as estórias de uma das maiores artistas travestis do Brasil. Além disso, Rogéria – Senhor Astolfo Pinto é um docudrama que intercala depoimentos de pessoas que conheceram e viveram com a artista com composições teatrais utilizando atores que lhe dão vida em fases distintas.
Além disso, há depoimentos de Aguinaldo Silva, Betty Faria, e destacam-se os de Bibi Ferreira. Enquanto isso, as partes encenadas dão um toque diferenciado ao longa-metragem, especialmente a sequência sobre o acidente, teatralmente cinematográfica e simbólica, onde um espelho quebrado é muito mais do que parece.
A maior estrela do transformismo nacional
A ditadura está presente, a realidade da década 60 era opressora, enquanto Astolfo era um transgressor, muito “macho” e corajoso, e foi até preso. Os closes em maquiagens e as habilidades de Rogéria como maquiadora antes de alcançar a fama estão lá. “Só maquio grandes estrelas”, chegou a dizer. Assim como deixava claro que a maior escola do artista é a coxia do teatro, os bastidores. Aos poucos, acompanhamos como Rogéria tornou-se a maior estrela do transformismo nacional e suas passagens por outros países, como a França.
Aliás, a admiração por Marilyn Monroe, aquela feminilidade que Rogéria admirava a ponto de virar uma loira fatal, estão presentes. Assim como o equilíbrio entre Astolfo e Rogéria, o qual a própria procura deixar claro. Inclusive, a voracidade sexual inusitada não é escondida.
Afinal, conhecemos mais sobre o travesti da família brasileira (como citado no documentário), querido por muitos. Rogéria – Senhor Astolfo Barroso Pinto não levantava bandeiras, era a bandeira.
::: TRAILER
::: FICHA TÉCNICA
Título original: Rogéria – Senhor Astolfo Barroso Pinto
Direção: Pedro Gui
Distribuição: Pagu Pictures
Data de estreia: 31/10/19
País: Brasil
Gênero: Documentário
Ano de produção: 2018
Duração: 1h22min
Classificação: 12 anos